As “ondas” de uma Startup

Esses dias dois pensamentos vieram a minha mente: “Por que John Sculley foi contratado na Apple 83?” e “Por que Steve Jobs deixou a Apple 2 anos depois?”.

Uma entrevista esclarecedora de Sculley serviu para contar a história toda, mas para simplificar minha teoria trago um pensamento que vai de encontro a um artigo recente aqui do blog chamado “O grande perigo dos 5%”.

Acredito que cada startup tem diferentes “ondas” ao longo de sua história.

A duração dessas ondas depende muito de diversos fatores, como: modelo de negócio; aceleração financeira ou não; velocidade de crescimento de time; pivotagem; etc. Ou seja, algumas startups permanecem na primeira onda por 3 meses, outras por 1 ano, realmente depende muito de caso a caso.

No desenho abaixo (feito com orgulho no Paint) trago um exemplo simples:

Importante: essas ondas podem se sobrepor, ou seja, uma onda pode iniciar sem a anterior ter oficialmente acabado. Complexo como uma startup que deseja crescer.

Voltando a Jobs: por que saiu da Apple? Pois não conseguiu “surfar a onda” do momento, a onda que a Apple precisava para continuar crescendo, dominando o mercado e principalmente não ficando para trás. E pior: porque, possivelmente, ignorou essa nova onda, fazendo as coisas em um modo antigo que fez a Apple crescer até 1983, mas claramente não funcionaria para os outros anos.

A volta dele em 1997, pra mim, tem o mesmo motivo: estava mais preparado do que nunca para a onda do momento, sendo rápido ao corrigir os principais gargalos.

E você: está situado na “onda” que sua startup se encontra nesse momento? Como você reage a isso? Consegue fazer uma linha do tempo e entender como isso mudou ao longo do caminho?

O mundo de hoje pertence aos resilientes.

Como disse Dom Helder Câmara: “É preciso mudar muito para ser você mesmo”, e traduzo essa frase à carreira: “É preciso melhorar muito para permanecer relevante no mercado”, especialmente em tecnologia.

Até a próxima!

Bastidores x Palco ao lidar com um cliente

Essa semana ouvi em alto e bom som de uma moça que me atendia, falando para sua colega: “Hoje de manhã foi ruim, mas esta tarde esse trabalho está um inferno!”.

Vejo isso toda a hora! Talvez toda a semana.

Certa vez, em uma palestra do Alexandre Espíndola sobre a maneira Disney de Encantar Clientes, o mesmo citou:

“Separem os bastidores do palco! A Disney tem um subsolo para isto: no Magic Kingdom não vemos alguém carregando um saco de batatas!”

Se eu fosse dar uma dica inicial para todos que desejam entregar um verdadeiro sucesso a seus clientes, desde varejo até o setor de tecnologia, seria esse: separe bastidores de palco.

Como? Cito 3 exemplos simples:

>Atenção plena: se envolver 100% (sem distração) quando estiver em uma ligação ou em um atendimento presencial;
>Não falar “o que vem na telha” enquanto um cliente está na frente, ou não realizar a famosa “panelinha” com os colegas (risadinhas e afins);
>Deixar certos comentários corriqueiros de lado, e ajudar a melhorar a experiência para o cliente como um todo: tornar o ambiente agradável e profissional.

Voltando à Disney: Será que um dos atores que interpreta o Mickey tiraria a sua máscara na frente das crianças para aliviar o calor, por exemplo? Inimaginável!

O resultado desejado pelo cliente passa pela experiência apropriada para se chegar a ele, e sempre passará.

E você: como costuma separar bastidores de palco no dia a dia; ou como direciona sua equipe para isto?

Acompanhamento de Vendedores, com Rui Aviz

O entrevistado da vez é Rui Aviz, Head de Inside Sales (Vendas) na Meetime.

Quando o assunto são Vendas, com certeza ele é uma referência e um cara que desponta cada vez mais seja pelo perfil empreendedor, interessado em aprender que sempre demonstra; seja por ajudar a tocar uma startup que é especialista em… Vendas!

Foi um papo muito legal que espero ser proveitoso para vocês também 🙂

 

1-Como foi sua trajetória em Vendas até chegar a Direção de Inside Sales na Meetime?

Me formei em Engenharia e após fazer alguns estágios em grandes indústrias, eu percebi que isso não me levaria no caminho que eu queria. Aí entrei no mundo das startups!

Fui sócio de uma Software House em Balneário Camboriú/SC, mas falhei nos dois principais projetos que eu tentei lançar. No meio disso, aprendi bastante sobre como NÃO começar uma startup e um pouco mais sobre Lean Startup (Startup Enxuta) nesse período.

Fui ao RD Summit em 2015 e encontrei o Diego Wagner, que também era de Brusque/SC. Após bater um papo com ele, descobri que estava procurando alguém para tocar a área comercial da Meetime!

Mesmo sem experiência em Vendas, meu perfil empreendedor foi o diferencial (exatamente o que o Mark Roberge comenta no livro dele): o primeiro vendedor precisa empreender o processo de vendas.

Além disso, eu também pegava muito feedback dos leads para entender perfeitamente “Por que o lead não está fechando?” e trazia esse feedback para o time de Produto, ajudando a empresa a evoluir.

Já que somos focados em Vendas, devorei livros de vendas, estudava muito, conversava com pessoas sobre vendas, como uma “esponja” que precisava aprender muito!

E sigo aprendendo…

 

2-Acompanhar vendedores não é das tarefas mais fáceis. Que reuniões você costuma fazer com seu time de Vendas?

Faço 3 reuniões semanais com meu time aqui na Meetime:

1.Forecast: uma reunião que acontece no início da semana para garantir que estamos seguindo a meta.

Uma reunião de Forecast precisa ser agendada de acordo com o ciclo de vendas. Já que o nosso ciclo é de 20 a 30 dias, a nossa é semanal.

É importante deixar claro o que é esperado de todo mundo na reunião, por ex: “X oportunidades para cair essa semana / próximos passos / o que pode impedir de fechar”, e garantir que esses deals caiam na semana.

2.1-1: é o clássico coaching individual em que discutimos sobre carreira / review de Pipeline / feedback de uma call, etc.

1h por semana para um papo sincero entre eu e o vendedor. (mais detalhes na pergunta 3!)

3.Bootcamp: acontece toda a sexta a tarde, dura 1h e é feita em grupo.

Se você quer evoluir o time, é importante dar tempo para o vendedor evoluir.

Essa ideia surgiu de um workshop que vimos do Jaaco van der Kooij (do Winning By Design) onde ele fala que 4 + 1 é maior que 5, ou seja, 4 dias vendendo e 1 dia praticando dava mais resultado que 5 dias vendendo.

O engraçado dessa reunião é pensar: “REALMENTE não podemos vender nesse período? Nem com uma call agendada? Nem com um fechamento à fazer?”. A resposta é não! Este é o momento do treinamento.

 

3-Como são estruturados os 1-1’s com seus vendedores?

Eu normalmente trato o 1-1 como um diagnóstico, feito por perguntas.

Para começar, pergunto que pontos o vendedor quer incluir no 1-1 que estamos iniciando.

E o grande ponto é definir um foco de trabalho para a próxima semana, traçando um avanço esperado até a próxima reunião!

Exemplo: melhorar a forma de fazer perguntas abertas na venda a partir de um certo número.

O próximo 1-1 inicia exatamente nesse ponto para medirmos a evolução a partir da última reunião feita.

 

4-Já que a Meetime tem um produto que auxilia nas Vendas, a responsabilidade sobre vender mais e melhor, cresce? Como vocês equilibram as expectativas para alcançar os resultados?

Sim, a responsabilidade aumenta.

O Marketing da Resultados Digitais precisa ser exemplar, assim como o vendedor da Meetime precisa ser especialista em vendas, e por isso somos bastante seletivos no recrutamento e na evolução constante.

Não à toa, no prêmio Vendas B2B Awards, tivemos um Vendedor e um SDR entre os Top 5 do Brasil, mas mais que tudo, o que nos deixa satisfeito é o feedback dos clientes sobre a abordagem que temos.

Mas pra mim o mais importante é colocar o foco do vendedor no processo e na qualidade das atividades que ele faz no dia a dia: todo mundo tem ou já teve um mês fraco. O que a gente não aceita é uma abordagem não consultiva, ou seja, prezamos pela qualidade!

 

5-Se você pudesse dar três dicas para quem está se tornando líder em Vendas agora, que dicas daria?

Nesse curto período de três anos vendendo e liderando Vendas na Meetime, minhas três dicas seriam:

1.O líder de Vendas é que trabalha pro time, e não o contrário. O líder tem que estar presente, ouvindo e pronto para ajudar;

2.Não supor as coisas. É importante ouvir exatamente o que o cliente falou, ouvir as calls gravadas, etc. Essa é a melhor forma de saber como ajudar a melhorar os pontos fracos;

3.Não temos controle sobre os resultados. Precisamos quebrar os resultados em pequenas ações e garantir que elas estejam sendo feitas. Cobrar só o resultado e não o caminho, para mim não é liderança.

Seguem os contatos do mestre Rui Aviz, para os que desejarem se aprofundar e entrar em contato:

Linkedin: www.linkedin.com/in/ruiaviz/

Email: [email protected]

O grande perigo dos 5%

Em meu primeiro estágio, eu tinha que realizar a clipagem de jornais de todas as regiões de Santa Catarina, localizar os clientes em meio às notícias, scanear, e enviar um relatório no fim do dia.

Certa vez em um plantão de fim de semana, por desatenção, deixei o principal jornal (Diário Catarinense) de lado e não o revisei.

Resultado? Os maiores clientes ligando na segunda-feira de manhã para perguntar como, no relatório, não constavam as notícias do DC!

O fato é: naquele dia fiz um trabalho incrível com 95% dos clientes. Mas isso foi praticamente anulado pelos 5% que deixei de fazer.

Eu acredito que essa situação surge em diversos momentos de nossa vida e de nossa carreira: todos temos os 5% que travam/atrapalham/transformam nossos limites em impossibilidades.

Se aprendi algo com essa situação, com certeza foi: de nada adiantam vontade e conhecimento para fazer o bem feito se damos margem aos 5% que podem jogar tudo por água abaixo.

Portanto: foco e atenção para chegar aos 100% em todos os âmbitos da vida, mas quando isso não acontecer, não ignorar os 5%! Limites fazem sentido quando superados.

A Cultura na Empresa, com Ana Rezende

Hoje o papo é com a Ana Rezende, uma referência quando o assunto são Pessoas. 

Tive a honra de trabalhar e trocar boas ideias com a Ana na época que estávamos na Resultados Digitais. (inclusive, entramos no mesmo dia, em março de 2015!).

Admiro muito o trabalho dela pois seus pontos positivos carregam algo muito especial: para mim, a Ana consegue trazer o dom maternal para sua profissão, através de paciência, visão e sendo uma excelente ouvinte (pontos esses, cruciais para alguém que entende profundamente de áreas de People/Recursos Humanos).

Conversei com a Ana sobre Cultura, ponto chave para qualquer empresa que queira crescer, na entrevista que vocês acompanham a seguir!

 

1-Ana, você teve experiências muito relevantes na carreira, tais como Embraco, Imaginarium, Resultados Digitais, e hoje toca com seu marido (Marcio Rezende) a Lidehra. Por que você escolheu trabalhar desenvolvendo pessoas ? Não é algo trabalhoso e cansativo demais?

É bem trabalhoso!

Eu gosto de estar em interação desde que me conheço por gente também desde cedo me senti intrigada em entender a forma como as pessoas são, reagem, se relacionam. Foi uma escolha meio óbvia fazer o curso de psicologia e já no 2º ano de faculdade (em 1999!) eu comecei a estagiar em RH e não saí mais. Eu acho lindo o processo de desenvolvimento, de aprendizagem, de superação. Vejo que é um privilégio poder acompanhar a jornada das pessoas e se possível, contribuir.

Eu vejo muitas empresas assumindo o papel de ser um terreno fértil para o desenvolvimento de seus colaboradores, incentivam, estruturam, acompanham e reconhecem avanços do time! Como não querer fazer parte disso?

 

2-Cultura é algo muito importante para as empresas. Para uma empresa que não tem clareza sobre sua cultura, existe um be-a-bá para a definição? Que dicas você daria?
1º – Ter clareza do norte, propósito/proposta de valor/metas da empresa;
2º – Principalmente em empresas até 50 colaboradores, é importante ter consciência de quais são os valores e crenças do dono/CEO/Founder da empresa;
3º – Fazer um match entre os valores e crenças existentes no principal líder e os resultados que a empresa busca para chegarmos em quais serão os comportamentos que devem ser reconhecidos no time e que levarão a empresa para o destino.

O processo não precisa (e nem deve) ser solitário, apenas com base no que o líder principal percebe/pensa/sente. O time é bem vindo na co-criação, na troca de insights mas devemos sempre ter em mente que para a cultura ser sustentável, ela precisa ser alinhada com o que o “cabeça” da organização é (talentos e gaps) para que ela seja vivida de forma consistente.

 

3-Você já viu alguma empresa mudar os seus valores, devido ao crescimento? Os valores de uma empresa são realmente imutáveis?
Eu penso na cultura organizacional como se ela fosse uma pessoa: tem crenças, valores, comportamentos, sentimentos, regras de funcionamento, ambiguidades, qualidades, defeitos. Se as pessoas mudam, amadurecem, as empresas também passam por este processo. Entretanto, mudança nos valores é mais raro, faz parte da essência. Acho mais provável mudar os valores quando há alteração significativa na liderança da empresa, e menos em função do crescimento.

Quando eu estava na Embraco fui testemunha de uma mudança nos valores da empresa quando ela foi comprada pela Whirlpool e recebeu um novo presidente. A empresa passou a estar ainda mais atenta aos resultados, à eficiência operacional e, valores como objetividade, meritocracia, competitividade passaram a fazer parte da rotina criando necessidade de ajustes em praticamente todos os processos de gestão de pessoas.

Percebo que as empresas estão cada vez menos investindo em elencar seus valores. Estão se dedicando mais em definir o propósito, o norte e os comportamentos que contribuirão (manifesto de cultura/culture code).

 

4-Qual o papel a área de Pessoas/Recursos Humanos tem para auxiliar todas as áreas a viverem a Cultura da empresa? Como?
Primeiramente é ser uma referência nos comportamentos presentes na Cultura. As pessoas precisam de modelo! A cultura é invisível, as pessoas a percebem através dos comportamentos e comunicações. RH precisa ser role model.

Todos os processos de gestão de pessoas devem ser feito para incentivar os comportamentos definidos como adequados pela cultura, seja nos processos de Get, Grow, Keep ou Let Go. RH não pode permitir que pessoas desalinhadas com a cultura sejam contratadas ou reconhecidas. Deve traçar e/ou apoiar ações que acelerem o desenvolvimento dos comportamentos presentes no manifesto de cultura. E ajudar a empresa a definir rituais que fortaleçam a vivência da cultura.

 

5-Com a sua experiência você deve ter alguns exemplos positivos de empresas que vivem seus valores e sua cultura de uma maneira interessante. Você poderia citar alguns cases?
Acredito que a AMBEV seja o case mais clássico. Difícil imaginar uma pessoa que não conheça o “jeito AMBEV de ser”, extremamente focado em resultados e meritocracia. Eu gosto de falar deste case pois vejo muitas pessoas criticando a cultura AMBEV e outras amando esta mesma cultura. Não existe cultura certa ou errada, existe a cultura que mais vai contribuir para que a empresa chegue aonde almeja, e, existem profissionais que vão se identificar ou não com esta cultura.

Poderia citar também Netflix, Google, Resultados Digitais, Nucont e etc… mas escolhi falar de uma empresa ainda pouco conhecida, infelizmente para quem ainda não a conhece, a SumOne. A empresa vive o propósito de se reinventar em busca de crescimento e desenvolvimento (seu, dos SumOners, clientes…) e desafia seu RH e líderes a questionarem e ajustarem as ferramentas, processos e programas “padrão” de desenvolvimento de pessoas para viverem intensamente seu propósito. Empresa tem muita clareza de quais são os comportamentos a serem reconhecidos (Level Up, Brave, Human, Owner), quais são os comportamentos não tolerados e cumprem consistentemente política de consequência. A sua cultura é fortemente percebida por quem interage com ela mesmo estando “de fora” da empresa. O foco da SumOne não é resultado per se, mas sua consistência e agilidade nas correções de rotas de seus colaboradores, tem feito com que eles estejam voando.

Muito legal, né? Se quiser entrar em contato com a Ana e com o pessoal da Lidehra, seguem abaixo:

Linkedin: www.linkedin.com/in/anacarolinavrezende

Email: [email protected]

Site: www.lidehra.com.br