Seu legado pode ser uma extensão de você

Ler o “Almanaque de Naval Ravikant” tem me feito pensar bastante sobre a vida.

Brevemente, farei um post com as Melhores Frases desse livro e explicarei mais sobre o autor (hoje, misto de investidor e filósofo) mas por enquanto quero refletir 1 frase em específico:

“Se você está fundamentalmente construindo e comercializando algo que é uma extensão de quem você é, ninguém pode competir com você nisso. Quem vai competir com Joe Rogan ou Scott Adams? É impossível. Alguém mais vai aparecer e escrever um Dilbert melhor? Não. Alguém vai competir com Bill Watterson e criar um Calvin e Hobbes melhores? Não. Eles estão sendo autênticos.”

(Naval Ravikant)

Em outras palavras: ser a extensão de quem somos torna nosso trabalho e nosso legado muito mais autêntico.

Levando isso para a vida prática, eu e você somos únicos! Pessoas incomparáveis. Passamos por muita coisa, tivemos diferentes experiências, desafios, conquistamos coisas nessa vida. Por isso só você é você, mesmo que tenha um irmão gêmeo idêntico.

Se todas as pessoas fossem autênticas ao ponto de se auto-conhecerem para usarem o que há de melhor delas mesmas, seu trabalho ficaria mais legal, as pessoas ficariam mais motivadas. E parando pra pensar, as pessoas mais felizes que conheci no trabalho são em geral muito autênticas no que fazem.

Cito 3:

  • Rafael Justino: Mesmo sendo Gestor de Produto e trabalhando com tecnologia (para muitos, algo 100% técnico), ele leva o lado evangélico e tudo o que refletiu e aprendeu na igreja, personalizando tudo o que faz através da maneira humana e acolhedora que lida com os outros.
  • Bianca Gimenez: Mesmo sendo líder de Marketing, ela incorpora o lado da saúde, exercício físico e bem estar para dentro do seu dia a dia e torna o trabalho de todas as pessoas ao redor cheio de energia e muito mais alegre.
  • Lucas Macedo: Mesmo trabalhando em Vendas e CS, ele traz todo o seu aprendizado e estudo sobre diversidade – especialmente da pertinente questão da inclusão do negro e do preconceito e se envolve em projetos que envolvam isso.

Considero as 3 pessoas acima autênticas – deixam um legado claramente por serem uma extensão delas mesmas em diferentes ambientes – e por isso acho pessoas interessantíssimas para um almoço, um café, ou para trocar uma ideia sobre o que for.

São pessoas que não separam muito as gavetas “Carreira-Trabalho” e “Vida”.

Para elas, dinheiro, sucesso, crescimento e afins se tornam consequência da tal autenticidade. E não ao contrário.

E você, como você auto-avalia sua autenticidade? Hoje seu trabalho reflete uma extensão de quem você realmente é?

Até a próxima!

Como é trabalhar em uma empresa dos Estados Unidos?

Olá!

Resolvi escrever esse post após completar 1 ano na ActiveCampaign, em outubro de 2020. Alguns meses atrasado cá estou.

Vi que muitas pessoas têm interesse de trabalhar em empresas norte americanas, dos Estados Unidos, seja para trabalhar por lá (o que é um pouco mais difícil e raro) ou para trabalhar aqui do Brasil em times de expansão (algo cada vez mais comum nos últimos anos).

Para quem não me conhece, sou do setor de Startups e Tecnologia, mas não sou desenvolvedor nem trabalho com Produto. Já estive em times de Marketing, Vendas e mais profundamente Sucesso do Cliente. Portanto escrevo os tópicos abaixo 100% enviesado no mundo de tecnologia – não sei ao certo para outros setores como as coisas poderiam funcionar.

Como fui contratado? Como foi o processo seletivo?

Dica 1: Acredito que networking vale mais do que dinheiro.

Amigos e conhecidos normalmente vão trazer grandes oportunidades de carreira e de vida, portanto nunca feche portas, nunca seja egoísta ou exclua pessoas. Quem sabe aquela pessoa insignificante e introspectiva pode ser uma pessoa fundamental na sua carreira e na sua vida por lembrar de você e abrir portas e vice-versa.

Sugiro a leitura de “Dar e Receber” (Adam Grant) que reflete bem esse ponto acima.

Falo isso pois um ex-colega que tive contatos esporádicos na empresa que trabalhávamos precisava indicar alguém como Customer Onboarding Specialist, alguém que auxilia novos clientes no uso do software. Quando ele veio falar comigo, eu nem pensava em sair da minha job atual pois era algo que eu realmente gostava de fazer e uma empresa com pessoas muito boas ao meu lado – mas eu tinha um sonho!

Meu sonho sempre foi trabalhar-conviver com pessoas de outro país, especialmente Estados Unidos por alguns motivos:

  • É o berço de grandes Startups que conhecemos
  • Networking e contatos de colegas fora da minha cidade e País pareciam fazer sentido
  • E claro, mais portas poderiam se abrir ao longo da carreira

A ActiveCampaign é uma empresa que auxilia seus clientes através de um software especializado em Automação da Experiência do Cliente. Foi fundada e tem sede em Chicago/IL, mas com escritórios em Indianápolis/IN, Dublin/Irlanda e Sidney/Australia.

Então, aceitei e participei de 3-4 etapas em um Processo Seletivo todo em inglês. Como meu inglês não estava “em dia” lembro que ensaiei MUITO antes de fazer cada etapa, inclusive paguei uma amiga professora de inglês pra simular as entrevistas previamente, e também a isso devo minha entrada na empresa.

Dica 2: Passar em processos seletivos (especialmente para empresas de fora) não é sobre “ser reativo e esperar o que a empresa vai pedir” e sim “ser proativo e se antecipar, surpreendendo a empresa positivamente”.

Como diria Marc Andreessen: “Sempre em frente . Tipo, não vamos parar . Não vamos diminuir a velocidade. Não vamos revisitar decisões tomadas no passado. Nem desconfiar.”

Como foi a entrada na empresa?

Com muita emoção recebi uma ligação e aceitei a proposta!

Informei meu ex-chefe e combinamos uma data para a viagem para Chicago/IL para as 2 semanas de Onboarding dos novos funcionários que entraram comigo.

Acontece que eu nunca tinha viajado para lá, e não tinha passaporte!

Já que sou de Florianópolis/SC, por obra divina, consegui marcar a entrevista para o passaporte em Porto Alegre/RS dias depois.

Pedi para a empresa uma carta para me ajudar com o objetivo da viagem – afinal, quem vai recusar um brasileiro que está indo trabalhar 2 semanas e volta? Com certeza isso ajudou bastante, pois vi gente sendo barrada sei lá porque e discutindo com o povo do consulado.

O passaporte chegou via correios (outra obra divina, pois às vezes as coisas não chegam!) e deu tudo certo – eu estava pronto para ir a Chicago!

Dica 3: Não pareça impressionado ou aterrorizado com a vida e nesse caso com pontos burocráticos. Procure resolver, peça ajuda pra pessoas que já fizeram isso, e as coisas vão se encaminhando. Não perca uma oportunidade dessa por parecer desesperado por causa de um passaporte, visto ou sei lá o que for.

Na ActiveCampaign eles incentivam que seu cônjuge vá junto nesta aventura, então arcamos a passagem da minha noiva mas o hotel ficava garantido para ambos, o que foi muito legal afinal é um vôo longo e para quem não é acostumado com vôos internacionais (como eu) ela foi crucial para evitar que eu aterrizasse no Alaska ou algo assim (brincadeira!).

Em um domingo de frio em Chicago, exatamente no dia da Maratona de Chicago, chegamos!

No dia seguinte encontrei meu novo amigo e colega Pablo, tomamos café da manhã juntos, e fomos para a empresa.

As 2 semanas de Onboarding foram bem “americanas”. Lá as pessoas são:

  • Pontuais: Começam tudo no horário certo e terminam no horário certo, religiosamente. Usam calendário e relógio para as coisas. Uma organização muito bacana.
  • Diretas: Não confundir “ser direto” do que “ser ríspido”. Lá eles são muito diretos para o que tem que falar.
  • Profissionais: As relações profissionais normalmente são respeitosas por lá, existe um respeito hierárquico e menos “aqui é uma família!!!”, famoso erro cometido em muitas Startups brasileiras – isso é assunto para outro post.
  • Abertas: Ao mesmo tempo a cultura da ActiveCampaign é bem receptiva! Eles ficam felizes com colegas brasileiros e até organizaram eventos para nos receber. Mas vou detalhar isso no tópico abaixo.

Como é ter líderes e colegas americanos?

a) Liderança

Se eu pudesse ilustrar liderança por lá, em uma palavra, seria “focada”.

Sinto que na ActiveCampaign temos menos eventos e menos atrativos pois no fundo não precisamos de mais um puff ou uma mesa de ping pong ou novidades e “fatos novos” mensalmente para achar uma empresa legal.

O escritório é simplesmente fantástico, mas senti que isso é um EXTRA e não um ponto FUNDAMENTAL dos benefícios de se trabalhar lá.

Subúrbio de Chicago

Pegando carona nisso, a maioria das coisas são bem claras e como falei, respeitam claramente uma hierarquia.

Meu primeiro chefe, Tad, foi um cara fantástico, disponível e destravou muitos pontos de dúvida ou eventos específicos para mim durante esse tempo. Além de gostar de NBA e ser um cara muito divertido – mas sempre profissional!

b) Colegas

Time de Customer Onboarding da ActiveCampaign

Algo muito específico e que chamou a atenção foi: todos os funcionários pedem o almoço em um aplicativo chamado Fooda, onde você tem um budget diário para gastar com almoço.

Os almoços chegam em 2 diferentes “levas”, portanto meu almoço estava me esperando com meu nome por volta das 11h30 diariamente.

Já que Chicago faz muito frio, as pessoas costumam pegar seu almoço e almoçar na própria mesa! Ir respondendo e-mails, adiantando pontos, e por essas e por outras por volta das 16h30 todos saem do escritório. 17h, 17h30 o escritório está praticamente vazio!

De qualquer forma, meus colegas sempre foram pessoas muito legais e se mostraram à disposição para ajudar no que fosse preciso. São pessoas interessadas, justas e que eu contrataria para meu time se precisasse fazer isso algum dia.

Sobre lidar com clientes, lá se dá menos importância por “gerar rapport” ou seja, “quebrar o gelo” com clientes e mais importância ao valor gerado a cada reunião. Sucesso do cliente > amizade com cliente, se eu fosse traduzir em linhas gerais – o que é diferente do nosso modo brasileiro de fazer as coisas. Não existe muito papo furado ou inútil. Eu praticamente reaprendi a fazer Sucesso do Cliente com eles.

Dica 4: Otimize tempo, sempre. Faça um cliente ser beneficiado da reunião desde o minuto 1. Se prepare para reuniões com clientes e colegas, e quem sabe, como eles falam: “Devolva alguns minutos para a vida das pessoas” ao conseguir finalizar reuniões antes do tempo.

Como se destacar profissionalmente?

Aqui há um aprendizado bem profundo.

Na minha percepção, eles esperam que você passe cerca de 95% do seu tempo buscando atingir a meta proposta. Logo, se você tem meta de número de reuniões com clientes, ou nota dada pelo cliente após reunião, de índice de retenção de clientes ou o que for – eles querem que você passe o tempo para bater meta. Para isso que você foi contratado.

Se estou participando de um projeto por conta própria e isso está tomando meu tempo, isso basicamente é problema meu! Ou seja, conheço pessoas que batem meta todo mês, são respeitadas, e não necessariamente se envolvem em ações extras da empresa, seja lá o que for.

Escritório da ActiveCampaign em Chicago

No Brasil já vi pessoas que não batiam a meta mas adoravam a empresa e a empresa as adorava, e acabam ficando tempos na empresa por isso. Lá é bem diferente.

Dica 5: Entenda exatamente qual sua meta, o que esperam de você, e gaste tempo nisso. Primeiro o essencial, depois o extra.

Agora: caso você esteja conseguindo se organizar, bater meta, que tal gastar esses 5% de tempo que sobram em um mês para se envolver com “extras” da sua job, desde que seja algo útil para a empresa?

Eles adoram quando você faz seu essencial + consegue surpreender as pessoas colaborando com outros times, treinando colegas, escrevendo artigos pro Blog, ajudando em algum problema, sugerindo coisas e por aí vai.

Diria Reid Hoffmann: “Como você sabe que tem jogadores de alto nível na equipe do seu projeto? Quando esses jogadores não apenas aceitam a estratégia que você lhes entrega. Eles devem sugerir alterações no plano com base em sua proximidade com os detalhes.”

Dica 6: Se você quer se destacar numa empresa americana, bata a meta (Dica 5) mas também pareça interessado nos “extras” que surgem como oportunidades.

Finalizando…

Voltei a Chicago mais uma vez para uma reunião geral de Vendas e Customer Success, e acredito que brevemente devemos ter um escritório da empresa aqui em Florianópolis – mas as idas para Chicago devem se manter no mínimo anuais (quando acabara pandemia), e obviamente o contato e relação com o time de lá sempre estarão presentes na nossa rotina.

Se seu sonho é seguir um caminho parecido, ou até ir trabalhar nos Estados Unidos ou outro país deste nosso planeta, seja uma pessoa interessada, boa no que faz, e constante nas entregas. Há 6 anos atrás eu iniciava no mercado de tecnologia e ia dar uma gargalhada se alguém falasse que algum dia eu estaria vivendo meu sonho dessa maneira.

Para finalizar, uma frase que gosto muito de Scott Adams:

“Se você quer uma vida mediana, bem sucedida, não é preciso muito planejamento. Apenas não se meta em confusão, estude e candidate em empregos dos quais você possa gostar. Mas se quiser algo extraordinário , você tem dois caminhos: 1) Tornar – se o melhor em uma coisa específica. 2) Tornar – se muito bom ( entre os 25 % melhores ) em duas coisas ou mais.”

A vida é muito curta pra ser pequena! Vamos em frente!

Fico à disposição para conversar sobre esse tema – me adicione no Linkedin e vamos conversar 🙂

Sociedade dos Poetas Mortos – Frases de Livros

O que? Sociedade dos Poetas Mortos também é um livro? Eu também não sabia.

Para quem não conhece “Dead Poets Society” é um “filmaço” lançado em 1989 que conta com ótimas atuações, e concorreu a 4 Oscars daquele ano. Meu ator preferido, Robin Willians citando Thoreau e outros ótimos autores como Withman, não poderia ser diferente.

Na verdade se trata de um livro pós-filme, baseado no enredo e nos diálogos do próprio filme para registrar a obra de forma escrita.

Portanto, não é um “grande” livro ou um livro memorável – mais se parece com um roteiro de teatro, mas que descreve as coisas de forma mais profunda. De qualquer maneira, comprei pois amo este filme, as atuações e já o vi dezenas de vezes. Fã que é fã consome todo conteúdo possível!

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Minhas 11 respostas para ótimas perguntas sobre a vida

Na foto do post: um presente que ganhei após palestrar num evento há uns anos atrás. Essa caneca já virou meme, figurinha de Whatsapp, e resolvi ilustrar o post com ela.

Quem me conhece sabe que sou muito fã de Tim Ferriss.

O livro “Ferramenta de Titãs” foi o melhor do meu 2020, e iniciei 2021 lendo o (por enquanto só em inglês) “Tribe of Mentors”.

Tim Ferriss Gathers Expert Life Advice in 'Tribe of Mentors' – Dan's Papers

Este livro entrevista pessoas através de 11 ótimas perguntas, acho que as melhores perguntas que um entrevistador poderia fazer sobre a vida.

Já que o início do ano é um período de reflexão, resolvi eu mesmo responder essas 11 perguntas aqui no Blog, e desafio você a refletir e se possível também escrever suas respostas para essas perguntas.

Quanto mais temos clareza sobre a vida, mais temos noção e direcionamos o futuro que queremos. É um exercício útil para sermos uma versão melhor de nós mesmos.

Vamos lá!

Quais os livros que você mais deu de presente para outras pessoas e por quê? Que livros mais influenciaram a sua vida?

Acredito que os 2 livros que mais presenteei pessoas foram:

O Encontro (João Mohana) – A riqueza dos Evangelhos detalhada a partir da imaginação de um grande escritor. Recomendo a todos, especialmente quem não conhece muito sobre o Homem que dividiu o mundo em um antes e um depois. Redescobri Jesus (a pessoa mais importante pra mim) a partir desse livro.

A Alegria de Ensinar (Rubem Alves) – Acredito que todos somos professores, para clientes, amigos, filhos, etc. E esse livro me faz relembrar a profunda alegria de ensinar, o poder que as palavras têm, e como transformamos o mundo a partir disso. São pequenos contos e muito valiosos.

O livro que mais influenciou minha vida foi:

Walden (Thoreau) – Sinto que minha conexão com este livro vai me acompanhar por muito tempo, espero eu. Sempre que acho que estou no caminho certo, revisito partes do livro. Este livro é um dos responsáveis por não considerar normal trabalhar 3 turnos, por exemplo. Walden serve como um guia para lembrar que tudo tem seu fim e me faz ter vontade de ir em águas mais profundas da minha espiritualidade, carreira, vida, para “não morrer descobrindo que não vivi”.

Que compra de menos de 100 dólares mais impactou positivamente a sua vida nos últimos seis meses?

Sem dúvida alguma um Kindle.

Sempre resisti muito e sempre fui da turma do livro físico. Cheirar o livro. Rabiscar o livro. Colecionar livros na estante. Escolher livros que já li e reler algumas partes.

O problema é que eu destaco os melhores trechos de livros – preciso destacar para que isso possa ser útil algum dia (por isso que nunca me adaptei a audiobooks, por exemplo).

O estopim foi quando li “Sapiens – Uma breve história da humanidade” de Yuval Harari. Foram tantas anotações, tantos trechos úteis, tanto conhecimento em um livro só que estou até hoje “reescrevendo” esses trechos para um documento, já que as anotações foram feitas à caneta no livro físico. Sim, eu tenho uma pasta do Google com todos os livros que li em seus respectivos trechos.

Comprei o Kindle e ao descobrir que a funcionalidade “Destaque” faz exatamente isso – deixa as frases destacadas em um documento que pode ser exportado, tive a certeza de que usarei Kindle para todos os livros de negócios – tecnologia – e afins.

Obviamente, muitos livros de outros temas específicos eu só acho em sebo ou são tão antigos que não estão no Kindle – então não parei de comprar livros físicos exatamente por isso.

Como uma falha, ou uma falha aparente, formatou você para o sucesso? Você tem alguma “falha preferida”?

Não tenho uma falha preferida, foram (são) tantas e tão importantes!

Mas lembro de uma época da vida (cerca de 7 anos atrás) que muitos elementos da minha vida estavam no “sinal vermelho” ao mesmo tempo, como diria McConaughey.

Quando isso acontece parece que estamos em baixa em nossas relações, nossa carreira, nossa saúde, nossa espiritualidade, e tantos outros pontos e ficamos paralisados. Não que seja possível estar no “sinal verde” para todos ao mesmo tempo – utopia, mas estar no “vermelho” para quase todos é preocupante.

Nessa época, lembro que me deu na telha de sair para correr e vi que mal conseguia correr 1km sem ficar ofegante e muito cansado e pensei que era tempo de mudança (na época eu não corria, nem tinha tênis de corrida).

Desde então não há 1 dia que não me preocupe com minha saúde e pense nos efeitos que minhas escolhas de hoje terão no dia de amanhã – a isso chamo de maturidade. Não quero ser um avô de 70 anos que deixou a saúde de lado há anos.

Começar a correr, a surfar, a manter bons hábitos e a dizer “não” foram ações práticas e cruciais para conseguir virar essa chave, e desde então minha vida tem tido muitos “sinais verdes”.

É preciso a chuva para florir, mas quando estiver chovendo muito, seja franco consigo mesmo e vire a chave da sua vida em ações práticas. Não viemos para o mundo somente para sofrer ou sermos medíocres!

Se você tivesse um outdoor gigante onde pudesse anunciar uma frase para que todo mundo lesse, o que você escreveria?

Acho que a frase para esse outdoor que mais faz sentido no momento atual seria:

“Disciplina é liberdade”.

Não sei a autoria da frase, apesar de ter lido de Jocko Willink e ouvido o Legião Urbana cantar na minha infância.

A tendência da minha geração e das mais novas é confundir as coisas pela facilidade que a tecnologia trouxe. Querem liberdade antes de terem conquistado algo, antes de passarem horas se especializando no que escolheram fazer.

Quando vejo pessoas caminhando ou correndo em plena segunda-feira as 11am hoje penso: alguma coisa certa eles fizeram. O que posso fazer para daqui a alguns anos estar fazendo isso também?

Seja o melhor no que você faz, saiba que isso vai levar tempo, e essa disciplina vai te trazer a liberdade financeira, liberdade em níveis de saúde, liberdade para passar tempo com quem você ama, ou fazendo o que você gosta e por aí vai.

Quais os melhores investimentos que você já fez?

  • Carro: Talvez não faça sentido pensar que um carro é um investimento, mas quando consegui me organizar para comprar um carro (com ajuda familiar) minha vida mudou. Ganhei liberdade, independência e consegui fazer meus horários – não depender de ônibus ou de outros. Até hoje tenho meu velho e bom Sandero. Às vezes não é sobre ter retorno financeiro, mas sim da liberdade que ganhamos.
  • Pagar 100% das minhas próprias contas: Nos primeiros anos da minha carreira essa foi a meta, e essa meta foi cumprida com sucesso. É muito bom andar com as próprias pernas, ser o senhor de suas decisões e conquistar suas próprias coisas. Acho que é o mínimo que podemos fazer por familiares que nos sustentaram desde antes do nosso nascimento. Então, investimentos em aluguel, luz, gasolina, melhorias, mudanças e afins seriam essa resposta.
  • Anel de noivado: Acho que essa foi a decisão mais importante da minha vida. Obviamente cada centavo valeu a pena, e hoje me sinto muito mais completo sabendo que foi o primeiro passo para o resto da minha vida. Até o trabalho ganha um sabor diferente, os clientes parecem ser mais interessantes, a vida tem um norte diferente. Não é sobre fazer as coisas pra mim, mas pra um nós.

Qual hábito incomum você tem ou coisa absurda que você adora?

Decoro coisas que não fazem o menor sentido, geralmente por ano.

Exemplo: se você me der 3 anos aleatórios, como 1985, 1989 e 1995 por exemplo eu logo vou lembrar:

1985 – Coritiba campeão nos pênaltis em cima do Bangu; aquele samba da Mocidade do “Ziriguidum 2001”; Rock in Rio com Ney Matogrosso cantando “Pro dia nascer feliz” de Cazuza em referência às Diretas Já.

1989 – Vasco com um timaço; o início da Copa do Brasil; o surgimento de duas agremiações: Paraná Clube no futebol e primeiro desfile da Grande Rio no carnaval; a queda do Muro de Berlim e Pedro Bial fazendo a cobertura.

1995 – Botafogo campeão em cima do Santos (roubado ou não?); aquele samba que amo da Portela cantando pelo Rixxa; aquele estranho samba da Estácio que a torcida do Flamengo canta até hoje; Protegidos da Princesa homenageando Duduco – Um ser de luz na avenida em Floripa.

Não faz o menor sentido.

Por outro lado, eu não tenho memória espacial.

Se não fosse o Waze eu não arriscaria chegar em lugares novos, outras cidades e afins – eu literalmente não decoro lugares e preciso me esforçar muito para conseguir não me perder sem a ajuda do meu celular. Faço parte do Getting Lost, uma comunidade de pessoas tão perdidas quanto eu.

Sim, se o Waze resolvesse cobrar R$100 por mês, eu seria o primeiro assinante.

Nos últimos cinco anos, que novas crenças, comportamentos ou hábito mais fez com que sua vida melhorasse?

Desde que entrei no mundo de Startups e conheci algumas pessoas inspiradoras percebi que todas tinham algo em comum: eram “motoristas de suas vidas”, pessoas proativas.

Há uma diferença enorme disso e de estar sentado “no banco do carona”, deixando que outras pessoas te guiem na vida, te digam o que fazer, como fazer.

A vida não nos deve nada, as pessoas não nos devem nada e nos decepcionamos bastante ao longo do anos. Essa é a vida real: ou você assume a direção e faz alguma coisa sobre isso, ou você correrá sérios riscos de ser expectador da própria história.

Que má recomendações você costuma ouvir na sua área de atuação?

Em tecnologia e startups, sem dúvida a ideia de “escrito em pedra”.

Exemplo: Customer Success é isso aqui. Se você adaptou-personalizou para seu negócio e agora faz “aquilo ali”, não entra no que eu chamo de Customer Success por causa disso e daquilo.

É a mesma coisa de falar que Inside Sales não é Vendas porque Vendas de verdade é bater porta a porta vendendo enciclopédia.

Acho impressionante como muitas pessoas não são abertas a novos cases, novidades e afins, mesmo no setor do mercado que era pra ser o oposto disso.

Nos últimos cinco anos, no que você ficou melhor em dizer “não”?

Para compromissos de domingo a quinta-feira.

Já que tenho insônia naturalmente, se durmo mal porque fui num evento numa segunda a noite e preciso acordar cedo na terça, boa parte da minha semana está prejudicada.

Sou criterioso com isso porque sei que só uma pessoa é prejudicada no fim das contas: eu mesmo.

Até por isso que hoje percebo que não vamos conseguir agradar todos a nosso redor. Sempre seremos “sumidos” para um certo grupo e “presentes” para outro – e isso faz parte da vida.

Quem diz “sim” pra tudo dificilmente atinge objetivos significativos, pra falar a verdade, essas pessoas dificilmente conseguem ler regularmente ou focar em algo regularmente.

Quando você se sente sobrecarregado ou sem foco, o que você costuma fazer?

Uma lista (checklist) usando o Google Agenda.

Assim consigo entender as atividades que preciso cumprir.

Quando sobrecarregado, preciso me “recarregar”. Normalmente com atividades ao ar livre, com sol, com pessoas que amo, na minha cidade.

Que conselho você daria a estudantes que estejam se formando agora na profissão que você tem? Que conselho eles deveriam ignorar?

O conselho que eu daria, li em Matthew McConaughey: “Seja menos impressionado; seja mais envolvido”.

Não se impressione com provas, trabalhos, surpresas negativas, dúvidas e tantas coisas que acontecem nos anos de faculdade. Se envolva, busque soluções, faça amigos e networking, participe de eventos, faça estágios (se preciso, não remunerados).

O conselho que devem ignorar seria: você está na faculdade para passar em todas as matérias. Algum dia escreverei um livro sobre a quantidade de pessoas que, pós-faculdade, não conseguem atingir nada na vida porque o mercado não vai te dar uma data pra apresentar um trabalho, o mercado está se lixando. A mesma história de ser motorista (proativo) e não carona (reativo).

Não espere se formar para tomar esse susto que pode te imobilizar por anos ou pelo resto da vida.


Até a próxima!