A questão da identidade (para você e sua marca)

Certa vez uma mulher estranha me perguntou no ponto de ônibus: “Você é o Fulano? Parece muito o filho de uma amiga minha”. E eu não era, apesar da convicção dela. Me limitei a dar uma resposta negativa, sem saber como discorrer o assunto.

E se fosse com você? Se algum estranho chegar para perguntar: “Afinal, quem é você”, o que você responderia? Tenho tal profissão, torço para algum time de futebol… Sou filho e descendente de tal, nasci em um lugar específico… Gosto de algum tipo de música, e tenho certo costume… Como você se auto-define?

Por vezes, somos tão diferentes de nós mesmos como dos outros (François La Rochefoucauld)

Três conceitos aqui discorridos podem ajudar a desmitificar essa questão:

     #1: A modernidade é (sim) influenciadora da identidade

O sociólogo britânico Antony Giddens traz a tona em “Modernidade e Identidade” a questão da sociedade como influenciadora. Um misto de experiência subjetiva e nossa organização social: experiências de vida, criação e até o próprio sistema político. O meio moderno, portanto, influencia e muito a questão da identidade.

Milton Nascimento lamentava: “Nada será como antes”. E ligo o sinal amarelo: cuidemos com o saudosismo! A adaptação é necessária. 

Tomemos como exemplo a educação. As aulas nos colégios são estruturadas em 50 minutos pois esse era o tempo necessário para que uma criança prestasse atenção de forma íntegra, segundo um estudo feito em 1910 pela Universidade de Chicago. Com a chegada dos smartphones, a geração Y simplesmente reduziu este tempo para oito minutos. Sim, apenas oito minutos de atenção total, e olhe lá.

Sendo assim tem-se duas opções: nadar contra a corrente da modernidade e nadar a favor. Recomendo a breve notícia “Estudantes vão poder treinar para o Enem pelo celular” , adaptação a partir da modernidade.

     #2: Tome consciência da ascese

Vinda do grego “esforço”, a palavra ascese nos ajuda a entender que o novo deve crescer. Isso, o novo!

Recordam da cantiga de Dorival Caymmi que embalava a antiga novela “Gabriela”? “Eu nasci assim, eu cresci assim / Eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim”. Muito cuidado! A identidade é construção e não conformação.

Por isso, não se espante em um encontro de vinte anos de formatura se o churrasqueiro da turma agora é vegetariano. Ele, em um trabalho ascético (biológico, psíquico e espiritual) deixou o seu novo “eu” crescer. Acontece.

     #3: Conhece-te a ti mesmo

A frase atribuída ao pensador grego Sócrates não poderia servir melhor. Temos que entender a importância do auto-conhecimento. Quantas vezes você parou para pensar a quantas anda a sua vida? Longe do ruído do dia a dia, digo.

Olhar para si e entender o que precisa ser mexido e alterado, e o que precisa ser preservado é um exercício de muito valor.

As marcas, da mesma forma que o ser humano, necessitam construir sua identidade. Me restrinjo aqui a tratar de 3 identidades que uma marca pode repensar, admitindo a infinidade e profundidade que esse assunto poderia nos trazer, quando tratado de forma completa.

     Identidade visual: personalidade própria

O grande objetivo da identidade visual é deixar as pessoas com a sua marca em mente, quando precisarem de algo no segmento. A identidade de uma marca precisa ter personalidade própria.

Acha desnecessário para o seu negócio? Pois então: o Brasil é o segundo país do mundo a mais lançar produtos no mercado. Mais de um milhão de empresas abriram só em 2014.

Mas não, não basta contratar um designer e esperar sentado. Se faz necessário um trabalho em cima do briefing do negócio: missão, produtos e serviços prestados, o diferencial diante dos concorrentes, o posicionamento da marca, as personas…

Apesar do trabalho a longo prazo, a identidade visual traz os estímulos necessários para que o cliente saia da zona de conforto e opte pela sua marca.

Como exemplo, confira aqui a evolução do símbolo da Rede Globo, de 1965 até 2014.

     Identidade na era digital: produção de conteúdo relevante

Pergunte a algum amigo ou conhecido a quantas anda o seu negócio ou empreendimento. A resposta pode surpreender. Resultará em um longo papo, ainda mais se você demonstrar real interesse.

Seja num almoço, num bar ou no meio da rua: se parássemos para gravar este papo juntaríamos um extenso conteúdo.

Advogados contariam de casos extraordinários, nutricionistas admitiriam que o fato novo é a comida sem-glúten. Já os comerciantes desabafariam sobre a crise que assola o País.

Agora, imagine juntar esse conteúdo para escrever sobre ele e criar um blog no website de seu negócio. Sim, um blog!

A máxima é: quem trabalha em algo que ama é, naturalmente, um entusiasta do assunto. Ou seja, todo aquele conteúdo brilhantemente narrado em uma conversa ao acaso poderia ser escrito e, se planejado, ajudar a melhor “rankear” de forma orgânica seu site.

Trace uma estratégia de conteúdo que lhe seja interessante.

Duvida? Este cara aqui quadruplicou o número de processos mensais, a partir de um planejamento de conteúdo para seu website.

     Identidade para fugir do oceano vermelho: quebra de paradigmas

O livro “Blue Ocean Strategy” de Mauborgne e Kim nos dá uma noção inteligente da construção de identidade.

Eles escrevem sobre a importância de armar uma estratégia para tornar a concorrência irrelevante. Em resumo, existem empresas que navegam em oceanos azuis (onde navegamos tranquilos) e outras em oceanos vermelhos (de tanto “sangue” derramado numa verdadeira guerra de concorrências).

E, acreditem, o que falta na maioria das vezes é coragem. Quebrar um paradigma que permita a busca pelo novo é mais difícil do que se contentar em um oceano vermelho, seguro, porém com perspectivas de lucro e crescimento menores.

Quer um exemplo? Recordemos o case da Gol Linhas Aéreas.

Em janeiro de 2001 ela nascia com um valor muito abaixo do setor: 20 milhões de reais. Apenas cinco anos depois, estava avaliada por 12 bilhões! Ou seja, teve um crescimento de 17 vezes.

Se a Gol fosse uma pessoa e lhe perguntassem: “Cá entre nós, quem é você?”, ela poderia muito bem responder: “Olha, entendi que tinha pontos fortes (preço baixo) e fracos (nenhuma experiência). Depois fisguei os clientes exclusivamente pela internet em tempos onde as pessoas não tem muito tempo. Para finalizar, resolvi botar muitos aviões, em promoção, para levantar vôo de madrugada, enquanto o resto do povo mantinha as naves no pátio”.

Quebrar paradigmas pode nos fazer voar longe. Parafraseando um ditado árabe: “Homens são como tapetes. Às vezes precisam ser sacudidos”. Negócios também!


Construa sua identidade. Seja único! E entenda que seu negócio pode traçar o mesmo caminho, basta não ter medo do sucesso.

5 veredas, para empresas que enfrentam um “sertão de ideias”

Pessimismo no ar, má gestão econômica, CPI’s, inflação exacerbada, falta de consumo que implica a falta de investimento.

Muito se ouve falar sobre a crise econômica que assola o País. “O que será que será?”, perguntaria o poeta. Ninguém sabe ao certo!

Mas afinal, aonde o marketing entra? Qual seu papel na seca que vivem as empresas? O que pode fazer ele em meio a crise?

Grande Sertão: Veredas

João Guimarães Rosa, mineiro e poeta, pode nos ajudar. Escreveu nos idos de 1956 a famosa obra “Grande Sertão: Veredas”.

Os problemas do homem, neste livro estão bem identificados. A terra, o homem, a luta, todos embaralhados em uma ambiguidade sem tamanho. Tudo o que começa de um jeito acaba de outro!

Riobaldo, o personagem principal, vira cangaceiro para “limpar” o sertão de outros cangaceiros. Engraçado e curioso.

Acontece que, analisando com calma, podemos perceber o Grande Sertão como a sensação de abandono, e as veredas, caminhos estreitos que são verdadeiras alternativas da solidão que os assola.

“Tive medo não. Só que abaixaram meus excessos de coragem.” (p.494)

O medo pode fazer com que possamos nos preparar, organizar, estruturar e estudar as possibilidades.

Não podemos ter medo do sucesso, nem em tempos de incertezas econômicas. Portanto, como sair do “sertão de ideias” que podem trazer desânimo para nossos negócios? Que veredas existem para que saiamos da mesmice?

Vereda nº1: Enxergue sentido e dê um norte nas ações

“Quem desconfia fica sábio.” (p. 188)

Você já ouviu a frase: “Trabalho em uma empresa espiritualizada”?

A administração nos ajuda a entender este assunto: uma empresa espiritualizada é uma empresa “humana”, onde honestidade e integridade estão presentes. Portanto projetos sociais, causas interessantes, e um envolvimento maior na sociedade são ações recorrentes.

Empresas espiritualizadas, na prática, têm colaboradores que carregam em si um certo vigor, enxergam sentido no que estão fazendo.

Enxergar um sentido, por sua vez, é ter a capacidade de olhar que as coisas não são um fim em si mesmas, mas que toda crise é uma nova oportunidade.

Trace um plano: daqui a três anos aonde você quer estar com sua empresa? Quais são as ações necessárias para isto? Quando apontamos a bússola pro norte nenhum passo é dado a toa.

Vereda nº2: Preocupe-se com os clientes

“Cavalo que ama o dono, até respira do mesmo jeito.”  (p. 94)

O que seu cliente acha do serviços prestados por sua empresa?

Uma ótima maneira de medir essa “febre” são pesquisas de satisfação.

Se houver tempo de ligar para o cliente perguntando sobre o andamento as atividades, perfeito! Se não conseguir, que tal o envio de emails pessoais que perguntem isto? Maioria das vezes as percepções acerca de possíveis problemas são descobertos dessa forma.

E o melhor: ambos saem ganhando. A empresa, preocupada e atualizada de acordo com as atividades e o cliente que vai perceber se tratar de uma empresa diferenciada, exatamente pela preocupação com seu negócio.

Vereda nº3: Apareça nas mídias sociais

“Uma coisa é pôr idéias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas…” (p. 14)

Como está o andamento da sua empresa nas mídias sociais? Sua página no facebook, por exemplo, traz informações relevantes para o seu público?

Quando o cliente está na fase da decisão de compra, normalmente ele compara preços, serviços, vantagens e afins. Uma empresa diferenciada nas mídias sociais sai na frente em relação aos concorrentes.

Ou seja, isso é coisa séria! Deixar o “primo do vizinho cuidando” as páginas de sua empresa é um erro que pode ser fatal. A produção de conteúdo relevante traz, por consequencia, interatividade por parte dos usuários. Temos que estar prontos para responder possíveis dúvidas ou reclamações.

Vereda nº4: Inove nas ações

“O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia.” (p. 85)

Inovação significa mudança, renovação. Uma nova ação.

Entretanto, inovação comporta perdas. Temos que perder algo para conseguirmos renovar nosso pensamento.

Há algum novo serviço que sua empresa possa oferecer, mesmo que isso seja algo trabalhoso?

No trabalho com agências noto o medo negativo que alguns diretores tem com relação ao novo. Não é raro que eu ouça: “Na vida inteira fizemos ações offline. Acho arriscado demais pensar no online, mesmo entendendo a importância disto”.  Normalmente as melhores saídas estão longe de nossa zona de conforto.

Recomendo uma webserie sobre negócios digitais da Uol. Neste episódio fica claro um exemplo de inovação. Simplesmente, no negócio estudado (Emporio do Lazer, loja especializada em produtos para o lar) os funcionários faziam de tudo um pouco: desde o atendimento até funções mais específicas. Após um puxão de orelha, o empreendedor em questão deixou isto para trás entendendo que um novo horizonte com atribuições específicas para cada funcionário seria necessário.

Eis a inovação. A perda de coisas e ações que tínhamos muita convicção para ganhar novos horizontes.

Vereda nº5: Pesquise, entenda e invista no futuro

“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.” (p. 437)

Para a empresa não entrar em crise junto com o mercado, se torna necessária uma estratégia para o futuro.

Imagine um motorista dirigindo um carro para uma cidade de interior, desconhecida até então. Precisou enxergar placas, entender o caminho, e se for necessário parar o carro para entender em que local está.

É melhor prevenir do que remediar, diria o ditado popular. Desta forma também nos negócios.

Ou seja, estratégias independentes para chegar no destino final são sempre bem vindas. O momento da crise revela quem está de olho no futuro, indo pra frente, e quem está declaradamente andando na marcha ré.

Nunca tenha os ovos na mesma cesta! Se preciso, monte uma equipe que pense somente sobre o futuro e no aumento da eficácia nas ações feitas.

Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa citado no começo, tem sucesso em sua empreitada pois enxergava longe. Foi tão fecundo em suas ações que, rapidamente, se tornou líder do bando que conseguiu derrotar seus principais rivais. E você? Está contentado com o “sertão” ou não vê a hora de encontrar a vereda?

3 boas práticas para se tornar um bom consultor de marketing digital

Foto: Adriano Vermolhem
Foto: Adriano Vermolhem

O papel de um consultor é facilitar. Indicar caminhos, perceber meios, receber a bola quadrada e devolvê-la redonda.

A etimologia da palavra consultoria torna o profissional um aconselhador. “Consulare”, do latim, significa “receber conselho de…”.

No marketing digital, especificamente, um profissional que presta serviços de consultoria se torna essencial para o crescimento de empresas que muitas vezes não acreditavam em estratégias online para seus negócios. Para muitos, um tiro no escuro. Para outros tantos, expectativa de sucesso.

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