A Cultura na Empresa, com Ana Rezende

Hoje o papo é com a Ana Rezende, uma referência quando o assunto são Pessoas. 

Tive a honra de trabalhar e trocar boas ideias com a Ana na época que estávamos na Resultados Digitais. (inclusive, entramos no mesmo dia, em março de 2015!).

Admiro muito o trabalho dela pois seus pontos positivos carregam algo muito especial: para mim, a Ana consegue trazer o dom maternal para sua profissão, através de paciência, visão e sendo uma excelente ouvinte (pontos esses, cruciais para alguém que entende profundamente de áreas de People/Recursos Humanos).

Conversei com a Ana sobre Cultura, ponto chave para qualquer empresa que queira crescer, na entrevista que vocês acompanham a seguir!

 

1-Ana, você teve experiências muito relevantes na carreira, tais como Embraco, Imaginarium, Resultados Digitais, e hoje toca com seu marido (Marcio Rezende) a Lidehra. Por que você escolheu trabalhar desenvolvendo pessoas ? Não é algo trabalhoso e cansativo demais?

É bem trabalhoso!

Eu gosto de estar em interação desde que me conheço por gente também desde cedo me senti intrigada em entender a forma como as pessoas são, reagem, se relacionam. Foi uma escolha meio óbvia fazer o curso de psicologia e já no 2º ano de faculdade (em 1999!) eu comecei a estagiar em RH e não saí mais. Eu acho lindo o processo de desenvolvimento, de aprendizagem, de superação. Vejo que é um privilégio poder acompanhar a jornada das pessoas e se possível, contribuir.

Eu vejo muitas empresas assumindo o papel de ser um terreno fértil para o desenvolvimento de seus colaboradores, incentivam, estruturam, acompanham e reconhecem avanços do time! Como não querer fazer parte disso?

 

2-Cultura é algo muito importante para as empresas. Para uma empresa que não tem clareza sobre sua cultura, existe um be-a-bá para a definição? Que dicas você daria?
1º – Ter clareza do norte, propósito/proposta de valor/metas da empresa;
2º – Principalmente em empresas até 50 colaboradores, é importante ter consciência de quais são os valores e crenças do dono/CEO/Founder da empresa;
3º – Fazer um match entre os valores e crenças existentes no principal líder e os resultados que a empresa busca para chegarmos em quais serão os comportamentos que devem ser reconhecidos no time e que levarão a empresa para o destino.

O processo não precisa (e nem deve) ser solitário, apenas com base no que o líder principal percebe/pensa/sente. O time é bem vindo na co-criação, na troca de insights mas devemos sempre ter em mente que para a cultura ser sustentável, ela precisa ser alinhada com o que o “cabeça” da organização é (talentos e gaps) para que ela seja vivida de forma consistente.

 

3-Você já viu alguma empresa mudar os seus valores, devido ao crescimento? Os valores de uma empresa são realmente imutáveis?
Eu penso na cultura organizacional como se ela fosse uma pessoa: tem crenças, valores, comportamentos, sentimentos, regras de funcionamento, ambiguidades, qualidades, defeitos. Se as pessoas mudam, amadurecem, as empresas também passam por este processo. Entretanto, mudança nos valores é mais raro, faz parte da essência. Acho mais provável mudar os valores quando há alteração significativa na liderança da empresa, e menos em função do crescimento.

Quando eu estava na Embraco fui testemunha de uma mudança nos valores da empresa quando ela foi comprada pela Whirlpool e recebeu um novo presidente. A empresa passou a estar ainda mais atenta aos resultados, à eficiência operacional e, valores como objetividade, meritocracia, competitividade passaram a fazer parte da rotina criando necessidade de ajustes em praticamente todos os processos de gestão de pessoas.

Percebo que as empresas estão cada vez menos investindo em elencar seus valores. Estão se dedicando mais em definir o propósito, o norte e os comportamentos que contribuirão (manifesto de cultura/culture code).

 

4-Qual o papel a área de Pessoas/Recursos Humanos tem para auxiliar todas as áreas a viverem a Cultura da empresa? Como?
Primeiramente é ser uma referência nos comportamentos presentes na Cultura. As pessoas precisam de modelo! A cultura é invisível, as pessoas a percebem através dos comportamentos e comunicações. RH precisa ser role model.

Todos os processos de gestão de pessoas devem ser feito para incentivar os comportamentos definidos como adequados pela cultura, seja nos processos de Get, Grow, Keep ou Let Go. RH não pode permitir que pessoas desalinhadas com a cultura sejam contratadas ou reconhecidas. Deve traçar e/ou apoiar ações que acelerem o desenvolvimento dos comportamentos presentes no manifesto de cultura. E ajudar a empresa a definir rituais que fortaleçam a vivência da cultura.

 

5-Com a sua experiência você deve ter alguns exemplos positivos de empresas que vivem seus valores e sua cultura de uma maneira interessante. Você poderia citar alguns cases?
Acredito que a AMBEV seja o case mais clássico. Difícil imaginar uma pessoa que não conheça o “jeito AMBEV de ser”, extremamente focado em resultados e meritocracia. Eu gosto de falar deste case pois vejo muitas pessoas criticando a cultura AMBEV e outras amando esta mesma cultura. Não existe cultura certa ou errada, existe a cultura que mais vai contribuir para que a empresa chegue aonde almeja, e, existem profissionais que vão se identificar ou não com esta cultura.

Poderia citar também Netflix, Google, Resultados Digitais, Nucont e etc… mas escolhi falar de uma empresa ainda pouco conhecida, infelizmente para quem ainda não a conhece, a SumOne. A empresa vive o propósito de se reinventar em busca de crescimento e desenvolvimento (seu, dos SumOners, clientes…) e desafia seu RH e líderes a questionarem e ajustarem as ferramentas, processos e programas “padrão” de desenvolvimento de pessoas para viverem intensamente seu propósito. Empresa tem muita clareza de quais são os comportamentos a serem reconhecidos (Level Up, Brave, Human, Owner), quais são os comportamentos não tolerados e cumprem consistentemente política de consequência. A sua cultura é fortemente percebida por quem interage com ela mesmo estando “de fora” da empresa. O foco da SumOne não é resultado per se, mas sua consistência e agilidade nas correções de rotas de seus colaboradores, tem feito com que eles estejam voando.

Muito legal, né? Se quiser entrar em contato com a Ana e com o pessoal da Lidehra, seguem abaixo:

Linkedin: www.linkedin.com/in/anacarolinavrezende

Email: [email protected]

Site: www.lidehra.com.br

 

Começo de carreira, com Vitor Peçanha

Olá! Hoje começamos a série “5 ideias sobre…” com perguntas simples sobre temas relevantes no mundo de tecnologia e startups.

No primeiro post da série, recebemos o super-Vitor Peçanha, co-founder da maior empresa de Marketing de Conteúdo da América Latina, a Rock Content.

Vale lembrar: essas perguntas foram feitas originalmente pela querida Manuela Lenzi, Gerente Geral de Implementação (Customer Success) na Resultados Digitais em um projeto de um Podcast que -por enquanto- deixamos de lado.

Sem mais delongas, com vocês, Peçanha responde sobre o assunto “Começo de Carreira”!

 

1-Acho que o Peçanha da Rock as pessoas conhecem já. Mas e o Peçanha antes da Rock Content? Se eu chegasse em uma mesa de amigos da faculdade na UFMG e pedisse para te definirem como estudante, o que eles me contariam?

Se fosse bem no início da faculdade: o Peçanha é aquele “cabeção” que está tirando nota alta em todas as matérias.

Mas no meio da faculdade eu comecei a aprender pra que serve a faculdade: interagir com os outros, encher a cara e continuar tirando nota boa, ou seja,  eu me tornei mais social!

 

2-Tem alguma coisa que você fez na sua carreira que vê que qualquer pessoa poderia fazer também?

Minha carreira não tem muitos momentos únicos, determinantes. Ah, claro! Tirando uma vez que eu passei num concurso público, recusei e todo mundo achou que eu era louco! (risos)

Mesmo que eu seja enviesado para o lado de startup e tecnologia, eu diria que:

  • Sempre permanecer estudando: por mais que pareça clichê, sempre defendo aqui na Rock Content, que: “todo mundo pode ser bom para estar fazendo o trabalho de hoje, mas muitos podem não conseguir fazer o trabalho daqui a um ano”;
  • Aprender a programar: entender lógica de programação não é só para programadores. Ter uma ideia para botar um MVP (Produto Mínimo Viável) no ar, sem depender de terceiros é algo ótimo! Programar em HTML não é algo complicado, basta querer estudar;
  • Design de interação: fiz inclusive uma Pós-Graduação nisso. Me ensinou a parar de achar as coisas e aprender como descobrir as coisas. Olhar para o usuário, tirar o “eu acho” e tomar decisões baseadas em dados.

 

3-Se você estivesse fazendo uma mentoria para alguém em início de carreira, quais conselhos daria?

Gosto muito do livro “O Lado Difícil das Situações Difíceis” de Ben Horowitz.

Ele diz algo como: “As coisas mais importantes da sua empresa (pessoas, produtos e lucro), estão nessa ordem de prioridade”.

Muito do que você vai conseguir na sua carreira tem totalmente a ver com como você lida e trata as pessoas.

Quando estou treinando algum gerente meu, por exemplo, nunca parto do princípio de que as pessoas tem algo contra mim. No trabalho existem situações de conflito que não são pessoais! São negócios.

Você nunca pode ser aquela pessoa que tem raiva das pessoas, e sim entender a motivação que há por trás dos outros, por exemplo.

Li um livro chamado “Princípios” de Ray Dalio, onde ele mostra que mapear os princípios e segui-los é algo muito importante! E percebo que com isso, viver e conviver com pessoas vale mais do que conhecimento técnico.

 

4-Quando você sentiu que estava trilhando uma carreira de sucesso – qual foi sua virada de chave?

Essa pergunta é difícil! Mas agora, após termos completado 5 anos de Rock Content é difícil falar “daquele momento exato” mas sim de pequenas conquistas.

Mas se fosse escolher algo, lembro de um em especial há 2 ou 3 anos atrás.

Em um mês difícil, estava com meu sócio na Rock Content (Edmar Ferreira, o Ed) que me falou: “Peçanha:  pense em tudo o que já somos e o que conquistamos! Hoje não somos mais uma empresa que some do dia pra noite.”

E pensei que era verdade. Eu ainda tenho a insegurança de uma pessoa que tem uma empresa. Mas hoje pensando que foi algo construído, que tem uma “vida própria”, com uma empresa que tem uma imagem além dos founders: isso é sucesso, pra mim. Ter construído isso, muito mais do que “Peçanha figura pública” (palestras, livro, etc.) ! 

 

5-Qual foi a frase que já te falaram que você lembra que mais impactou?

Com certeza o que virou o título do meu livro: “Obrigado pelo Marketing”.

Ouvi essa frase no RD Summit 2015 de alguém que achou muito bacana me conhecer, e me agradeceu muito e agradeceu muito a Rock Content pelo trabalho que é feito.

Isso foi uma prova de que tenho um impacto positivo sobre alguém. Ajudar os outros é muito legal!

Em busca de um emprego melhor

Esses dias um amigo se queixou: “Preciso de um emprego melhor”.

Para conseguir um emprego melhor, muitas vezes não precisamos mudar de emprego!

Pergunto: Nos últimos tempos, quantas vezes você auxiliou colegas a atingirem seus próximos objetivos?

Sim, seus colegas, e não somente você.

CRIE mais engajamento, satisfação e felicidade não só para você, mas para as pessoas ao seu redor.

Nos tornamos líderes a partir do momento que servimos as pessoas que nos rodeiam, independente de cargos e títulos.

Em Vendas, vi a motivação de muitos vendedores com mais tempo de casa crescer organicamente simplesmente por terem realizado o trabalho de “sombra”, ou seja, acompanhando os vendedores novatos. Vê-los crescer, os fez crescer também.

Ou seja, podemos criar, modificar, melhorar nosso trabalho atual desenvolvendo, de alguma forma, os colegas. Depende de nossa proatividade e vontade de fazer acontecer: muitas vezes as coisas não caem no nosso colo.

Constância: um padrão entre os campeões do WCT

Pipeline, 18 de dezembro de 2017.

Faltando 5min para o fim da bateria, o garoto de Maresias, Gabriel Medina precisa de uma nota 7.07 para virar a bateria em cima do veterano francês, Jeremy Flores para seguir vivo na busca do título.

As mudanças do mar neste começo da tarde em Oahu, Hawaii, interferem nas ondas que simplesmente não aparecem…

E acaba o tempo: mais uma vez Medina bate na trave e põe a cabeça em 2018.

Me pergunto, então:

  • Existe um padrão entre os campeões do WCT? Algo que todos tenham passado/feito e que lhes garantiu o título? Se sim, o que é?

Pedindo socorro aos dados

Desde que trabalho na área de Vendas, percebo que ser guiado por dados é um dos pontos mais importantes para startups que querem crescer de forma previsível e escalável.

Saber o que tem dado certo, e o que tem dado errado; o que poderia melhorar de um mês para o outro e quais insights tirar dos dados compilados se tornam pontos cruciais rumo a resultados de sucesso. Como diria um ex-chefe: “Que vendas seja cada vez mais uma ‘máquina de salsicha’!”

Com o fim do ano no WCT (World Championship Tour) de Surf e o Bi-Campeonato de John John Florence, escrevo um post que permita ler o surf de maneira diferente: baseado em dados.

Antes de tudo, se você não acompanha ou tem ideia de como funciona o WCT, sugiro a leitura desse post de 2015, mas que pode ilustrar bem para os leigos.

Procurando um padrão entre os campeões

Desde que li a famosa autobiografia do mestre Kelly Slater, 11x campeão Mundial do WCT, finalista de 79 etapas no tour e vencedor de 55 delas, tive a impressão que os campeões eram definidos a partir de resultados no primeiro semestre (ou se preferir, até a metade das etapas do Tour), com a premissa:

“Maioria dos vencedores do WCT fizeram um primeiro semestre melhor, garantindo tranquilidade a partir de uma quantidade de pontos conquistada”.

No ano de 1994 eu tinha apenas 3 anos, mas os registros confirmam. O Careca (como é conhecido) fez um primeiro semestre impecável! 4 finais em 6 eventos, e durante o ano inteiro sendo campeão em: Bell’s, Lacanau e Pipeline.

Mas isso não se torna um padrão quando pensamos em dados. Dos 11 títulos de Kelly no CT, ele fez uma primeira “metade” (ou primeiro semestre) melhor em 5 deles.

Na tabela a seguir, todas as colocações do Careca nos anos de títulos. (Veja em melhor resolução clicando aqui.)

Observações:

1-Em verde, quando foi 1º, 2º, 3º ou 5º colocado.

Em amarelo, quando foi 9º colocado.

Em vermelho, quando foi de 13º a 33º colocado (ou não participou da bateria/estava machucado).

2-Para os anos que tiveram baterias “ímpares”, considero duas vezes a bateria do “meio” (se tem 11 baterias, a 6 é a “do meio”) para trazer dados justos

Ok, estou convencido que não existe consistência ou fórmula mágica na leitura por semestres.

Isso me levou a fazer uma pergunta relevante para tentarmos chegar em algum lugar:

“Quantos vencedores de CT garantiram o título antes da última etapa?”

Apurando esses dados desde 1992 (primeiro título do Kelly) chegamos a seguinte resposta:

1992 | Kelly campeão com 1 etapa de antecipação
1993 | Derek Ho campeão na última etapa
1994 | Kelly campeão com 1 etapa de antecipação
1995 | Kelly campeão na última etapa
1996 | Kelly campeão com 2 etapas de antecipação
1997 | Kelly campeão com 2 etapas de antecipação
1998 | Kelly campeão na última etapa
1999 | Occy campeão com 1 etapa de antecipação
2000 | Sunny campeão com 1 etapa de antecipação
2001 | CJ campeão na última etapa
2002 | Andy campeão com 1 etapa de antecipação
2003 | Andy campeão na última etapa
2004 | Andy campeão com 1 etapa de antecipação
2005 | Kelly campeão com 1 etapa de antecipação
2006 | Kelly campeão com 2 etapas de antecipação
2007 | Mick campeão com 1 etapa de antecipação
2008 | Kelly campeão com 2 etapas de antecipação
2009 | Mick campeão na última etapa
2010 | Kelly campeão com 1 etapa de antecipação
2011 | Kelly campeão com 1 etapa de antecipação
2012 | Parko campeão na última etapa
2013 | Mick campeão na última etapa
2014 | Medina campeão na última etapa
2015 | Mineiro campeão na última etapa
2016 | John John campeão com 1 etapa de antecipação
2017 | John John campeão na última etapa

Ou seja,

4 campeões com 2 etapas de antecipação
11 campeões com 1 etapa de antecipação
11 campeões na última etapa

Ainda assim, não fiquei satisfeito. Pensei que precisávamos de um padrão relacionado aos campeões de cada ano, algo que fosse certeiro e unânime.

Foi aí que, apurando os dados de todos os anos do Kelly e dos campeões de 2011 até 2017 percebi algo interessante: todos eles possuíam uma sequência de bons resultados (1º, 2º, 3º, 5º lugar no mínimo) a ser observada.

A essa sequência, chamo aqui de Sequência de Ouro (veja em melhor resolução clicando aqui):

*Ex: Mineiro, sempre esforçado, iniciou 2015 mandando muito bem na perna Australiana (três primeiras etapas) fazendo sua Sequência de Ouro que garantiu o título conquistado no fim do ano. Já que hoje contamos com 2 descartes (2 piores notas do ano, que não entram no somatório), ele administrou os pontos para se sagrar campeão na última etapa daquele ano, em Pipeline.

Sendo assim, minha premissa trouxe um padrão claro:

“Cada surfista campeão tem uma Sequência de Ouro, de 3 a 7 bons resultados (durante o Tour) que representam a maior fatia dos pontos que garantem seu título. Nenhum outro surfista faz uma sequência que pontue tanto quanto eles no mesmo ano.”

Constância, constância, constância!

Isso parece meio óbvio: surfista que se coloca bem, vence o campeonato de “pontos corridos” do ano. Mas o diferencial é a sequência, a qual traduzo como constância.

O dicionário informal traz constância como: “[…] que tem estabilidade funcional, que cumpre procedimentos regulares sem nenhuma alteração, ou quase nenhuma, transmitindo segurança e confiança, proporcionando o desenvolvimento de tarefas sensíveis a alterações de todas as ordens, com excelente desempenho.”

Sendo assim, notamos que um surfista pode inclusive vencer o CT sem vencer nenhuma etapa: basta se manter no topo em sua própria Sequência de Ouro.

Como? Aí entra a parte complicada: elementos físicos; psicológicos; treinamento; a vida fora do mar; conhecer o pico; foco; dentre tantos outros.

Sem dúvida, o CT de 2018 conta com muitas estrelas. Ninguém é imbatível e tem muita gente querendo despontar e se sagrar campeão. O diferencial é se manter em cima.

E o ano novo está chegando…

Como foi o seu ano profissional? Sentiu que teve uma sequência de dias, semanas ou meses que você despontou e trouxe mais resultados?

Se sim: qual foi sua Sequência de Ouro? Como você atingiu? (lembre-se que a resposta pode vir com pontos simples como: boas noites de sono, cuidado com a saúde e alimentação, mais energia, etc.)

Como escrevo dentro do mundo de startups, que dividem seu tempo por trimestre (quarter, em inglês), que nosso primeiro trimestre seja incrível, e que traga constância para que signifique uma grande virada para o resto do ano.

Que vençamos nossos próprios CT’s!

Abraços e feliz 2018 🙂

Ambição sem foco: o grande dilema da juventude

Esses tempos, um amigo recomendou um post do Ryan Holiday, “36 Books every young and wildly ambitious person should read”.

Este post, por mais clichê que possa parecer, me chamou a atenção por um livro em especial: “The Apprenticeship of Duddy Kravitz”. A minha sorte é que o filme, homônimo, estava disponível e completo no Youtube e o vi na mesma noite.

A obra canadense, do autor Mordecai Richler, conta a história de Duddy Kravitz, jovem judeu que está sempre cheio de afazeres, negócios, pra lá e pra cá, em busca de um objetivo geral. Seu avô, em certa altura da trama (exatamente na fotografia da capa deste artigo), diz:

“A man without a land is nobody”

E Duddy leva isso a sério — fará o que for preciso para conseguir seu pedaço de terra.

A novidade é: as coisas não acontecem conforme ele planejou e ao longo do tempo, o personagem principal está imerso em uma “bola de neve” de dívidas, afazeres e longe dos princípios éticos e morais para se chegar ao objetivo. Vai-se a ambição e fica a ganância. Vai-se o ser humano e fica um animal, um faz-tudo.

Ouso dizer que Duddy Kravitz hoje é a personificação de esmagadora maioria da juventude. A juventude que tem o mundo nas mãos, sonha alto e concretiza pouco ou quase nada.

Sonhar não custa nada (ou quase nada)

Toda ambição nasce de um sonho, e todo sonho nasce de um desejo.

E desejo, segundo a filosofia, pode ser definido como uma tendência em direção a um fim que seja uma fonte de satisfação.

Sendo assim, o sonho na maioria das vezes vêm de uma insatisfação vivida de forma positiva: “De alguma forma, dias melhores virão!”.

O grande problema é que a juventude cai num paradigma, onde a realização do sonho vai acontecer em um passe de mágica, como se não fôssemos feitos para batalhar, conquistar e vencer. Não estamos mais acostumados a renúncias e sacrifícios, desistimos de forma fácil.

“To dream your life is not to live it. You have the right to cling to a dream so that it will push you forward, but never to keep you from reality”. (Michel Quoist, “Reússir”, 1963)

A psicóloga americana Meg Jay escreveu uma obra interessantíssima chamada: “The Defining Decade” onde defende que a faixa dos 20 anos é o período da vida ideal para mudanças. Aos 35 anos os adultos são levados a continuar as ações iniciadas aos 20. “Trata-se de um período especial demais para não ser levado a sério”.

A juventude que parece ter o mundo nas mãos, parece correr atrás dos objetivos, muitas vezes acaba fazendo o contrário e perecendo. Que falta, então?

Foco + Ambição = Aspiração

No primeiro semestre tive a oportunidade de estar com dois grupos de jovens, que beiravam seus 20–30 anos, falando sobre Antropologia Teológica e a dinâmica do sentido da vida (quem já leu Viktor Frankl sabe do que falo).

Ao final, deixei um plano de ação como uma espécie de dever de casa, em que uma das questões era: “Onde quero estar daqui a 5 anos?”.

Pois faço a mesma pergunta a você: aonde quer estar?

No Brasil ou na Australia? Trabalhando em sua área ou experimentando uma mudança profissional? Sentado em um escritório ou trabalhando à distância, da praia? (…)

Pois, se pensarmos que daqui a 5 anos estaremos no cume da montanha, a subida se dará nos próximos anos, meses, semanas, dias e horas. Subir a montanha já é viver a experiência de estar no topo dela, por mais que aquela segunda-feira chuvosa possa parecer o contrário.

A arte do Essencialismo

Nunca consegui exprimir em palavras o dilema da ambição sem foco, ou a velha questão da juventude que não conclui os sonhos, até conhecer o livro “Essencialismo”, de Gregory McKeown.

O livro, na minha opinião uma obra-prima, vai além dos livros de auto-ajuda meia-boca que, por vezes, são pintados de best-seller nas livrarias. Já recomendei a todas as pessoas próximas, por acreditar que pode otimizar muito a vida da juventude e mais: conseguir dar o foco necessário com seus ensinamentos.

Eis algumas ideias expressas no livro, que me chamaram mais a atenção:

  1. A importância do não: “Só quando nos permitimos parar de tentar fazer tudo e deixar de dizer sim a todos é que conseguimos oferecer nossa contribuição máxima àquilo que realmente importa”.
  2. Não se pode fazer tudo: “O essencialista toma decisões únicas que resolvem mil decisões futuras”.
  3. Estabelecer prioridade é ter um norte: “Se não estabelecermos prioridade, alguém fará isso por nós”.
  4. Cuidar do armário da vida: “O essencialismo é a disciplina que aplicamos toda vez que precisamos tomar uma decisão e devemos escolher entre dizer sim ou recusar educadamente. É um método para abrir mão de muitas coisas boas, por mais difícil que seja, e ficar com as poucas coisas extraordinárias”.
  5. A diferença clara entre um essencialista e um não-essencialista: “Enquanto os não essencialistas se comprometem com tudo ou quase tudo sem examinar nada, os essencialistas exploram e avaliam sistematicamente um grande conjunto de alternativas antes de se comprometer com alguma delas.”
  6. Às vezes, não se pode fazer tudo: “Você já conviveu com alguém que está sempre tentando encaixar só mais uma coisinha nas 24 horas do dia? […] Sua lógica, que ignora a realidade de que para ganhar é preciso perder, é: dá para fazer as duas coisas. […] Inevitavelmente, eles chegam atrasados à reunião, perdem um ou ambos os prazos e ou não vão à festa do primo ou perdem o show.”
  7. Definição de foco: “Para ter foco é preciso escapar para criar o foco. […] Newton descobriu a lei da grativação universal ‘pensando continuamente’, ou seja, com exclusividade. Ele criava um espaço ininterrupto para a concentração intensa, o que lhe permitiu explorar os elementos essenciais do universo”.
  8. Vitórias e carreira: “O caminho do essencialismo trata-se de levar a vida com significado e propósito. Ao recordar a carreira e a vida, o que é melhor: ver um enorme rol de realizações sem nenhuma importância ou poucas realizações maiores com significado e importância reais?”

Interessante, não? Eis um livro que vale a pena ir atrás.

Para onde você quer ir?

O amanhã bate à porta.

Por que não revisitar aqueles sonhos estudantis, profissionais, ou mesmo hobbies, para que consigam ser realizados?

Recentemente um grande amigo completou o Iron Man: 3,8 km de natação; 180 km de ciclismo e 42 km de corrida, mas pasmem: algum dia, há não muito tempo, ele pulou pela primeira vez em muito tempo, em uma piscina; comprou uma bicicleta nova e correu seu primeiro km.

“Life is so short. I would rather sing one song than interpret the thousand.” (“the king”… Jack London)

Ninguém nasce para ser um Duddy Kravitz: tem a impressão de que muito faz, mas não faz absolutamente nada.

Foco! Ambição! Essencialismo! Para que nossa juventude aspire dias magníficos, afinal o futuro à ela pertence.