Constância: um padrão entre os campeões do WCT

Pipeline, 18 de dezembro de 2017.

Faltando 5min para o fim da bateria, o garoto de Maresias, Gabriel Medina precisa de uma nota 7.07 para virar a bateria em cima do veterano francês, Jeremy Flores para seguir vivo na busca do título.

As mudanças do mar neste começo da tarde em Oahu, Hawaii, interferem nas ondas que simplesmente não aparecem…

E acaba o tempo: mais uma vez Medina bate na trave e põe a cabeça em 2018.

Me pergunto, então:

  • Existe um padrão entre os campeões do WCT? Algo que todos tenham passado/feito e que lhes garantiu o título? Se sim, o que é?

Pedindo socorro aos dados

Desde que trabalho na área de Vendas, percebo que ser guiado por dados é um dos pontos mais importantes para startups que querem crescer de forma previsível e escalável.

Saber o que tem dado certo, e o que tem dado errado; o que poderia melhorar de um mês para o outro e quais insights tirar dos dados compilados se tornam pontos cruciais rumo a resultados de sucesso. Como diria um ex-chefe: “Que vendas seja cada vez mais uma ‘máquina de salsicha’!”

Com o fim do ano no WCT (World Championship Tour) de Surf e o Bi-Campeonato de John John Florence, escrevo um post que permita ler o surf de maneira diferente: baseado em dados.

Antes de tudo, se você não acompanha ou tem ideia de como funciona o WCT, sugiro a leitura desse post de 2015, mas que pode ilustrar bem para os leigos.

Procurando um padrão entre os campeões

Desde que li a famosa autobiografia do mestre Kelly Slater, 11x campeão Mundial do WCT, finalista de 79 etapas no tour e vencedor de 55 delas, tive a impressão que os campeões eram definidos a partir de resultados no primeiro semestre (ou se preferir, até a metade das etapas do Tour), com a premissa:

“Maioria dos vencedores do WCT fizeram um primeiro semestre melhor, garantindo tranquilidade a partir de uma quantidade de pontos conquistada”.

No ano de 1994 eu tinha apenas 3 anos, mas os registros confirmam. O Careca (como é conhecido) fez um primeiro semestre impecável! 4 finais em 6 eventos, e durante o ano inteiro sendo campeão em: Bell’s, Lacanau e Pipeline.

Mas isso não se torna um padrão quando pensamos em dados. Dos 11 títulos de Kelly no CT, ele fez uma primeira “metade” (ou primeiro semestre) melhor em 5 deles.

Na tabela a seguir, todas as colocações do Careca nos anos de títulos. (Veja em melhor resolução clicando aqui.)

Observações:

1-Em verde, quando foi 1º, 2º, 3º ou 5º colocado.

Em amarelo, quando foi 9º colocado.

Em vermelho, quando foi de 13º a 33º colocado (ou não participou da bateria/estava machucado).

2-Para os anos que tiveram baterias “ímpares”, considero duas vezes a bateria do “meio” (se tem 11 baterias, a 6 é a “do meio”) para trazer dados justos

Ok, estou convencido que não existe consistência ou fórmula mágica na leitura por semestres.

Isso me levou a fazer uma pergunta relevante para tentarmos chegar em algum lugar:

“Quantos vencedores de CT garantiram o título antes da última etapa?”

Apurando esses dados desde 1992 (primeiro título do Kelly) chegamos a seguinte resposta:

1992 | Kelly campeão com 1 etapa de antecipação
1993 | Derek Ho campeão na última etapa
1994 | Kelly campeão com 1 etapa de antecipação
1995 | Kelly campeão na última etapa
1996 | Kelly campeão com 2 etapas de antecipação
1997 | Kelly campeão com 2 etapas de antecipação
1998 | Kelly campeão na última etapa
1999 | Occy campeão com 1 etapa de antecipação
2000 | Sunny campeão com 1 etapa de antecipação
2001 | CJ campeão na última etapa
2002 | Andy campeão com 1 etapa de antecipação
2003 | Andy campeão na última etapa
2004 | Andy campeão com 1 etapa de antecipação
2005 | Kelly campeão com 1 etapa de antecipação
2006 | Kelly campeão com 2 etapas de antecipação
2007 | Mick campeão com 1 etapa de antecipação
2008 | Kelly campeão com 2 etapas de antecipação
2009 | Mick campeão na última etapa
2010 | Kelly campeão com 1 etapa de antecipação
2011 | Kelly campeão com 1 etapa de antecipação
2012 | Parko campeão na última etapa
2013 | Mick campeão na última etapa
2014 | Medina campeão na última etapa
2015 | Mineiro campeão na última etapa
2016 | John John campeão com 1 etapa de antecipação
2017 | John John campeão na última etapa

Ou seja,

4 campeões com 2 etapas de antecipação
11 campeões com 1 etapa de antecipação
11 campeões na última etapa

Ainda assim, não fiquei satisfeito. Pensei que precisávamos de um padrão relacionado aos campeões de cada ano, algo que fosse certeiro e unânime.

Foi aí que, apurando os dados de todos os anos do Kelly e dos campeões de 2011 até 2017 percebi algo interessante: todos eles possuíam uma sequência de bons resultados (1º, 2º, 3º, 5º lugar no mínimo) a ser observada.

A essa sequência, chamo aqui de Sequência de Ouro (veja em melhor resolução clicando aqui):

*Ex: Mineiro, sempre esforçado, iniciou 2015 mandando muito bem na perna Australiana (três primeiras etapas) fazendo sua Sequência de Ouro que garantiu o título conquistado no fim do ano. Já que hoje contamos com 2 descartes (2 piores notas do ano, que não entram no somatório), ele administrou os pontos para se sagrar campeão na última etapa daquele ano, em Pipeline.

Sendo assim, minha premissa trouxe um padrão claro:

“Cada surfista campeão tem uma Sequência de Ouro, de 3 a 7 bons resultados (durante o Tour) que representam a maior fatia dos pontos que garantem seu título. Nenhum outro surfista faz uma sequência que pontue tanto quanto eles no mesmo ano.”

Constância, constância, constância!

Isso parece meio óbvio: surfista que se coloca bem, vence o campeonato de “pontos corridos” do ano. Mas o diferencial é a sequência, a qual traduzo como constância.

O dicionário informal traz constância como: “[…] que tem estabilidade funcional, que cumpre procedimentos regulares sem nenhuma alteração, ou quase nenhuma, transmitindo segurança e confiança, proporcionando o desenvolvimento de tarefas sensíveis a alterações de todas as ordens, com excelente desempenho.”

Sendo assim, notamos que um surfista pode inclusive vencer o CT sem vencer nenhuma etapa: basta se manter no topo em sua própria Sequência de Ouro.

Como? Aí entra a parte complicada: elementos físicos; psicológicos; treinamento; a vida fora do mar; conhecer o pico; foco; dentre tantos outros.

Sem dúvida, o CT de 2018 conta com muitas estrelas. Ninguém é imbatível e tem muita gente querendo despontar e se sagrar campeão. O diferencial é se manter em cima.

E o ano novo está chegando…

Como foi o seu ano profissional? Sentiu que teve uma sequência de dias, semanas ou meses que você despontou e trouxe mais resultados?

Se sim: qual foi sua Sequência de Ouro? Como você atingiu? (lembre-se que a resposta pode vir com pontos simples como: boas noites de sono, cuidado com a saúde e alimentação, mais energia, etc.)

Como escrevo dentro do mundo de startups, que dividem seu tempo por trimestre (quarter, em inglês), que nosso primeiro trimestre seja incrível, e que traga constância para que signifique uma grande virada para o resto do ano.

Que vençamos nossos próprios CT’s!

Abraços e feliz 2018 🙂

Ambição sem foco: o grande dilema da juventude

Esses tempos, um amigo recomendou um post do Ryan Holiday, “36 Books every young and wildly ambitious person should read”.

Este post, por mais clichê que possa parecer, me chamou a atenção por um livro em especial: “The Apprenticeship of Duddy Kravitz”. A minha sorte é que o filme, homônimo, estava disponível e completo no Youtube e o vi na mesma noite.

A obra canadense, do autor Mordecai Richler, conta a história de Duddy Kravitz, jovem judeu que está sempre cheio de afazeres, negócios, pra lá e pra cá, em busca de um objetivo geral. Seu avô, em certa altura da trama (exatamente na fotografia da capa deste artigo), diz:

“A man without a land is nobody”

E Duddy leva isso a sério — fará o que for preciso para conseguir seu pedaço de terra.

A novidade é: as coisas não acontecem conforme ele planejou e ao longo do tempo, o personagem principal está imerso em uma “bola de neve” de dívidas, afazeres e longe dos princípios éticos e morais para se chegar ao objetivo. Vai-se a ambição e fica a ganância. Vai-se o ser humano e fica um animal, um faz-tudo.

Ouso dizer que Duddy Kravitz hoje é a personificação de esmagadora maioria da juventude. A juventude que tem o mundo nas mãos, sonha alto e concretiza pouco ou quase nada.

Sonhar não custa nada (ou quase nada)

Toda ambição nasce de um sonho, e todo sonho nasce de um desejo.

E desejo, segundo a filosofia, pode ser definido como uma tendência em direção a um fim que seja uma fonte de satisfação.

Sendo assim, o sonho na maioria das vezes vêm de uma insatisfação vivida de forma positiva: “De alguma forma, dias melhores virão!”.

O grande problema é que a juventude cai num paradigma, onde a realização do sonho vai acontecer em um passe de mágica, como se não fôssemos feitos para batalhar, conquistar e vencer. Não estamos mais acostumados a renúncias e sacrifícios, desistimos de forma fácil.

“To dream your life is not to live it. You have the right to cling to a dream so that it will push you forward, but never to keep you from reality”. (Michel Quoist, “Reússir”, 1963)

A psicóloga americana Meg Jay escreveu uma obra interessantíssima chamada: “The Defining Decade” onde defende que a faixa dos 20 anos é o período da vida ideal para mudanças. Aos 35 anos os adultos são levados a continuar as ações iniciadas aos 20. “Trata-se de um período especial demais para não ser levado a sério”.

A juventude que parece ter o mundo nas mãos, parece correr atrás dos objetivos, muitas vezes acaba fazendo o contrário e perecendo. Que falta, então?

Foco + Ambição = Aspiração

No primeiro semestre tive a oportunidade de estar com dois grupos de jovens, que beiravam seus 20–30 anos, falando sobre Antropologia Teológica e a dinâmica do sentido da vida (quem já leu Viktor Frankl sabe do que falo).

Ao final, deixei um plano de ação como uma espécie de dever de casa, em que uma das questões era: “Onde quero estar daqui a 5 anos?”.

Pois faço a mesma pergunta a você: aonde quer estar?

No Brasil ou na Australia? Trabalhando em sua área ou experimentando uma mudança profissional? Sentado em um escritório ou trabalhando à distância, da praia? (…)

Pois, se pensarmos que daqui a 5 anos estaremos no cume da montanha, a subida se dará nos próximos anos, meses, semanas, dias e horas. Subir a montanha já é viver a experiência de estar no topo dela, por mais que aquela segunda-feira chuvosa possa parecer o contrário.

A arte do Essencialismo

Nunca consegui exprimir em palavras o dilema da ambição sem foco, ou a velha questão da juventude que não conclui os sonhos, até conhecer o livro “Essencialismo”, de Gregory McKeown.

O livro, na minha opinião uma obra-prima, vai além dos livros de auto-ajuda meia-boca que, por vezes, são pintados de best-seller nas livrarias. Já recomendei a todas as pessoas próximas, por acreditar que pode otimizar muito a vida da juventude e mais: conseguir dar o foco necessário com seus ensinamentos.

Eis algumas ideias expressas no livro, que me chamaram mais a atenção:

  1. A importância do não: “Só quando nos permitimos parar de tentar fazer tudo e deixar de dizer sim a todos é que conseguimos oferecer nossa contribuição máxima àquilo que realmente importa”.
  2. Não se pode fazer tudo: “O essencialista toma decisões únicas que resolvem mil decisões futuras”.
  3. Estabelecer prioridade é ter um norte: “Se não estabelecermos prioridade, alguém fará isso por nós”.
  4. Cuidar do armário da vida: “O essencialismo é a disciplina que aplicamos toda vez que precisamos tomar uma decisão e devemos escolher entre dizer sim ou recusar educadamente. É um método para abrir mão de muitas coisas boas, por mais difícil que seja, e ficar com as poucas coisas extraordinárias”.
  5. A diferença clara entre um essencialista e um não-essencialista: “Enquanto os não essencialistas se comprometem com tudo ou quase tudo sem examinar nada, os essencialistas exploram e avaliam sistematicamente um grande conjunto de alternativas antes de se comprometer com alguma delas.”
  6. Às vezes, não se pode fazer tudo: “Você já conviveu com alguém que está sempre tentando encaixar só mais uma coisinha nas 24 horas do dia? […] Sua lógica, que ignora a realidade de que para ganhar é preciso perder, é: dá para fazer as duas coisas. […] Inevitavelmente, eles chegam atrasados à reunião, perdem um ou ambos os prazos e ou não vão à festa do primo ou perdem o show.”
  7. Definição de foco: “Para ter foco é preciso escapar para criar o foco. […] Newton descobriu a lei da grativação universal ‘pensando continuamente’, ou seja, com exclusividade. Ele criava um espaço ininterrupto para a concentração intensa, o que lhe permitiu explorar os elementos essenciais do universo”.
  8. Vitórias e carreira: “O caminho do essencialismo trata-se de levar a vida com significado e propósito. Ao recordar a carreira e a vida, o que é melhor: ver um enorme rol de realizações sem nenhuma importância ou poucas realizações maiores com significado e importância reais?”

Interessante, não? Eis um livro que vale a pena ir atrás.

Para onde você quer ir?

O amanhã bate à porta.

Por que não revisitar aqueles sonhos estudantis, profissionais, ou mesmo hobbies, para que consigam ser realizados?

Recentemente um grande amigo completou o Iron Man: 3,8 km de natação; 180 km de ciclismo e 42 km de corrida, mas pasmem: algum dia, há não muito tempo, ele pulou pela primeira vez em muito tempo, em uma piscina; comprou uma bicicleta nova e correu seu primeiro km.

“Life is so short. I would rather sing one song than interpret the thousand.” (“the king”… Jack London)

Ninguém nasce para ser um Duddy Kravitz: tem a impressão de que muito faz, mas não faz absolutamente nada.

Foco! Ambição! Essencialismo! Para que nossa juventude aspire dias magníficos, afinal o futuro à ela pertence.

No mundo de Sofia

A dor humana, as vezes, não cabe na casa palavra.

Acredito, entretanto, que a palavra pode vir a ser um socorro à alma humana.

Refletindo, escrevemos. E escrevendo, vivemos e conseguimos conviver com a dor.

Por isso escrevo, com Sofia no coração.

De Sofia, lembro da felicidade.

Como carece para nós, adultos, sorrirmos. Como é dificil espiritualizarmos o cotidiano que nos cerca.

Quantas vezes, no grupo Monsenhor Bianchini, que refletia sobre o sentido da vida, ou discutia alguma pergunta “de gente grande e séria”, fomos surpreendidos com: “Já pode comer?”, da pequena. Só não recordo quem era o último a parar de rir.

Feliz quem convive com seres humanos que são a porta aberta para o riso!

Eis o sentido da vida: direcionar a vida para Deus com alegria, sorrisos e felicidade.

Afirmou Bento XVI: “Onde há tristeza, onde morre o humor, aí não está certamente o Espírito Santo, o Espírito de Jesus Cristo. A alegria é um sinal da graça”.

Reconhecer a felicidade em coisas miúdas. Um desafio enorme para quem não tem coração de criança.

E lembro: criança é o que está sendo criado. Quão bom é sentar-se para brincar com uma criança que não tem outra preocupação a não ser o momento presente, sem maiores obrigações.

Quem não gostou tanto das brincadeiras foi Gavião, o cachorro rottweiler de nosso amigo Tiagão. Pois a pequena, com 7 anos, usou-o como montaria. Coisas do mundo de Sofia!

De Sofia, penso sobre ter tempo de abrir-se ao outro.

Outra grande dificuldade do homem moderno: ter tempo para o outro.  

Como podemos saber que novidades o outro pode nos trazer, se nunca vamos ao seu encontro? Nos é mais confortável eliminar aquele que não corresponde as nossas expectativas.

Sofia compreendia melhor quando entrava no mundo do outro, claro, da forma mais inusitada e simples possível.

Jesus, da mesma forma, entra no coração dos que se abrem a Ele. E assim encoraja as pessoas a se mostrar em sua mais sincera verdade. O baixinho Zaqueu, por exemplo.

Afinal, qual será a alegria de quem receberá os presentes doados por Sofia?

Diria o poeta em uma linda canção Eucarística entitulada ‘Canção para Cristo’: “Ir ao encontro dos outros é o segredo pra vencermos a nós mesmos”.

Com Sofia, imagino a eternidade.

Num sábado de sol, partiste.

Recordo o início de um poema do jornalista carioca Giusepe Chiaroni:

“Eu quero voltar pra casa, meu pai.

Quero voltar.

Depois de tanto girar,

Esqueci ou desconheço

O meu primeiro endereço

a luz do primeiro lar […]”

Voltaste a tua Casa, “Sosô”. Voltaste a teu Primeiro Lar.

Através da mesa Eucarística, poderemos estar mais perto de você a cada Celebração.

Para os que ficam, jamais esqueçamos que a vida pode ser mais simples, amiga e feliz, como ela. Eis a nossa missão até que Ele nos chame.

Ziraldo, finalizando a belíssima obra “O Menino Maluquinho” conclui o que há em meu coração (adaptado a Sofia):

“E foi então que toda a gente descobriu que ela não tinha sido uma ‘menina maluquinha’. Ela tinha sido uma menina feliz!”

Até um dia!

Pessimismo ou Otimismo? (nos negócios e no dia a dia!)

“Para o otimista, todas as portas têm maçanetas e dobradiças. Para o pessimista, todas as portas têm trincos e fechaduras”.

(Willian Arthur Ward)

Você se considera um pessimista ou um otimista?

Pessimismo: “Vai dar tudo errado”

Desde os antigos até os contemporâneos, podemos contar com visões pessimistas do todo.

A Teologia Cristã nos lembra do ser humano caído, pecador. Sempre teremos a mancha do pecado original vindo de Adão e Eva e vivemos em busca de salvação, em busca do Céu que nos espera.

O Luteranismo, por exemplo, (vertente cristã da Igreja Católica) traz a ideia de que o ser humano é totalmente corrompido pelo pecado. Nem a graça (dom recebido) é bastante pois o coração em si é corrompido.

No ramo da psicanálise, Freud traz a concepção de “eros” (pulsão de vida) e “tanatos” (pulsão de morte) que entram em conflitos psíquicos.

Por exemplo, enquanto há amor também há ódio. Enquanto há bondade, há maldade. Quando plantamos o trigo, colhemos também o joio.

O escritor brasileiro Rubem Alves, exemplifica:

“As pequenas despedidas apenas acordam em nós a consciência de que a vida é uma despedida”

Se pararmos pra pensar, talvez seja mais raro encontrar pensadores otimistas pois o conhecimento nos torna críticos. E maioria das vezes, críticos negativos.

O pessimista, em geral, sempre vai trazer obstáculos, sem a pretensão de enxergar a capacidade de ultrapassá-los. As situações se tornam imutáveis.

Existem pessimistas que falam em cautela, como uma espécie de escudo. Mas pergunto: qual empreendedor de sucesso que nunca arriscou? Cautela tem limites.

Se acompanho alguém que tem horror ao pessimismo, esse é Romero Rodrigues, fundador do Buscapé.

Recomendo esta entrevista, para o Canal do Youtube “Foras de Série”.

Otimismo: Fé no que virá

Voltando à frase inicial do texto, o otimista não fica aprisionado, fixado pelos trincos e fechaduras, e sim procura abri-los.

Schopenhauer, conhecido filósofo prussiano, em “Aforismos sobre a filosofia de vida” abre o livro de uma forma curiosa. Ele diz que a tarefa da filosofia é tornar a vida mais agradável, a existência feliz.

Interessante, não? Portanto concluímos que saber que algo está ruim ou difícil não é pretexto para lamentar um problema, e sim um ponto de partida para a melhora.

Na última semana, vi um quadrinho interessante no instagram: dois arqueiros apontando para um monstro gigante. Um pensava: “Caramba, é grande à beça. Não tem como vencer.” e o outro: “Caramba, é grande à beça. Não tem como errar!”.

Para bem enumerar este tópico, cito três caracterísitcas de um otimista:

1.É apaixonado pelo que faz

A palavra paixão está carregada de diversos significados.

Se por um ponto, podemos enxergá-la como “aquilo que nos afeta”, por outro pode trazer a ideia de “aquilo que nos incendeia”.

Você é apaixonado pelo que escolheu fazer ou é da tribo que lamenta a cada domingo a noite, de que “amanhã é segunda-feira?”.

Recordo-me do personagem Garfield, de Jim Davis. Se pararmos pra pensar, todo o rumo da história é guiado pela frase “I hate monday’s!” (“Eu odeio segundas-feiras”).

A paixão nos traz vitalidade. Por mais que um fim de semana possa ter sido bem aproveitado, precisamos descobrir o equilíbrio para o nosso dia a dia.

Querendo ou não, a revolução industrial nos deixou um legado de produção em séries. Funcionários que mais parecem robôs, em certos pontos.

Prefiro pensar em trabalho lembrando de afazeres artesanais, que vieram antes da industrialização: teares feitos com simplicidade e competência, nos trazendo a essência.

Por isso, traga sua essência para seu trabalho. Com certeza isso pode trazer bons frutos.

2.É ambicioso

Antes de tudo: não confundam ambição com ganância!

O ganancioso quer tudo a qualquer custo. Alguém lembra daquela obra intitulada “Um Conto de Natal”, de Charlie Dickens? Um clássico americano.

No enredo, o personagem principal Ebenezer Scrooge se irrita com a alegria que contagia a todos no natal. Sua ganância e avareza o cegaram.

Eis que é visitado por três fantasmas (do passado, do presente e do futuro) que vêm mostrar como seguirá sua vida se levar a vida de forma gananciosa.

A ambição, pelo contrário, é a capacidade de elevar as coisas que se tem: aprender mais, conhecer mais, estruturar a carreira. Querer mais e melhor.

O otimista carrega a ambição aonde vai.

Em tempos de carnaval lembremos de Martinho da Vila, sempre otimista:

“[…] Canta canta, minha gente.

Deixa a tristeza pra lá.

Canta forte, canta alto,

Que a vida vai melhorar […]”

3.É capaz de transformar vontade em sucesso

O consultor americano Michael Gibbs afirmou que “cerca de 80% das startups falham no Vale do Silício”.

Por que será? Tanta vontade! Tanta iniciativa interessante! Como compreender?

Acredito que para ser capaz, são necessários:

Competência: não podemos dizer que “somos competentes”, e sim que “estamos sendo” competentes.

Líderes de startups de sucesso geralmente tem uma ânsia por conhecer, saber, entender. Não nasceram prontos, de forma alguma.

No ramo futebolístico, cansei de ver jogadores competentes que não tem metade do talento de outros. Porém, fazem o seu melhor para o melhor da equipe com extrema responsabilidade, e por isso tendem a levantar a taça no fim do campeonato.

Constância: quantas ideias fantásticas você já teve em uma mesa de bar? E quantas foram concretizadas?

Cuidar para não deixar a peteca cair, é algo fundamental.

Planejamento do dia a dia, feedbacks constantes, terminar as tarefas que iniciar são pequenas dicas para a continuidade das ações, que podem refletir no sucesso.

Há um provérbio chinês que nos ensina:

“As flores de todos os amanhãs estão nas sementes de hoje”

Quem não crê na vitória, já nasce derrotado! Otimismo no trabalho, otimismo na vida.

Até a próxima!

5 lições aprendidas com o Pipe Masters 2015

Você sabia que é possível aprender com o esporte? E que tal entender lições importantes com o surf?

Ano após ano, a etapa final do WCT (World Championship Tour) é realizada no North Shore do Hawaii, em pico chamado Pipeline.

O Pipe Masters, portanto, reúne os melhores surfistas da atualidade que têm um objetivo em comum: dropar as melhores ondas.

Antes de tudo:

Quer entender a importância do Hawaii para o surf? Veja este vídeo.

Não sabe como funciona o WCT (World Championship Tour)? Veja este infográfico.

Acompanhe, a seguir, 5 grandes lições que o Pipe Masters de 2015 trouxe para a chegada de um novo ano:

1-Entender o poder da antecipação é estar à frente

O vencedor do mundial de surf em 2015, Adriano de Souza, o Mineirinho sabe bem as vantagens de se ter o poder de antecipação.

Enquanto outros surfistas se espalhavam pelo mundo, ele chegou ao Hawaii cedo. E mais: se hospedou na casa de um surfista local de Pipeline: Jamie O’Brian.

JOB, como é conhecido, é um surfista excêntrico. Patrocinado pela Red Bull, seus filmes viraram uma espécie de Jackass do surf.

O que muitos não lembram (nem eu! correção do amigo Guga Luft) é que há cerca de 6 anos atrás, Mineirinho resolveu fazer amizade e se hospedar na casa de JOB de forma antecipada. Isso se chama ambição.

Imaginem uma onda de 6 pés, descida por um bote com amigos? Ou um surf na lama? E o que dizer de descer uma onda surfando duas pranchas? Pois é, tarefa fácil para Jamie.

De qualquer forma, o ponto é que Pipeline virou o quintal de Mineirinho de forma antecipada. E isso permitiu que a familiaridade e sintonia com o pico o fizessem estar a frente.

Deu certo. Graças a um trabalho de anos, o Brasil levantou seu segundo caneco, após a vitória do paulista Gabriel Medina em 2014.

E você? Já planejou seu 2016 de forma antecipada?

Não, não me refiro a pular sete ondinhas no ano novo, ou prometer algo insustentável. Mas um planejamento completo relacionado aos negócios, a carreira, aos estudos, a vida…

Feche os olhos, e imagine você no final do ano que inicia, olhando pra trás. Quais são suas aspirações?

Quanto mais você se prepara, mais conseguirá enfrentar os desafios que virão.

2-O fim pode dar oportunidade a um novo início

Este ano não foi tão proveitoso? Ok. Lembre-se: ele está acabando!

O surfista australiano Mick Fanning sabe mais que nunca disso.

Após vencer a etapa de Bell’s Beach em seu país, ele foi surpreendido pelo ataque de um tubarão em Jeffrey’s Bay, na África do Sul.

Saiu ileso, porém com um grande susto. A etapa foi finalizada e Fanning dividiu o segundo lugar com o conterrâneo Julian Wilson.

O que ninguém lembra, é que no primeiro surf após o acontecimento, onze dias depois, uma barbatana foi avistada no mar, dessa vez na Austrália.

Tubarões a parte, o maior baque para o tricampeão mundial de surf foi a perda do irmão.

Durante a etapa de Pipeline, Mick recebeu a notícia de que seu irmão mais velho Peter havia morrido enquanto dormia, em sua terra natal. Seu outro irmão, Sean, já era falecido pois em 1998 sofreu um acidente de carro.

Continuando a surfar na etapa, e almejando o título, o sonho do tetra parou nos pés e na criatividade do atual campeão, Medina.

O ponto é: todos vivemos dores. Porém, essas dores não precisam ser estados definitivos.

O fim é destino inevitável pois faz parte do processo que nos torna humanos.

Lembro de uma anedota:

Certa vez, um velho sábio disse ao seu aluno que, ao

longo de sua vida, ele descobriu ter dentro de si dois cães

– um bravo e violento, e o outro manso, muito dócil.

Diante daquela pequena história o aluno resolveu

perguntar — E qual é o mais forte? O sábio respondeu — o

que eu alimentar.

Podemos alimentar as soluções que traremos a partir das dores vividas.

Os aprendizados que Mick Fanning teve através de suas dores com certeza o transformarão para o ano que virá.

3-Falta de vontade é apenas a ponta do iceberg

Em uma opinião pessoal, o mais talentoso surfista de minha geração é John John Florence, um havaiano de 23 anos.

Nunca ouviu falar? Veja este vídeo na clássica direita de Keramas, em Bali, que ilustra bem o que estou falando.

Existem surfistas que se destacam no free surf (prática do esporte que não envolve competição), mas não conseguem repetir a dose nas competições.

Para não dizer que esqueci, sim, ele venceu etapas épicas e uma Tríplice Coroa (premiação a parte para o melhor competidor em três etapas consequentes no Hawaii). Porém poderia muito mais.

Sonho (e não sou o único) em um John John com força de vontade a ponto de brigar pelo título e mostrar que estou errado, como estive com Medina.

Será que ele nunca estará no páreo como um competidor? Por enquanto não sabemos. O certo é que seu potencial é assustador.

O desânimo, por conta de algo que não saiu como deveria, como uma lesão, é perigoso.

Perder a vontade é perder a vitalidade.

Há algo que trava o seu potencial? Você poderia ter sido melhor no ano que passou? O que pode ter sido melhor?

Entender o que nos trava, o que nos atrapalha, e o que nos impede de ir para a frente já é o começo para a superação. 

Como não lembrar do surfista manézinho Neco Padaratz? Em 2002, na etapa de Teahupoo (no Taiti), ele quase morreu em uma bomba. Porém, três anos depois, teve a coragem de voltar para dar a volta por cima.

A força de vontade é tudo. E a falta dela pode ser muito prejudicial.

4-Gentileza gera gentileza

Já pensou quão importante seria uma parceria para seu negócio?

Como exemplo, lembro da parceria entre a empresa Resultados Digitais e a startup Rock Content. A primeira tem um software de inbound marketing. A segunda tem o marketing de conteúdo, que é a “gasolina” do inbound, como o seu carro chefe.

Imagine os benefícios de uma parceria: materiais educativos feitos em conjunto; indicações; crescimento em mútuo…

No mundo do surf, dois episódios marcaram o Pipe Masters de 2014 e 2015.

Em 2014, o surfista de Bombinhas/SC, Alejo Muniz derrotou Kelly Slater e Mick Fanning. E assim foi fundamental para a conquista de seu amigo Gabriel Medina.

Quem diria? No ano seguinte, Medina enfrentou nas semi-finais o cara que poderia impedir Mineirinho de vencer seu primeiro título: Mick Fanning (o mesmo do tubarão e da perda do irmão).

Em uma manobra incrível, que aparecerá no item 5 deste post, Medina, que fora auxiliado no ano anterior, auxiliou seu parceiro para conquistar o título.

Ouvi muito: “Medina queria almejar a Tríplice Coroa!”; “Ele simplesmente ganhou, a questão da amizade não influenciou nada”; ou até “Ele fez o que já faria”.

Porém, penso que a vontade de Medina dobrou quando entendeu que ele poderia ser uma alavanca muito grande para a conquista de Adriano de Souza.

Lembram nas aulas de biologia quando estudávamos o mutualismo? Para quem não recorda, é uma relação harmônica em que ambos se beneficiam.

Certa vez ouvi falar que somos a média das cinco pessoas que mais andamos. Se queremos andar para a frente, boas amizades podem nos auxiliar a querer mais.

Como líquens e fungos, Medinas e Mineiros, entendamos que as parcerias podem nos fazer voar mais alto!

5-A criatividade pode nos colocar no pódio dos vencedores

Nas 12 etapas do WCT temos ondas muito diferentes.

Algumas são mais tubulares (onde o surfista ganha a maior nota ao encarar um tubo) e outras mais manobráveis (onde rasgadas, aéreos e cut backs, dentre outras manobras são o principal foco dos juízes).

Sem dúvida alguma, Pipeline é uma onda completamente tubular. O problema é quando o vento muda, e os tubos vão rareando.

Na semi-final do Pipe Masters de 2015, encontramos um mar difícil de ser surfado. Medina contra Mick Fanning.

O australiano, logo no início, achou um tubo que lhe valeu 7,33. E a bateria foi rolando, mas sem tubos expressivos.

Faltando exatos 3min17seg para o fim, o brasileiro de 22 anos resolveu usar da criatividade pra voar.

Sim, a criatividade pode solucionar os maiores problemas! Medina deve ter pensado: “Os tubos não estão abrindo. Portanto, vou arriscar um aéreo”.

Um aéreo, no mundo do surf, é simplesmente um vôo sobre a onda.

Hoje em dia, com pranchas cada vez mais leves, se torna um diferencial em certos momentos.

E não é que deu certo? Ele atingiu um 6,50, e virou a bateria.

A grande lição é: até em ondas ditas tubulares podemos achar aéreos. Basta querer!

Em situações contraditórias, conseguimos dar a volta por cima utilizando de criatividade, que gera a inovação. Os juízes do WCT (por vezes) parecem gostar de inovação, assim como seu professor, seu chefe, seu diretor.

Que em 2016, consigamos:

1-Antecipar o que há por vir

2-Enxergar novos inícios na vida

3-Ter força de vontade

4-Achar boas parcerias que nos levem pra frente

5-Permitir a criatividade nas mais diversas situações

Um excelente ano!