Acontece que ao pensar em resoluções de ano novo, adaptei o modelo trazido por ele para uma forma mais útil de pensar no ano que vem. Para que as resoluções de ano novo não fossem muito vagas (ex: Quero ser mais feliz) e-ou irreais (ex: Quero ser halterofilista)
Esse modelo é dividido em 2 partes, que exemplifico a seguir:
1.GREENLIGHTS (sinal verde)
São coisas que você quer fazer mais ou permanecer fazendo.
Ex: Algo geral como “Tempo pra família”; “Foco na minha carreira”; “Foco na saúde” e até específico como “Ir a academia 3x por semana”; “Ler 1 livro por mês”.
Pode escrever uma chamada e exemplificar em tópicos se você achar que fica mais claro (ex: Dentro de “Foco na saúde” eu teria 2 tópicos específicos: -Academia 2x por semana; -Corrida 2x por semana).
2.REDLIGHTS (sinal vermelho)
São coisas que você quer fazer menos ou não fazer.
Ex: “Dizer não a eventos de conhecidos”; “Dizer não a convites para Lives pois tomam muito tempo”; etc.
Sinceramente, quando escrevi minhas Redlights, todas as quatro foram baseadas em dizer mais ‘não’ para coisas. Se eu digo não, mais tempo para as Greenlights aparecem. Como diria Naval Ravikant, “é a liberdade DE…” coisas que não fazem sentido, e não liberdade PARA… algo.
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Tenho a ideia de ao fim de cada trimestre (fim de março; fim de junho; fim de setembro; fim de dezembro) avaliar cada ponto das Green ou Redlights com:
a) Está dando certo
b) Pode melhorar
c) Não está dando certo
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Claro que a vida muda, as surpresas da vida podem vir, mas em geral é legal para ter um norte e iniciar 2022 com o pé direito.
E para você, quais seriam suas Greenlights e Redlights para este ano que vem?
Se você ganhasse na mega sena, como seria uma segunda-feira normal na sua rotina?
Quais seriam as atividades que faria? Você seria uma pessoa realizada? Seria uma pessoa feliz?
Enquanto estou escrevendo este texto, completo cerca de 2,5 anos em home office.
Escrevo este post para refletir um pouco sobre isso e sobre a relação que existe entre felicidade e home office.
Nota: home office é apenas uma expressão, pois como explico abaixo, definitivamente não passei 2,5 anos enfurnado em casa. Longe disso.
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Parto do princípio: maioria de nós e acho que todos os leitores aqui do Blog anseiam por ter felicidade.
Pra onde vou na vida? Vou em busca da felicidade.
Como? Isso depende de cada pessoa.
Uns buscam dinheiro desenfreadamente mesmo que isso envolva trabalho excessivo, outros equilibram vida e trabalho, e outros parecem não gostar muito de trabalho. O mundo tem espaço para todos.
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Se eu ganhasse na mega sena hoje, acredito que uma segunda-feira feliz envolveria:
Acordar sem preocupações (o que não significa acordar meio dia, claro)
Não pegar trânsito ou não perder tempo me locomovendo (stress)
Tomar um bom café da manhã
Fazer alguma atividade física
Trabalhar em algum projeto que eu ame
Parar de trabalhar quando sentir que tive um bom dia
Ajudar alguma pessoa (ex: Alguém que pede ajuda no Linkedin)
Curtir minha esposa/família
Praticar algum hobbie (ex: Ir a um jogo, ver TV, Igreja, etc.)
Seria isso.
Claro, não estou aqui falando sobre dias extraordinários, como viajar para algum lugar bacana. Estou realmente querendo tratar de um dia normal, típico.
O que percebi foi: o home office simplesmente me fez conquistar muitos dos pontos citados – e outros tantos que não citei.
Mesmo não tendo o dinheiro que teria se ganhasse na mega sena; mesmo não morando na casa com piscina dos sonhos de quem ganha a mega sena; e mesmo não podendo sair viajando o mundo durante o ano como uma pessoa que ganhou a mega sena – eu sinto que já tenho a liberdade para viver diariamente este dia feliz.
Isso nos leva a um conceito sobre Felicidade e Paz que gosto muito, de Naval Ravikant:
PAZ = FELICIDADE EM REPOUSO
FELICIDADE = PAZ EM MOVIMENTO
No home office, me sinto em paz. Sinto a liberdade necessária para estar em paz.
E isso não significa trabalhar menos, trabalhar pouco, não trabalhar ou não se envolver em projetos fora do trabalho.
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Como trabalho no meio de tecnologia, tenho a graça de não precisar estar num escritório para trabalhar e sei que nem todos conseguem isso.
Perco? Sim, também perco.
Perco o cafezinho com os colegas, as ideias que surgem no corredor da empresa. Perco de conhecer pessoas pessoalmente ou simplesmente de ter contatos mais humanos.
Mas ao mesmo tempo, escolhi trabalhar neste tempo todo cerca de 2x por semana num coworking que gosto muito, o Impact Hub. Vou quando dá na telha, sem pressão e sempre tenho um dia muito bom, rodeado por pessoas que também tiveram a mesma ideia.
Inclusive o modelo de trabalho híbrido me agrada bastante para um futuro.
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Quer exemplos mais práticos? Dou alguns exemplos de coisas que já fiz-consigo fazer neste modelo:
Ir almoçar minutos antes de toda a cidade chegar no restaurante e pagar a conta enquanto todo mundo está na fila se servindo
Ir na academia fim de tarde antes da multidão chegar
Correr vendo o pôr do sol em um dia comum
Cumprir afazeres no horário de almoço, tais quais ir a um cartório, passar no mercado ou simplesmente levar o carro no conserto
Fazer reuniões da varanda, pegar um bom sol de inverno e me sentir revigorado
Almoçar com amigos que estão nas redondezas e conversar sobre a vida com pessoas que gosto muito
Viajar em família e não perder dias de trabalho, já que com Wifi consigo ter um dia normal
Dentre outros exemplos que seriam muitos.
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Portanto eu digo seguramente: se o home office permite que tenhamos dias felizes assim, não há nada melhor que isso.
Em um testemunho pessoal: praticamente toda semana recebo mensagens de pessoas querendo mudar de emprego, uma nova carreira e afins. Maioria por Linkedin.
Quando indico os passos que julgo serem necessários, sinto um ar de tristeza: “Tudo isso?” e sei que em grande parte dos casos a pessoa não agiu proativamente para conseguir o que queria.
Me tranquilizo lembrando de uma frase de Thoreau, em Walden (meu livro preferido):
“Se um homem marcha com um passo diferente do dos seus companheiros, é porque ouve outro tambor”.
Ou seja, quem sabe essa pessoa simplesmente ouve outro tambor. Faz parte da vida.
Quando nasci, em 1991, o Brasil estava prestes a viver uma grande confusão.
Fernando Collor de Mello estava à toda e Marcilio Marques Moreira havia substituído a famosa Zélia, prima de Collor, como Ministro da Fazenda.
A inflação era de 20% e nem preciso contar o restante da história – confisco das poupanças, impeachment, etc.
A medida que fui crescendo nosso País continuou assim, com alguns períodos de estabilidade e muitos de instabilidade em diversos âmbitos.
E hoje, nem preciso comentar: se eu punha uma certa esperança cristã de que “todo homem é bom”, as decisões políticas e interesseiras nesta pandemia me fizeram ter desesperança sobre o ser humano. Eu acabo a pandemia em uma teoria que mais se aproxima de vivermos um “vale de lágrimas” do que de estarmos em um Céu já aqui na terra.
Diante de todo esse cenário, nascendo, crescendo e vivendo essa confusão chamada Brasil – e após ler ideias de um livro que muito me chamou a atenção resolvi sair um pouco do âmbito startupeiro para responder a pergunta: afinal, o que penso sobre política?
O lado racional x o lado intuitivo
Daniel Kahneman em sua obra “Rápido e Devagar” nos mostra que o ser humano tem dois lados:
a) o intuitivo: rápido, reativo, como um “susto”;
b) o racional: é elaborado, devagar, podemos pensar calmamente sobre.
Outro autor, que explorarei mais aqui, o psicólogo Jonathan Haidt, em “A mente moralista” explora de forma mais profunda ambos os lados através de uma curiosa analogia.
A analogia do homem em cima do elefante
Haidt defende que o elefante representa o lado intuitivo: quando o elefante age, não há muito que o homem (lado racional) possa fazer.
O normal para o ser humano é agir primeiro a partir de sua intuição, como um elefante desgovernado. O normal é não mudar de ideia. O normal é não ouvir o outro. O normal é não se abrir para uma possível complexidade. O normal é não se abrir para o diferente. O normal é se sentir confortável somente com pessoas que pensam iguais a você, sua tribo, e não se abrir a outras ideias – a outros caminhos e pensamentos.
Esta simples analogia de Haidt para mim resume muito o que é política: pessoas agindo através de sua intuição.
E isso cria todos os tipos de polarização possíveis:
Esquerda x Direita
Racismo
Xenofobia
Guerras políticas
Guerras “santas”
Brigas e discussões
…e o output disso tudo é o sofrimento (seu ou do próximo).
E obviamente, por consequência disso tudo, os tempos nos levam a termos no poder sujeitos extremistas e conservadores. Políticos que representam a ideia do “elefante intuitivo” antes do “homem racional”.
Algumas conclusões
Diante de tudo isso, hoje sou cético para a política por ser cético acerca do ser humano, a lá Hobbes e Maquiavel.
Algumas conclusões acerca do tema:
Provavelmente eu morra em um País ainda confuso, com valores morais (como sociedade) e éticos (como indivíduos) duvidosos. Ivan Lins cantou “Desesperar jamais” – e eu corrigiria: “Desesperar jamais, pois meu País vive um eterno desespero político”.
Devo votar no político menos pior – ou que esteja mais aberto ao diálogo e ao novo.
Devo focar tempo e dinheiro auxiliando a minha comunidade, meu “pequeno País”, como em projetos sociais de forma contínua ao longo da vida – ao invés de perder tempo no Twitter passando raiva de políticos ou lamentando do sofá da sala mortes no Oriente Médio quando na favela perto da minha casa tem gente passando fome e frio.
Não devo focar tempo da minha vida acompanhando política além das principais notícias, como no The News (5min toda manhã na minha caixa de entrada) e alguns jornalistas que expressem uma visão inteligente do que acontece. Ficar 100% alheio não ajuda em nada, mas ficar 95% alheio já está bom pra tosse.
Devo educar meus filhos para fazerem desse mundo um lugar melhor.
Devo sempre rezar e torcer por um Brasil melhor, apesar do ceticismo.
Tomara eu estar errado, o Brasil de alguma forma dar certo e no fim da vida poder entoar como fez Elis ao fim do lamento em “Aos Nossos Filhos“: