Às vezes redescubro Ziraldo.
Uma das cenas de um grande filme da minha infância, “O Menino Maluquinho” – devo ter visto mais de 50 vezes (tinha o VHS), narra:
“Ah… que grande mistério o jeito que o menino tem de brincar com o tempo.
Sempre sobra tempo pra tudo!
Tempo? Que amigão! Seu ponteirinho das horas, vai ver é um ponteirão!
O tempo pra ele faz horas, horas a mais!”
Estava refletindo profundamente sobre isso.
-Na infância o tempo “se estica”, se adapta à criança para junto brincar. Tudo é brincadeira! E brincadeira não tem hora. Esse existir e essa presença relâmpago são minutos que viram horas…
-Quando nos tornamos adultos, o tempo nos deixa para trás! Ou será que nós que o deixamos? Abarrotados por compromissos, tarefas, deadlines… O tempo “aprisiona” o adulto, como cantava Nana Caymmi.
Percebi que a única forma de novamente vivermos esse tempo “amigão”, o tempo que se estica, é nos deixarmos levar pelas brincadeiras das crianças – esquecendo a seriedade que a vida nos exige, e “conduzir meu coração, onde os ventos vão” como cantava o Boca Livre.
Quem sabe este afinal seja o Kayros, tempo oportuno, na prática: não ligar para o tempo.
E nos dá o ponto final, Rubem Alves: “As crianças estão sempre a nascer para a eterna novidade do mundo”.
Até!