O tempo que faz horas a mais

Às vezes redescubro Ziraldo.

Uma das cenas de um grande filme da minha infância, “O Menino Maluquinho” – devo ter visto mais de 50 vezes (tinha o VHS), narra:

“Ah… que grande mistério o jeito que o menino tem de brincar com o tempo.

Sempre sobra tempo pra tudo!

Tempo? Que amigão! Seu ponteirinho das horas, vai ver é um ponteirão!

O tempo pra ele faz horas, horas a mais!”

Estava refletindo profundamente sobre isso.

-Na infância o tempo “se estica”, se adapta à criança para junto brincar. Tudo é brincadeira! E brincadeira não tem hora. Esse existir e essa presença relâmpago são minutos que viram horas…

-Quando nos tornamos adultos, o tempo nos deixa para trás! Ou será que nós que o deixamos? Abarrotados por compromissos, tarefas, deadlines… O tempo “aprisiona” o adulto, como cantava Nana Caymmi.

Percebi que a única forma de novamente vivermos esse tempo “amigão”, o tempo que se estica, é nos deixarmos levar pelas brincadeiras das crianças – esquecendo a seriedade que a vida nos exige, e “conduzir meu coração, onde os ventos vão” como cantava o Boca Livre.

Quem sabe este afinal seja o Kayros, tempo oportuno, na prática: não ligar para o tempo.

E nos dá o ponto final, Rubem Alves: “As crianças estão sempre a nascer para a eterna novidade do mundo”.

Até!

Sobre ficar alheio as coisas (2)

Tempos atrás escrevi “Sobre ficar alheio as coisas”.

No post, defendi sobre: “[…] não ser uma pessoa culpada por estar alheia a alguns elementos, mesmo que são/foram importantes pra você.”

Li uma excelente carta atribuída a Donald Knuth, escrito nos anos 2000 e aqui retomo o assunto.

O autor, professor de Ciência de Dados em Stanford, basicamente escreveu sobre o orgulho que tinha por não ter um endereço de e-mail desde 1990, e como estar alheio a isto o permite trabalhar. Um trecho interessante:

“E-mail é uma coisa maravilhosa para pessoas que querem estar super por dentro das coisas. Mas não para mim. Minha função no mundo é estar por fora das coisas”.

Adaptado a nossa época, acho que aqui entrariam as próprias redes sociais como escrevi no meu próprio post anterior. Ficar alheio é ótimo!

Segue a carta de Knuth na íntegra (em inglês):

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Ensaio sobre desprezo

Estava lendo o Evangelho segundo São Marcos e me deparei com versos interessantes:

“E ficaram perplexos a seu respeito.

Mas Jesus disse-lhes: “Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa”.

Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.

Admirava-se ele da desconfiança deles. E, ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas.”

Esse é o maior ensaio sobre desprezo que conheço. Como puderam desprezar Jesus?

Um grande profeta para o mundo, para outras pessoas, para outras pátrias – e dentro de seu próprio mundo, sua aldeia, sua família, seu círculo de amigos, desprezado.

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A saúde carrega o resto

Tim Ferriss uma vez escreveu que costumava anotar todas as alimentações feitas e exercícios de sua vida em um diário.

Se ele via uma foto dele mesmo em agosto de 2007, visitava o que aconteceu nas 8 semanas anteriores, e conseguia armar um plano para voltar a ter o mesmo aspecto dessa época (tirando o cabelo, segundo ele).

Bem, não estou fazendo exatamente isso, mas estou sim me organizando melhor!

Quem me conhece além deste humilde Blog, sabe que tive problemas de saúde que me impossibilitaram de levar uma vida minimamente saudável por cerca de meio ano.

Hoje, cerca de 1 ano depois após o início desses problemas, posso dizer que graças a Deus levo uma vida minimamente saudável. E percebi uma coisa: a saúde carrega o resto.

Uma vida saudável:

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