Pessimismo no ar, má gestão econômica, CPI’s, inflação exacerbada, falta de consumo que implica a falta de investimento.
Muito se ouve falar sobre a crise econômica que assola o País. “O que será que será?”, perguntaria o poeta. Ninguém sabe ao certo!
Mas afinal, aonde o marketing entra? Qual seu papel na seca que vivem as empresas? O que pode fazer ele em meio a crise?
Grande Sertão: Veredas
João Guimarães Rosa, mineiro e poeta, pode nos ajudar. Escreveu nos idos de 1956 a famosa obra “Grande Sertão: Veredas”.
Os problemas do homem, neste livro estão bem identificados. A terra, o homem, a luta, todos embaralhados em uma ambiguidade sem tamanho. Tudo o que começa de um jeito acaba de outro!
Riobaldo, o personagem principal, vira cangaceiro para “limpar” o sertão de outros cangaceiros. Engraçado e curioso.
Acontece que, analisando com calma, podemos perceber o Grande Sertão como a sensação de abandono, e as veredas, caminhos estreitos que são verdadeiras alternativas da solidão que os assola.
“Tive medo não. Só que abaixaram meus excessos de coragem.” (p.494)
O medo pode fazer com que possamos nos preparar, organizar, estruturar e estudar as possibilidades.
Não podemos ter medo do sucesso, nem em tempos de incertezas econômicas. Portanto, como sair do “sertão de ideias” que podem trazer desânimo para nossos negócios? Que veredas existem para que saiamos da mesmice?
Vereda nº1: Enxergue sentido e dê um norte nas ações
“Quem desconfia fica sábio.” (p. 188)
Você já ouviu a frase: “Trabalho em uma empresa espiritualizada”?
A administração nos ajuda a entender este assunto: uma empresa espiritualizada é uma empresa “humana”, onde honestidade e integridade estão presentes. Portanto projetos sociais, causas interessantes, e um envolvimento maior na sociedade são ações recorrentes.
Empresas espiritualizadas, na prática, têm colaboradores que carregam em si um certo vigor, enxergam sentido no que estão fazendo.
Enxergar um sentido, por sua vez, é ter a capacidade de olhar que as coisas não são um fim em si mesmas, mas que toda crise é uma nova oportunidade.
Trace um plano: daqui a três anos aonde você quer estar com sua empresa? Quais são as ações necessárias para isto? Quando apontamos a bússola pro norte nenhum passo é dado a toa.
Vereda nº2: Preocupe-se com os clientes
“Cavalo que ama o dono, até respira do mesmo jeito.” (p. 94)
O que seu cliente acha do serviços prestados por sua empresa?
Uma ótima maneira de medir essa “febre” são pesquisas de satisfação.
Se houver tempo de ligar para o cliente perguntando sobre o andamento as atividades, perfeito! Se não conseguir, que tal o envio de emails pessoais que perguntem isto? Maioria das vezes as percepções acerca de possíveis problemas são descobertos dessa forma.
E o melhor: ambos saem ganhando. A empresa, preocupada e atualizada de acordo com as atividades e o cliente que vai perceber se tratar de uma empresa diferenciada, exatamente pela preocupação com seu negócio.
Vereda nº3: Apareça nas mídias sociais
“Uma coisa é pôr idéias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas…” (p. 14)
Como está o andamento da sua empresa nas mídias sociais? Sua página no facebook, por exemplo, traz informações relevantes para o seu público?
Quando o cliente está na fase da decisão de compra, normalmente ele compara preços, serviços, vantagens e afins. Uma empresa diferenciada nas mídias sociais sai na frente em relação aos concorrentes.
Ou seja, isso é coisa séria! Deixar o “primo do vizinho cuidando” as páginas de sua empresa é um erro que pode ser fatal. A produção de conteúdo relevante traz, por consequencia, interatividade por parte dos usuários. Temos que estar prontos para responder possíveis dúvidas ou reclamações.
Vereda nº4: Inove nas ações
“O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia.” (p. 85)
Inovação significa mudança, renovação. Uma nova ação.
Entretanto, inovação comporta perdas. Temos que perder algo para conseguirmos renovar nosso pensamento.
Há algum novo serviço que sua empresa possa oferecer, mesmo que isso seja algo trabalhoso?
No trabalho com agências noto o medo negativo que alguns diretores tem com relação ao novo. Não é raro que eu ouça: “Na vida inteira fizemos ações offline. Acho arriscado demais pensar no online, mesmo entendendo a importância disto”. Normalmente as melhores saídas estão longe de nossa zona de conforto.
Recomendo uma webserie sobre negócios digitais da Uol. Neste episódio fica claro um exemplo de inovação. Simplesmente, no negócio estudado (Emporio do Lazer, loja especializada em produtos para o lar) os funcionários faziam de tudo um pouco: desde o atendimento até funções mais específicas. Após um puxão de orelha, o empreendedor em questão deixou isto para trás entendendo que um novo horizonte com atribuições específicas para cada funcionário seria necessário.
Eis a inovação. A perda de coisas e ações que tínhamos muita convicção para ganhar novos horizontes.
Vereda nº5: Pesquise, entenda e invista no futuro
“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.” (p. 437)
Para a empresa não entrar em crise junto com o mercado, se torna necessária uma estratégia para o futuro.
Imagine um motorista dirigindo um carro para uma cidade de interior, desconhecida até então. Precisou enxergar placas, entender o caminho, e se for necessário parar o carro para entender em que local está.
É melhor prevenir do que remediar, diria o ditado popular. Desta forma também nos negócios.
Ou seja, estratégias independentes para chegar no destino final são sempre bem vindas. O momento da crise revela quem está de olho no futuro, indo pra frente, e quem está declaradamente andando na marcha ré.
Nunca tenha os ovos na mesma cesta! Se preciso, monte uma equipe que pense somente sobre o futuro e no aumento da eficácia nas ações feitas.
Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa citado no começo, tem sucesso em sua empreitada pois enxergava longe. Foi tão fecundo em suas ações que, rapidamente, se tornou líder do bando que conseguiu derrotar seus principais rivais. E você? Está contentado com o “sertão” ou não vê a hora de encontrar a vereda?
Muito bom! Ótima rede de concepções e conceitos! Lendo seus textos já consegui fazer pontes com as coisas que tenho ouvido no curso de Serviços em Meios de Hospedagem. Vou compartilhar para que mais pessoas tenham acesso a esta leveza ideias. Parabéns!
Literatura brasileira e marketing digital entrelaçadas sui generis. Ensaio que tem como pano de fundo a inspiração para transformar a palavra “crise” em oportunidade, quando o terreno é de incertezas e o lugar comum aponta para a inércia. Gratidão pelo ensaio Mr.Holleben!
Bom texto, Lui.
Gostei da temática e das parabolas. Muito melhor do que os textos de autoajuda que sempre vemos pelos blogs de negócios e mkt do mundo afora.
Continue assim!
Bom demais. Parabéns!
Já estamos aplicando algumas aqui, e outras tantas veredas a gente vai tentando entender!