Bill Gates e obsessão

Contou Michael Moritz, partner da Sequoia (em tradução livre):

“No começo dos anos 80, Bill Gates me deu uma carona em seu carro, até o aeroporto.

Em certo momento notei que não existia rádio! Perguntei: o que aconteceu? Você foi roubado? E Bill:

‘Não! Dirijo de casa para o trabalho, o que dá 7min e 32seg – e às vezes até o aeroporto. Se eu colocasse um rádio, prestaria atenção nas músicas e notícias e não estaria pensando na Microsoft”.

Isso, senhores, é obsessão!”

Jordan e a vontade de ouvir

Há um ano descobri o Podcast “Founders”, de David Senra.

O cara faz um apanhado de materiais, entrevistas, livros de diversas mentes inspiradoras e brilhantes e cria episódios épicos. Ouvi hoje o episódio de Michael Jordan, antigo ídolo.

Michael Jordan's UNC Dorm Room Being Recreated for Fans

Pois certa vez perguntaram a seu treinador do high school, Bob Gibbons, sobre o que diferenciava-o como jogador. Gibbons respondeu através uma pergunta que Michael o fazia:

“Mr. Gibbons, o que preciso fazer para ser um jogador melhor?”

Diversas referências apontaram essa vontade de ouvir, de colher feedback, de prestar atenção sobre-humana em seus mentores e treinadores como seu grande diferencial.

E Senra recordou de Nick Saban, ex-treinador de futebol americano do Alabama que certa vez afirmou:

“Jogadores comuns gostam de ser deixados sozinhos. Bons jogadores querem mesmo ser treinados. Já grandes jogadores querem que lhes digam a verdade.”

Levo como lição: um jogador diferenciado busca o feedback o tempo todo.

Quem preciso ser?

Do autor de “Essencialismo”, Greg McKeown, no podcast de Tim Ferriss dessa semana:

“Uma das perguntas mais comuns é:

‘Como faço para conhecer a pessoa certa? O que eu iria querer nessa pessoa?

As pessoas podem passar anos e anos pensando nessa pergunta.

Então trago uma pergunta melhor: ‘Como eu posso ser a pessoa certa? Quem eu preciso ser?’”

Eu, Lui, acho que isso vale para nossa carreira, saúde, amizades e tantas outras esferas:

Se eu melhoro, a felicidade me acha mais facilmente.

Até!

“Quanto mais bem sucedido…

…mais sapo temos que engolir”.

Ouvi essa frase de Marcelo Flora, Managing Partner do BTG Pactual.

No mesmo Podcast ele ainda contou uma história curiosa: a esposa de um amigo ficou indignada com seu chinelo que arrebentou e queria, do alto de 100k seguidores, postar o causo no Instagram.

Ele puxou o amigo e falou: “O empresário dessa empresa é tal pessoa. Tem certeza que esse post vale a pena? Ela pode não ter nada a perder, você tem.”

Líder também precisa abrir mão de reclamar.

Lições simples mas que gostei muito de refletir!

Nenhuma atividade é irrelevante para um líder

Recentemente tomei um café da manhã com um grande executivo do mercado financeiro.

Ele confidenciou algo bem interessante, ao assumir uma nova área:

“No começo, passei um bom tempo entendendo:

  • o histórico de atividades e projetos (o que foi tentado; o que travou; o que deu certo ou não)
  • quem eram as pessoas-chave envolvidas
  • e como garantir que elas entreguem resultados (em formas de metas, OKRs, projetos, tarefas, ações e por aí vai)”

Ele comentou que por vezes, as pessoas estavam desmotivadas ou não queriam-não sabiam por onde começar. Sentiam-se perdidas, até dependentes de uma liderança forte que as direcionasse melhor.

E por isso, considera que precisa estar à frente de reuniões, ser participativo, puxar, motivar – e isso envolve cafés, almoços e influência, que é o aspecto mais importante de uma liderança que entrega resultados.

Liderança não é glamour, é ter consciência profissional para ir no detalhe, realizar atividades aparentemente irrelevantes, mesmo que isso envolva ter que estar em N reuniões, decisões ou até puxando outras áreas e pessoas para o bem do todo.

Se alguém confundir isso com microgerenciamento, certamente é uma pessoa desalinhada. Afinal, prefiro como líder estar no “chão de fábrica” buscando resultados, do que no “mundo das nuvens” com um time que não entrega.

De Andy Grove: “Muito do que fazemos pode parecer tão irrelevante que às vezes é difícil pensar em uma justificativa para nossa posição na empresa. […] Um cirurgião cujo output é um paciente curado, passa seu tempo esfregando, cortando e suturando, o que também não soa muito respeitável.”

Portanto, concluo: nenhuma atividade é irrelevante para um líder, desde que envolva outputs claros para a organização.