Quando fiquei apaixonado pela história de Alexander Supertramp, que originou o livro “Into the Wild” de Jon Krakauer e posteriormente deu inspiração ao conhecido filme “Na Natureza Selvagem” (em português), do diretor Sean Penn, logo fui atrás dos livros que Supertramp lia.
Aí descobri Jack London.
London é um daqueles autores épicos, que indiretamente, nos traz aspectos de uma vida que vale a pena ser vivida; de não se conformar com o que sempre foi pensado ou feito; de ir além – ou seja, um livro que inspira.
“O Grito da Selva” é um livro de 1903 que conta a história de Buck, um cachorro que sai do conforto familiar da cidade e é roubado, acabando por viver diretamente em contato com a natureza, dentre diversas aventuras – mas, como tudo em Jack London, possui uma “mensagem” no fundo.
Eis, para mim, as melhores frases deste livro – por coincidência, todas na parte final do mesmo. Viva Jack London!
-Buck percebia que já fizera aquilo em outros tempos, no mundo cujas lembranças ainda sobreviviam dentro dele – e agora gozava-se de estar de novo repetindo a mesma vida, correndo livre sobre uma terra sem gelo, com o largo céu azul por cima da cabeça
-O cão de nenhum modo marchava na maneira usual dos cães. Tornara-se parte integrante da floresta e deslizava com pés de gato, verdadeira sombra a esgueirar-se entre sombras. Sabia tirar vantagem de cada acidente do terreno, agachar-se, escorregar como cobra e súbito arremessar-se de salto para ferir como o raio
-Mas há a paciência da floresta – a paciência infinita que leva a aranha a passar horas e horas imobilizada na teia, que petrifica a serpente nas suas roscas ou a pantera na emboscada. A paciência da vida que vive na vida
-À medida que trotava, mais e mais consciente ia se tornando da mudança operada nas coisas. A vida ao seu redor se afigurava diferente da vida levada até dias antes. O porquê não sabia, nem sabia que sentido em seu corpo lhe estava dando esta impressão
-Um lobo de maravilhosa pelagem que não se assemelha ao comum dos lobos. Costuma cruzar sozinho a floresta engalanada pela estação calmosa para vir sentar-se numa certa clareira, ali onde uma aguazinha deflui por entre os ossos duma carcaça de alce, ja semi-oculta pela vegetação. O enorme lobo estaciona, naquele ponto por algum tempo, uiva um uivo longo de saudade e depois se afasta