Este livro é essencial para quem quer realmente aprender sobre o mercado de Private Equity e Venture Capital. Devia ser uma premissa para todos os empreendedores e founders que desejam captar investimento.
Interessantíssimo conhecer um pouco mais da história de investimentos ilíquidos no Brasil e como estamos apenas no começo de uma história de longo prazo.
Vamos às melhores frases:
- A leitura deste livro teria poupado muitas dores de crescimento e aprendizado , e , por que não dizer , tantas dores de cabeça aos gestores dos principais fundos de pensão brasileiros no esteio do Programa Nacional de Desestatização ( PND ) no final dos anos 90 .
- Governança Corporativa , tema que apenas se tornou mais relevante para o grande público após os escândalos corporativos que acabaram por impulsionar a criação do Novo Mercado da Bovespa — atual B3 .
- De fato , só na liquidação o investidor terá a visão concreta do valor real dos ativos e , portanto , saberá o desempenho dos fundos . Quando falamos de valuation , é premissa base nas metodologias de cálculo a continuidade e perpetuação do negócio
- A economia brasileira é dominada por pequenas e médias empresas que conseguiram sobreviver e se desenvolver num ambiente turbulento , mas enfrentam restrição a financiamentos de longo prazo para investir em novas tecnologias e aproveitar oportunidade de crescimento , além de serem carentes de processos e governança que permitam manter a qualidade para crescer de maneira sustentável . Além disso , a transformação digital coloca em xeque modelos de negócios tradicionais .
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- Investimentos em PE e VC são investimentos ilíquidos , pois implicam alocar recursos principalmente em empresas fechadas , que não têm ações negociadas no mercado . São considerados ativos alternativos , pois ao alocar capital nessa classe o investidor corre o risco de liquidez e há menor transparência no investimento do que alternativas líquidas , uma vez que se observa o retorno gerado pelo fundo apenas na venda de seus investimentos e o gestor do fundo sabe muito mais sobre a carteira do que o cotista .
- Os fundos de PE são investidores ativos através de seus gestores , que desenvolvem teses de criação de valor antes de realizar a aquisição e , através da participação no conselho de administração , têm capacidade de interferir na gestão da empresa , auxiliando na implementação da tese de criação de valor . Durante o período em que permanecem como acionistas das empresas , os fundos implementam bons modelos de governança corporativa , processos gerenciais , planos de incentivos , trazem bons profissionais tanto para a gestão como para o conselho , aumentam a eficiência operacional e fazem com que a empresa cresça de maneira sustentável . Quando o fundo vende a posição , captura o aumento de valor da empresa criado pelas melhorias implementadas e gera alto retorno para seus cotistas .
A classe de ativos private equity engloba uma diversidade grande de estratégias de investimento , cada uma delas exigindo expertise diferente dos gestores . As principais estratégias são :
- • Venture Capital : adquirem participação acionária minoritária de empresas em estágio inicial , em que o modelo de negócio não está consolidado , onde é grande risco de falência , porém há uma grande oportunidade para escalar as vendas de forma agressiva . Para fundos de VC é importante a diversificação . Tradicionalmente , em dez investimentos que fazem , cerca de quatro resultarão em perda total e outros quatro alguma perda ou retorno medíocre , mas dois terão grande sucesso , compensando as perdas e gerando um retorno alto para a carteira toda ;
- • Private Equity : adquirem participação acionária de empresas com negócios consolidados , mas com oportunidades de crescimento orgânico ou via consolidação . O risco é muito menor do que em VC , mas a capacidade de escalar também é bem menor . Por isso esses gestores buscam acertar em todos os investimentos . Fundos de PE podem tanto operar no modelo growth capital , em que adquirem participação minoritária e mantém o time de gestão pré – aquisição , auxiliando – o no crescimento da empresa ou no modelo buyout , em que adquirem o controle acionário , trocam o time de gestão e impõem se modelo de negócio ;
- • Turnaround e special situations : focados em adquirir empresas que estão em situação de dificuldade financeira . Esses fundos implementam o turnaround da gestão , negociam dívida com os credores e transformam a empresa em saudável ;
- • Dívida : captam dinheiro para investir dívida ao invés de equity nas empresas investidas , muitas vezes na modalidade de capital dito “ mezanino ” , que é uma dívida júnior em relação à dívida tradicional , mas sênior em relação ao equity
Em teoria de finanças , os projetos com os maiores retornos estão associados aos maiores riscos .
- Entretanto as limitações na análise de dados quantitativos como média – variância dos retornos , explicam a inclusão das informações qualitativas em suas análises . Por exemplo , a preferência de um investidor não ultrapassar determinado percentual numa classe , de forma a garantir que nenhuma classe domine seu portfólio .
- Costuma se dizer que “ pessoas boas podem superar maus contratos , mas contratos bons não podem superar pessoas más ” .
- A dispersão de retorno entre fundos é grande . Somente gestores habilidosos conseguem explorar as ineficiências e gerar retornos altos .
- • Múltiplas opções de saída : Os fundos de Private Equity podem “ desinvestir ” ou “ sair ” de seus investimentos ( isto é , monetizá – los ou liquidá – los ) de diversas maneiras . Os métodos mais comuns incluem aberturas de capital , vendas para investidores estratégicos ( por exemplo , empresas do mesmo setor ) , vendas para investidores financeiros ( por exemplo , outro fundo de Private Equity ) ou recapitalização via dividendos ( retorno de capital para o investidor de Private Equity por meio do pagamento de dividendos , possivelmente aumentando o endividamento
Em contrapartida , os investidores em ações de empresas abertas normalmente contam com apenas uma opção para realizar seus desinvestimentos : a venda a preço de mercado
- A evolução do processo organizacional desses seres em sociedade determinou maior sofisticação de normas de convívio , com enforcement delegado pelo próprio grupo . A partir da aceitação dessa “ premissa ” , diversas regras cogentes passaram a surgir nas sociedades dos sapiens , muitas das quais fundadas em ficções . 1 No âmbito do Direito , elas são tecnicamente denominadas de “ ficções jurídicas ” . Para não irmos muito longe , o fundo de investimento é uma ficção jurídica típica , pois se “ materializa ” em papéis registrados numa repartição estatal . Tais papéis , contudo , podem receber valores , contratar empresas , adquirir propriedades e pagar amortizações , dentre outras tarefas nada ficcionais .
- A organização jurídica é muito útil , mas deve ter os seus limites , pois são comandos de caráter geral , que podem não ser adequados para situações específicas de interesses menos generalistas . O dilema entre normatizar mais ou normatizar menos é muito presente no mercado de capitais . A crise de 2008 — para citar um caso — poderia ter sido evitada com uma maior regulação dos mercados de capitais ? Ou teria ocorrido de qualquer forma ? No Brasil , temos uma tendência à hipertrofia normativa — veja – se , por exemplo , a dimensão da Constituição Federal de 1988 . Entre nós , há uma crença equivocada de que as regras normativas serão capazes de resolver todos os nossos problemas . A Constituição continua longa e , mais de trinta anos depois , o nosso rol de problemas continua , igualmente , longo .
- Os investimentos em Private Equity e Venture Capital ( PE e VC ) devem ser experimentados num ambiente de normatização limitada e de grande capacidade das partes decidirem o nível de risco que pretendem tomar e a forma como a gestão desse risco vai ocorrer . “ Liberdade , liberdade ” 2 é o que precisamos para que essa forma de investimento possa ser capaz de dar suporte à grande capacidade criativa e empreendedora dos brasileiros .
- Exercendo o seu poder regulador , a CVM editou a Instrução nº 209 , de 1994 , a qual instituiu os fundos mútuos de investimento em empresas emergentes ( FIMEE ) , fundos estes voltados à aplicação na modalidade venture capital , com prazo de duração limitado a dez anos e aplicação em companhias que apresentavam faturamento líquido anual de até R $ 150 milhões . Todavia foi com a Instrução CVM nº 391 , de 2003 , que se introduziu os fundos de investimento em participações ( FIP ) no mercado brasileiro .
- Mais recentemente , foi editada a Lei de Liberdade Econômica ( Lei nº 13.874 , de 20.09.2019 ) , que é um marco importante para a nossa indústria de fundos de investimento .
- as limited partnerships são entidades sem personalidade jurídica e consideradas de passagem ( passthrough entities ) . O general partner20 é o responsável pela gestão , cabendo a este todas as decisões de investimento e desinvestimento , bem como a operação diária do fundo .
- autorregulação , i.e . , uma regulação voluntária , privada e extraestatal , na qual os agentes do mercado , em conjunto , formulam normas de conduta mais detalhadas a partir da livre iniciativa dos seus membros . 31 É um espaço de liberdade dos privados em contraponto às limitações estatais . Por essa razão , a autorregulação é um ambiente de organização eficaz e flexível , uma vez que a elaboração de suas regras conta com a expertise de seus membros e podem ser revistas e incrementadas de acordo com a necessidade do mercado .
- normas legais não são capazes de resolver todos os nossos desafios e proporcionar a plenitude colaborativa . Existem ambientes em que se faz necessária uma maior intervenção estatal e outros nos quais a melhor resultante virá da interação e de ajustes entre privados , dentro de uma moldura jurídica mais generalista .
Parte II
- Até muito pouco tempo atrás , se falava em empresas da “ velha ” e da “ nova ” economia . Para investidores de empresas listadas em bolsa , isso era quase uma desculpa para não se preocupar em entender de tecnologia . Isso acabou . Hoje , todas as empresas estão buscando abraçar a tecnologia para atender melhor e atrair os clientes e buscar eficiência e velocidade nas suas estratégias de construção de valor . Algumas nascem assim — os insurgentes . Outros correm atrás dela — os incumbentes . Restam aos investidores entenderem os fundamentos dessa batalha para poderem se posicionar nesse tabuleiro .
- Os insurgentes ganham pelos três fatores a seguir :
- I . A velocidade : Os hunos derrubaram o Império Romano através de ataques relâmpagos , enfatizando a mobilidade e a surpresa , com base na velocidade e na sua capacidade de execução . Velocidade é o principal fator de sucesso dos insurgentes , seja para atacar os incumbentes ou para construir barreiras em novos mercados . Com isso , a arte e ciência do crescimento acelerado vêm sendo cada vez mais estudadas e dominadas pelos empreendedores de startups . O ambiente de negócios e a cadeia produtiva passam por ciclos de transformação tecnológica decenais que habilitam o surgimento e a construção de negócios de alta velocidade de insurgentes . Nos últimos anos , por exemplo , vimos o aumento exponencial da capacidade de transmissão de dados , armazenamento e miniaturização , conceitos da Lei de Moore . 2 As empresas de alto crescimento crescem de valores da ordem de grandeza de US $ 1 milhão para outros de magnitude de US $ 100 milhões em 5 anos , seguindo a cadência anual de crescimento da receita de triplicar , triplicar , dobrar , dobrar e dobrar .
- II . A existência de uma “ grande causa ” : Grandes guerrilheiros , ou insurgentes , sabem como usar sua ideologia como instrumento de propaganda para angariar seguidores e conquistar os “ corações e mentes ” dos povos que estão sendo conquistados e da opinião pública mundial . No setor financeiro do Brasil , o Nubank , que surgiu em 2014 , foi um exemplo na construção de uma ideologia e criação do inimigo para se lutar contra , no caso o que chama de o oligopólio dos bancos .
- III . A ajuda externa : Ho Chi Minh contou com a ajuda russa para defender o Vietnã dos franceses e depois dos norte – americanos , seja na forma de armas , dinheiro e mantimentos , como , principalmente , de conhecimento . Os insurgentes das últimas décadas contaram com a participação e apoio de investidores , como “ investidores anjos ” e o Venture Capital e uma comunidade que , além do capital , provê um vasto ferramental de conhecimento , redes de relacionamento e técnicas para a escala acelerada dessas empresas .
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- Nem todos os confrontos entre incumbentes e insurgentes são parecidos . Existem pelo menos três tipos de terrenos que podem ser explorados por empreendedores e investidores , com consequências significativas acerca de como essas batalhas devem ser enfrentadas .
- A . Mercado existente : o Tamanho do Mercado Endereçável Total5 ( TAM — Total Addressable Market ) , competição e atributos de valor , são conhecidos . É uma batalha típica entre insurgentes e incumbentes . O “ chimpanzé ” ataca diretamente o “ gorila ” . Pode ser , por exemplo , o caso da Nubank enfrentando os grandes bancos como Itaú e Bradesco .
- B . Mercado resegmentado : neste caso , o TAM , a competição e os atributos de valor são parcialmente conhecidos . O chimpanzé ataca às “ margens ” do território do gorila . Exemplos disso foram , nos últimos anos , tanto o Pagseguro entrando no negócio pela base da pirâmide mal servida pelos grandes , como a Stone atacando o mercado bancário de pequenas e médias empresas . C . Novos mercados : aqui , o mercado endereçável total ( TAM — Total Addreassable Market ) , a competição e os atributos de valor são completamente desconhecidos . Um novo mercado tem tamanho muito pequeno e cheio de incertezas nos primeiros anos . Não existem “ gorilas ” nesse terreno .
- Para entender essa batalha , podemos analisar o padrão histórico dos ciclos macroeconômicos e suas infraestruturas de tecnologia . Uma dessas camadas pode ser observada através das lentes de Carlota Perez
- Cada ciclo tem , entre suas similaridades :
- • todos duram de 4 a 6 décadas ;
- • uma fase de inovação e especulação , na qual uma inovação se torna acessível , tornando altamente competitivos os negócios que as utilizam , funcionando como gatilho para transformar uma cadeia produtiva ;
- • uma ou duas crises , normalmente , com o estouro da “ bolha ” , que desencadeia uma crise , fazendo com que o capital financeiro se torne menos especulativo e mais assertivo em sua alocação , convertendo – se em capital de produção ;
- • por fim , uma última fase de disseminação / produtividade .
- Mais do que a tecnologia , cada um dos ciclos deixa um legado de como as coisas serão feitas para os seguintes . Essas infraestruturas , desenvolvidas em cada ciclo , suportarão o desenvolvimento das tecnologias das etapas posteriores . Por exemplo , no ciclo atual , a eletrônica , criada no anterior , dos automóveis , apoiou o desenvolvimento de telecomunicações e computadores , inovações que alavancaram o ciclo da informação .
- No atual , estamos nos últimos 20 anos do ciclo da Tecnologia da Informação , em que a tecnologia ( software e hardware ) está disseminada e disponível a todos . A internet e o software estão “ engolindo ” o mundo . Atualmente , passamos pelo menos 6 horas do nosso dia acordado trabalhando , ou tendo lazer , em frente a computadores , smartphones e redes sociais , entre outras atividades . O Sistema Tecnológico começa a estar presente por toda parte e se transforma em algo que deixa de ser percebido por nós .
Os modelos predominantes ou regras de engajamento nas batalhas digitais são SaaS ( Software – as – a – Service ) , Marketplaces e Direct – to – Consumer ( DTC ) e , cada vez mais , se misturam e se complementam .
- I . Software – as – a – Service ( comercialização do software como um serviço ) A previsibilidade do modelo de receita em razão da recorrência e a alta margem bruta desses modelos são os seus atributos mais importantes . Porém , cada vez mais , busca – se conectar com as transações que rodeiam a aplicação ( marketplaces ) e envolver os usuários em algum tipo de ecossistema ( D2C ) .
- II . Marketplaces A fragmentação da oferta e o take rate e o volume de transações ( General Merchandising Value — GMV ) são os principais elementos . Cada vez mais , esse modelo busca dominar a aplicação ( SaaS ) reduzindo a fricção tanto da oferta quanto da demanda , aumentando a adesividade do usuário com a plataforma .
- III . Direct – to – Consumer ( Direto ao consumidor ) A amplitude das marcas e a quebra de paradigma nas cadeias produtivas , por agregar produção , distribuição e varejo , são os principais elementos aqui . Esse modelo busca , no mínimo , a recorrência do consumo e , quando consegue a recorrência sistêmica ( SaaS ) , busca agregar e desagregar a cadeia produtiva ( marketplaces ) .
- Os três modelos podem se beneficiar dos arquétipos de go – to – market baseados em engenharia de produção , que foram popularizados pelas empresas de Software – as – a – Service .
- Quatro tipos de arbitragens:
- 1 . Custo de Aquisição ( CAC ) São casos em que a tecnologia permite uma relação com novos clientes mais eficiente . O topo , o meio ou o fundo do funil de vendas são digitais ou o software transforma as equipes de marketing e vendas .
- 2 . Life – Time Value ( LTV ) A tecnologia embarca a relação com o cliente , alongando e aprofundando esse relacionamento e garantindo o retorno do cliente ao produto e serviço e , portanto , gerando mais valor para os dois lados do negócio .
- 3 . OPEX / CAPEX A tecnologia agrega ou desagrega a cadeia produtiva , ruindo as barreiras de entrada de um setor da economia . Essa arbitragem está nos movimentos identificáveis em duas linhas nos demonstrativos financeiros margem bruta e investimentos em ativos intangíveis . Uma empresa que se aproveita do movimento de desagregação reduz sua necessidade de CAPEX . Por exemplo , AirBnb , que não precisou investir em imóveis para criar uma rede de hospitalidade , assim como o Uber não precisou comprar um veículo sequer para montar uma frota de carros .
- 4 . Efeito de rede A tecnologia cria ecossistemas ( os tais efeitos de rede ) , exponencializando os três itens anteriores . Nos negócios , o efeito de rede é um fenômeno em que , quanto maior o número de usuários na rede , maior será o valor do bem ou serviço . Pense o leitor , por exemplo , no GitHub , plataforma de desenvolvedores comprada pela Microsoft por US $ 7,5 bilhões : desenvolvedores clientes traziam outros desenvolvedores para usar a plataforma ( CAC ) , estendiam a relação ad eternum ( LTV ) e eram o próprio produto ( OPEX / CAPEX ) .
- Para uma startup fazer sentido para a matemática de um investidor institucional de Venture Capital , ela terá que atingir a receita de US $ 100 milhões , dentro de um ciclo de 6 a 9 anos , o que a qualifica a um valuation próximo de US $ 1 bilhão . 7 A mediana de tempo para alcançar o status de avaliação de uma empresa bilionária é de pouco mais de 6 anos e US $ 279 milhões captados .
de 100 empresas que recebem uma rodada Seed , apenas uma delas chegará ao objetivo de sucesso esperado pelo investidor de Venture Capital .
- Cada estágio do processo de financiamento de uma startup tem um objetivo a ser conquistado . Por exemplo , no Pre – seed , é a construção de um produto e do primeiro time , no Seed é a construção da máquina de vendas e a comprovação da adoção do produto ao mercado e assim por diante . Geralmente , estes objetivos têm um ciclo de construção de 15 meses e cada um tem um certo montante de investimento .
- O momento é positivo , pois essa profusão de empresas de tecnologia na última década e o profissionalismo dos seus times de tecnologia no Brasil criou um pool de talentos e de conhecimento amplo , profundo e de nível global . Geralmente , liderados por engenheiros , esses tipos desenvolveram o que tem de mais sofisticado na construção de uma startup para escala : product management + growth hacking + customer success .
Em termos de seleção é necessário levar em consideração a máxima expressada por Marc Andreessen : 1 “ As empresas que têm pontos extremamente fortes , muitas vezes têm falhas graves ”
- Apenas considerando ambos os aspectos o investidor terá capacidade de escolher as melhores oportunidades equilibrando potencial e risco . É importante salientar que o ciclo completo só acaba no desinvestimento ( saída ) , quando a gestora vende a sua participação para um terceiro e efetiva o valor ( retorno ) criado .
- A construção de um portfólio de Venture Capital , principalmente nos casos mais iniciais ( early stage ) , segue um racional similar ao de investimentos em opções . O máximo que um investidor pode perder é o valor do seu capital . No entanto , existe a possibilidade de retornos de centenas ou até milhares de vezes o investimento feito , fato que torna a indústria de Venture Capital viável no mundo . Um caso notável foi o investimento da Benchmark Capital no eBay , rendendo mais de 1000 vezes de retorno em pouco mais de 2 anos , período em que a companhia saiu de um valuation de U $ S20 milhões para US $ 21 bilhões . Consequentemente , o processo de avaliação está mais direcionado para identificar esse tipo de retorno potencial ( upside ) do que o risco de insucesso . Venture Capital ´ s chegam a ser criticados por seus investidores quando as taxas de mortalidade de suas investidas estão baixas demais , pois isso tende a indicar que as apostas não foram audaciosas o suficiente .
- Sand Hill Road , rua no coração do Vale do Silício onde se encontra uma das maiores concentrações de Venture Capitals do mundo e para onde as principais oportunidades de investimento nessa modalidade tendem a ir primeiro . Sand Hill Road , para o Venture Capital , pode ser comparada a Wall Street para o mercado de capitais . Os fundos VC que se encontram no quartil superior de retornos tendem a perpetuar sua permanência neste quadrante devido a essa característica .
mais importante do que não se posicionar em startups com alta chance de insucesso , é garantir que o investidor esteja , sim , posicionado nos outliers de sua região . Esses outliers deverão compensar os investimentos nas empresas que não terão sucesso , “ pagando a conta ” da taxa de mortalidade .
- Aspectos legais das saídas Chegamos ao final da explicação do investimento de VC / PE , que é a venda do ativo , ou a saída do investidor do quadro de sócios ( cap table ) da companhia . Há várias maneiras de os fundos desinvestirem suas participações nas targets , sendo as mais conhecidas :
- • Mergers and Acquisitions ( M & A ) — venda da sua participação para um comprador estratégico , normalmente através de um processo organizado / competitivo de venda de 100 % da empresa , com todos os sócios vendendo suas respectivas participações , apoiado por um assessor financeiro ( banco ou boutique )
- • oferta pública de ações — OPA , mais conhecido como initial public offering ( IPO ) , que pode acontecer localmente na B3 a Bolsa de Valores e Mercado de Balcão Organizado em funcionamento no Brasil , ou em outros mercados estrangeiros como a Nasdaq ou NYSE nos EUA , ou ainda nas bolsas europeias ou asiáticas , movimento menos comum observado para o ecossistema brasileiro no momento ;
- • venda das suas participações — exclusivamente — para outros fundos ou para investidores estratégicos — corporações ou outras startups em fase de consolidação , sem que os demais acionistas vendam as suas respectivas partes na companhia ;
- • venda para a própria companhia ou revenda para os founders da target , sendo esses últimos casos mais comuns em situações de sucesso parcial ou insucesso de seu investimento na sociedade – alvo ;
- • SPACs — Special Purpose Acquisition Companies — que , em uma explicação bastante simplória , nada mais é que um IPO em forma de casca ; e , naturalmente
- • write – off , que é quando o investimento vai mal e não há qualquer chance de venda da participação do fundo , ocasião na qual ele simplesmente declara a perda do ativo .
Parte III
- Os ativos ou projetos de infraestrutura são definidos como sendo aqueles que suportam o desenvolvimento das atividades econômica , ou seja , permitem impulsionar o crescimento econômico do País . Como exemplo temos rodovias , ferrovias , portos , telecomunicações , saneamento e energia , entre outros . Por sua característica de acelerar e servir de suporte a outras atividades econômicas , com grande impacto na geração de empregos e desenvolvimento econômico , o investimento governamental é sempre de extrema relevância para expansão e manutenção da infraestrutura dos países . Como governos têm capacidade de investimentos limitada , existe a necessidade de atração de capital privado para a realização de investimentos nestes tipos de projetos .
- O conceito ASG ( ambiental , social e governança ) não é recente e , com diferentes nomenclaturas , remonta a mais de 40 anos de história . Nessa jornada , temas que eram considerados adjacentes passam a permear o centro das estratégias de empresas , investidores e gestores de capital . Premissas inquestionáveis , como a supremacia dos acionistas como foco central do capitalismo , foram abaladas a partir deste movimento , trazendo um novo contorno na discussão de alocação do capital privado .
- O conceito ASG apareceu no ambiente do capital privado , pela primeira vez , em 2005 , quando o então secretário geral da ONU , Kofi Annan , provocou 50 CEOs de grandes instituições financeiras sobre como integrar essas novas práticas ao mercado .
A Guerra do Vietnã foi uma das impulsionadoras , assim como o Apartheid , para a mudança de foco acerca de onde direcionar recursos sob o viés político . Entre 1970 e 1980 , grandes instituições mundiais decidiram excluir do portfólio negócios na África do Sul , sob o regime de segregação racial .
- a provocação é de que as transformações atuais são relevantes o suficiente para inaugurar um novo momento do Private Equity , denominado aqui de Private Equity 5.0 , no qual os investimentos objetivam retornos financeiros , mas o fazem a partir de um olhar de respeito ao planeta e ao indivíduo .
- Ainda há muito espaço para expandir melhores práticas ambientais , de governança e sociais , tanto entre as próprias gestoras de Private Equity como em outros setores da economia . Há também muito a fazer em termos de inovação e tecnologia , que podem escalar soluções fundamentais para as demandas dos novos tempos . Tudo leva a crer , entretanto , que a revolução provocada pela incorporação do ASG nas práticas de investimento e de negócios em geral alterou e continuará alterando de forma substancial o tradicional conceito de capitalismo e as prioridades dos investidores e consumidores .
Parte IV
- A avaliação pre – money consiste na multiplicação do número de ações existentes antes da transação ( M ) , pelo preço da ação na rodada do investimento . O preço da ação na rodada do investimento incorpora o valor presente líquido ( VPL ) dos projetos que serão financiados com o capital arrecadado com o investimento . O valor post money consiste no valor pre money somado ao montante de capital investido e também pode ser calculado pela multiplicação do número total de ações , número de ações existente antes do investimento ( M ) somado ao número de novas ações que serão criadas com o investimento ( N ) , pelo preço da ação na rodada de investimento . As avaliações pre money e post money definem a participação acionária que o fundo terá depois do aporte de capital .
- Startups são altamente intangíveis , consistindo numa promessa , pois , dependendo do estágio , 90 % ou mesmo mais que 100 % do valor está na perpetuidade , ou valor terminal . 5 Muitas delas apresentam perdas operacionais e , em muitos casos , nem faturamento possuem . Se , por um lado , têm um potencial de crescimento alto e de grande valorização , por outro carregam risco de falência ou liquidação alto .
- O percentual médio de perda total de um fundo de VC brasileiro é de 40 % , mas esse é compensado pelos 12 % de outliers .
Os fundos de VC se preocupam muito com fatores qualitativos : qualidade do time de empreendedores , grau de inovação do produto ou serviço , tamanho do mercado potencial etc .
- Venture Capital e Private Equity . Em sua concepção , ambos são muito similares — investem em uma empresa privada adquirindo parte de suas ações , buscando valorizá – las em um tempo determinado e vendê – las com ganho para um outro investidor ou para um comprador estratégico .
- Os fundos de Private Equity , tipicamente , buscam empresas já existentes há vários anos , minimamente estabelecidas em seus mercados e com modelos de negócio bem definido , gerando faturamento e margens expressivos . Esses fundos irão buscar o aumento de valor de seus negócios através de crescimento inorgânico com aquisições , expansão para novos mercados e melhoria na gestão estratégica e financeira . Nesse contexto , as empresas necessitam de investimentos de tamanho expressivo e uma dedicação grande de tempo dos profissionais do fundo . Assim , os portfólios típicos são menos numerosos do que dos fundos de Venture Capital e apresentam um grau de risco e incerteza menor . Com o risco menor , o retorno esperado sobre os investimentos também é relativamente menor .
- Já nos fundos de Venture Capital , as empresas ainda são startups , buscando modelos de negócio viáveis e lucrativos .
- Um fundo pode ter seu desempenho mensurado de duas formas diferentes3 : a . retorno absoluto : Neste , o valor do retorno é dado em múltiplos de números absolutos , considerando o capital retornado nos investimentos sobre o capital investido . É também chamado de retorno cash – on – cash ( na tradução da expressão em inglês , “ dinheiro sobre dinheiro ” ) ; e b . retorno percentual : Neste , o valor do retorno é dado em números percentuais , considerando os fluxos de entrada e saída de capital no fundo ou em seus investimentos . Diferentemente do retorno absoluto , o retorno percentual leva em consideração o tempo de retorno do capital , sendo assim fundamental para a comparação com o custo de oportunidade dos investidores e valor do dinheiro no tempo . É também chamado de TIR ( taxa interna de retorno ) ou IRR ( na sigla em inglês , internal rate of return ) .
- ( no Brasil qualquer IPO tem obrigatoriamente que ter 10 % da oferta direcionada ao pequeno investidor pessoa física ) .
Ao decidir por um IPO , a empresa deve apresentar os Demonstrativos Financeiros dos últimos 3 anos dentro do padrão CVM . O esforço de retroagir 3 anos e preparar os números em padrões diferentes daqueles que a empresa sempre trabalhou pode ser muito maior do que se imagina e consumir muito tempo . E , sem esses números no padrão CVM , a empresa não pode protocolar o registro de empresa aberta e , consequentemente , não pode abordar os investidores .
- Muitas empresas e empreendedores que passam pelo ciclo completo ( Investimento anjo , VC em Series A , B , C , D , Private Equity ) fazem várias rodadas , mantendo a empresa privada por um longo período e trazendo em cada etapa um perfil de investidor diferente , mais adequado ao estágio específico de maturação da companhia .
- A real maximização de valor é , portanto , consequência de uma estratégia de longo prazo . Fundos que miram apenas o curto prazo têm performances piores do que aqueles que enxergam além de seu próprio ciclo .