“Iludidos pelo Acaso” (Nassim Taleb) – Frases de Livros

Confesso que ler Nassim Taleb é uma tarefa que exige certo foco e determinação.

O autor, matemático, referência em estatística e no mercado financeiro, por vezes é meio prolixo e torna o livro dificultoso para a leitura.

De qualquer maneira, “Iludido pelo acaso: a influência oculta da sorte nos mercados e na vida” é um livro interessantíssimo, por mais que eu tenha levado mais de 1 ano para concluí-lo, lendo-o esporadicamente.

O autor traz informações e conceitos sobre incerteza, probabilidade e aleatoridade, defendendo que a causalidade pode ser mais relevante que o esforço de um indivíduo – um evento aleatório pode ser mais decisivo que nossos esforços.

Como Católico, tendo a botar na mesa o elemento da Providência, que ao meu ver também tem papel relevante a quem vê as coisas com os olhos da fé.

Mesmo assim, vale a leitura, ou no mínimo a leitura das frases abaixo:

  • É simples assim: os eventos do passado sempre parecerão menos aleatórios do que eram (o que é chamado de viés retrospectivo).
  • A probabilidade não é mero cálculo das chances de quem lança dados ou variantes mais complexas; é a aceitação da falta de certeza de nosso conhecimento e o desenvolvimento de métodos para lidar com nossa ignorância.
  • É claro que o acaso favorece quem se prepara! Trabalhar com afinco, chegar sempre no horário marcado, vestir uma camisa limpa (de preferência branca), usar desodorante e outras coisas convencionais desse tipo contribuem para o sucesso—são certamente necessárias, mas podem ser insuficientes, pois não causam o sucesso.
  • Respondeu Sólon: “A observação das inúmeras infelicidades que acompanham todas as situações nos proíbe de nos vangloriar de nossa atual felicidade ou de admirar a felicidade de um homem, porque pode no decorrer do tempo sofrer mudança, uma vez que o futuro incerto ainda não chegou, com toda a variedade que pode trazer.”
  • Chamo de questão da obliquidade: não importa com que frequência algo tem êxito se o fracasso tem um preço demasiadamente elevado.
  • Operar no mercado força as pessoas a pensar bastante; aquelas que só trabalham muito perdem o foco e a energia intelectual.
  • Cientistas comportamentais acreditam que uma das principais razões pelas quais as pessoas se tornam líderes não se resume às habilidades que parecem possuir, e sim à impressão extremamente superficial que os outros têm delas, através de sinais físicos que mal podem ser percebidos—o que hoje chamamos de “carisma”, por exemplo.
  • 10 milhões ganhos por meio da roleta-russa não têm o mesmo valor que 10 milhões ganhos por meio da laboriosa e difícil arte da odontologia. As duas quantias são iguais, podem comprar as mesmas coisas, exceto que a dependência de uma em relação ao acaso é maior.
  • (certeza é algo propenso a ocorrer no maior número de diferentes histórias alternativas; incerteza se refere a eventos que devem ocorrer no menor número delas).
  • percebi que as pessoas não gostam de fazer seguros contra coisas abstratas; o risco que recebe sua atenção é sempre algo vívido.
  • O sensacionalismo pode direcionar empatia a causas erradas, e o câncer e a desnutrição são as que mais sofrem por essa falta de atenção. A desnutrição na África e no Sudeste da Ásia já não causa impacto emocional—então foram deixadas de lado.
  • Os movimentos do mercado nos dezoito meses depois do Onze de Setembro foram muito menores do que aqueles dos dezoito meses anteriores—mas, de alguma forma, na mente dos investidores eles foram muito mais voláteis. As discussões na mídia sobre a “ameaça terrorista” ampliaram o efeito dos movimentos do mercado na cabeça das pessoas. Esse é um dos muitos motivos pelos quais o jornalismo talvez seja a maior praga que enfrentamos hoje—enquanto o mundo fica cada vez mais complicado, nossa mente é treinada para cada vez mais simplificação.
  • Lembro-me do comentário de Einstein, de que o senso comum não é nada mais do que um conjunto de equívocos adquiridos aos dezoito anos. Mais que isso: o que soa inteligente em uma conversa, numa reunião e particularmente na mídia é suspeito.
  • Qualquer leitura da história da ciência mostraria que quase todas as coisas inteligentes que foram provadas por ela pareceram como se fossem de lunático na época em que foram descobertas. Tente explicar a um jornalista do London Times, em 1905, que o tempo se desenrola mais devagar quando se viaja
  • As coisas parecem óbvias depois que acontecem.
  • um erro não é algo que se determina depois do fato, mas à luz das informações que se tinha até então.
  • muitas vezes as pessoas pensam que certamente será a próxima leva de notícias que vai fazer a diferença em sua compreensão das coisas.)
  • O homem sábio presta atenção ao significado, o tolo apreende somente o ruído.
  • A ideia de Popper é que a ciência não deve ser levada tão seriamente quanto parece ser (ao se encontrar com Einstein, Popper não o encarou como o semideus que o próprio físico pensava ser). Para ele, há somente dois tipos de teorias: 1. Teorias que se sabe ser erradas, pois foram testadas e propriamente rejeitadas (ele as chama de falsificadas). 2. Teorias que ainda não se sabe se são erradas, e portanto ainda não são falsificadas, mas estão passíveis de ser provadas erradas. Por que uma teoria nunca está certa? Porque nunca saberemos se todos os cisnes são brancos
  • Quanto mais dados temos, mais probabilidade há de que nos vejamos afogados neles.
  • viés do sobrevivente. Janet acha que seu marido é um fracasso, por comparação, mas está calculando as probabilidades de modo grosseiro, usando a distribuição errada para inferir uma escala. Quando comparado com a população dos Estados Unidos em geral, Marc tem se saído muito bem, melhor do que 99,5% dos outros. Quando comparado com seus amigos do ensino médio, ele ainda se sai muito bem, fato que poderia comprovar se tivesse tempo de comparecer às festas da turma, no topo da qual estaria. Ele também se sai melhor do que 90% dos outros alunos de Harvard (financeiramente, é claro) e 60% dos colegas do curso de direito em Yale. Mas, quando comparado a seus vizinhos de condomínio, está lá embaixo! Por quê? Porque ele escolheu morar entre pessoas que têm muito sucesso, numa área onde o fracasso não tem vez. Em outras palavras, aqueles que fracassaram não aparecem absolutamente na amostra, fazendo com que pareça que Marc não teve nenhum tipo de sucesso.
  • Eu aconselharia Janet a se mudar para um bairro de operários, onde ia se sentir menos humilhada por seus vizinhos e elevada na ordem de precedência, indo além da probabilidade de sucesso. Eles poderiam usar a deformação na direção oposta.
  • devemos lembrar que se tornar rico é um ato puramente egoísta, não um ato social. A virtude do capitalismo é que a sociedade pode tirar vantagem da ganância das pessoas, em vez de tirar vantagem de sua benevolência.
  • Uma chance de 72% de sobrevivência o deixava alegre; sua mente já via um Nero curado esquiando nos Alpes. Em nenhum ponto de sua provação, Nero pensou em si mesmo como 72% vivo e 28% morto. Assim como Nero não pode “pensar” em termos tão complicados, os consumidores consideram que um hambúrguer 75% livre de gorduras é diferente de um com 25% de gordura. O mesmo acontece na estatística. Mesmo especialistas tendem a fazer inferências rápido demais a partir de dados ao aceitar ou rejeitar as coisas.
  • A vida seria insuportavelmente insípida se não tivéssemos inimigos com quem gastar nossos esforços e energia.
  • Lembre-se de que o feito de que mais me orgulho é minha alienação em relação à televisão e aos noticiários. Atualmente me consome mais energia ver televisão do que realizar qualquer outra atividade, como, digamos, escrever este livro.
  • Cheguei a encontrar especialistas em probabilidade, de gabarito mundial, que têm o hábito de jogar e atiram ao vento todo o seu conhecimento. Por exemplo, um ex-colega, uma das pessoas mais inteligentes que já conheci, ia frequentemente a Las Vegas, e parecia ser tão importante ali que o cassino lhe providenciava, como cortesia, suítes luxuosas e transporte.
  • Uma das mais irritantes conversas em que me envolvo ultimamente é com gente que me doutrina sobre como eu deveria proceder. A maioria de nós sabe muito bem como deveria proceder. O problema é a execução, não a falta de conhecimento.
  • É claro que as chances nos jogos, onde as regras são definidas clara e explicitamente, podem ser calculadas, de modo que os riscos também podem ser medidos. Contudo, isso não acontece no mundo real, uma vez que não fomos brindados com regras claras.
  • Porque o conselho dos estoicos era escolher o que podemos realmente fazer para controlar nosso destino quando deparamos com um resultado que dependa do acaso. No final, pode-se escolher entre nenhuma vida e o que o destino nos reserva; sempre temos uma opção em face da incerteza.
  • Exiba sapere vivere (“ saber viver”) em todas as circunstâncias. Vista seu melhor traje no dia da sua execução (barbeie-se com esmero) e tente deixar uma boa impressão junto ao pelotão de fuzilamento, permanecendo empertigado e orgulhoso. Não tente bancar a vítima quando for diagnosticado com câncer (esconda isso dos outros e só compartilhe informações com seu médico—isso evitará os chavões e que tratem você como uma vítima, digna de pena. Sua atitude digna também fará com que tanto a derrota quanto a vitória sejam igualmente heroicas). Seja extremamente cortês com seu assistente quando você perder dinheiro (em vez de culpá-lo, como fazem rotineiramente muitos traders que desprezo). Não culpe os outros por sua própria sorte, mesmo que eles mereçam isso.
  • Algum grau de imprevisibilidade (ou falta de conhecimento) pode ser benéfico para nossa espécie defeituosa. Uma programação ligeiramente aleatória nos livra da otimização e impede que sejamos eficientes demais, em particular nas coisas erradas. Essa pequena dose de incerteza pode fazer com que a pessoa relaxe durante o jantar e esqueça as pressões do tempo.
  • Estou convencido de que não somos feitos para horários rigorosos e bem definidos. Somos feitos para viver feito bombeiros, com tempo de inatividade dedicado ao relaxamento e à meditação entre uma chamada e outra, sob a proteção da incerteza protetiva. Lamentavelmente, algumas pessoas podem de maneira involuntária ser transformadas em maximizadoras, a exemplo de uma criança cujos minutos são espremidos entre aulas de caratê, violão e educação religiosa.