Miguel Livramento: depoimento de Aldírio Simões

Confesso que não me entristeci com a morte de Miguel Livramento por um único motivo: imaginei a felicidade no Céu. Para quem é leitor deste Blog e não faz ideia do que estou falando, faleceu dias atrás o jornalista Miguel Livramento, um dos maiores que tive a honra de ouvir.

Acho que não conheço um comunicador ou jornalista que não é fissurado em figuras icônicas, e apesar de não ter conhecido Miguelzinho ao vivo (pelo que lembre) ele influenciou diretamente uma geração de comunicadores como eu e tantos amigos.

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Seriado “The Wonder Years” (Anos Incríveis) – Melhores Frases

Quando alguém pergunta: qual meu seriado favorito? Sem dúvida respondo: The Wonder Years, em português, Anos Incríveis.

O seriado foi transmitido de 1988 a 1993 e conta a história de Kevin Arnold, um garoto que viveu sua infância e juventude no final dos anos 60 e começo dos anos 70, ou seja, em meio a anos com muitos acontecimentos nos Estados Unidos, como a Guerra do Vietnã, os movimentos de paz, movimentos raciais e por aí vai.

É o seriado mais profundo que já vi, e infelizmente por problemas autorais e de direitos nunca tivemos ele relançado em DVD ou nos streamings atuais. Somente conseguimos ver trechos pelo Youtube.

De qualquer forma, há anos salvei as melhores frases de The Wonder Years num documento que tirei de uma antiga comunidade do Orkut, e seguem aqui embaixo para quem, como eu, é super fã!

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Nomadland: a noção de que valeu a pena viver

Não sou perito e não ouso aqui fazer reviews completas nem nada, mas sim postar esporadicamente nesta categoria partes de Filmes e Séries que me chamaram a atenção.

Começo pelo vencedor do Oscar de Melhor Filme de 2021, “Nomadland”.

Escolha um dia calmo, sem pressa, que você esteja preparado para reflexão e veja este filme. Obra prima, simples e cativante.

Envio abaixo a transcrição em português de uma cena bem marcante – e abaixo o vídeo da própria cena para quem preferir, recomendo.

A cena se trata de Swankie, personagem da vida real. O filme conta com muitos não-atores e não-atrizes que representam eles mesmos na história. Ela realmente viveu isso que falou, e isso não é um documentário. É impressionante o que Chloé Zhao, primeira mulher não branca a vencer o Oscar de melhor Direção, fez com este filme.

Vamos à cena:

“Eu não vou precisar passar mais tempo em um hospital. Não, obrigada.

Eu vou fazer 75 anos esse ano e acho que tive uma vida muito boa.

Eu vi coisas bem legais, remando caiaque por muitos lugares. E o alce na mata. Uma família de alces num rio em Idaho. E grandes pelicanos brancos pousando a 1,8m do caiaque num lago no Colorado. Ou, depois de uma curva do rio um pehasco com centenas de ninhos de andorinhas na parede do penhasco, e as andorinhas esvoaçando. Tudo refletido na água. Eu parecia voar com as andorinhas, abaixo e acima de mim, ao meu redor. E os filhotes saindo dos ovos, cascas de ovos caindo dos ninhos, pousando e flutuando na água. Aquelas casquinhas brancas… Foi sensacional.

Senti que fizera bastante. Minha vida se completara. Se eu morresse ali naquele momento, estaria tudo bem.”

Fica a indagação: se tudo acabasse hoje, teria valido a pena viver?

Até a próxima!

Slater x Medina aos 27 anos: uma comparação

Estava ouvindo o último episódio de um grande Podcast, o Boia.

Boia é um Podcast feito pela lenda Julio Adler, carioca, sempre ligado ao surf e as coisas do surf.

Para mim um dos únicos que consegue conectar o Surf “contracultura” com a nova geração “Brazilian Storm” pelo simples fato dos participantes terem vivido ativamente tudo isso. Consegue trazer referências antigas, resgatar momentos, e trazer convidados que compõe muito bem a mesa, como João Figueiredo e Bruno Bocayuva.

No episódio em questão, eles comentaram sobre a idade de Gabriel Medina, 27 anos, levantando a bola sobre o que o maior campeão da história do surf, Kelly Slater, já havia conquistado com essa idade. Então resolvi me fazer a mesma pergunta: o que?

Com base no ótimo Datasurfe e outras pesquisas, apresento a tabela comparativa abaixo.

COMPARATIVOGABRIEL MEDINAKELLY SLATER
Idade atual (2021)27 anos49 anos
Idade da primeira bateria que correu na elite17 anos (2011)20 anos (1992)
Idade da primeira etapa vencida no WCT17 anos (2011 – Hossegor, França)20 anos (1992 – também em Hossegor, França)
Idade do primeiro título conquistado21 anos (2014, 3 anos após a estreia)20 anos (1992, no ano da estreia)
Aos 27 anos, quantos Pipe Masters vencidos (WCT)?1 (2018)5 (1992, 94, 95, 96, 99)
Aos 27 anos, quantas etapas vencidas (WCT)?1622
Aos 27 anos, quantos títulos conquistados?2 títulos (2014 e 18)6 títulos (1992, 94, 95, 96, 99)
Aos 27 anos, qual recorde de vitórias em 1 temporada?3 (em 2014 e 18, anos que foi campeão)7 vitórias (1996)

Os números ilustram bem a acelerada carreira de Slater e demonstram que o careca já havia conquistado muita coisa com seus 27 anos. Eram outros tempos, outro surf, outros adversários, e isso não podemos comparar, mas esses são os números que temos na mesa.

Finalizo recordando a capa da Revista Fluir de dezembro de 2011, a qual guardo em casa até hoje.

Sabemos que o menino de Maresias tem chance de bater os 11 títulos de Kelly – e especialmente quer muito isso, sempre deixou claro. Faltariam 9 títulos em cerca de 13 anos que restam para ele como competidor de alto nível na elite.

Medina certamente está no caminho certo por tudo o que vem demonstrando neste 2021 e só o tempo dirá o que vem por aí. No futuro refazemos uma comparação de ambos com seus 40, 45, 49 anos.

De qualquer maneira, com esses dois na água, vencemos nós, os amantes de Surf!

O centro sem Berbigão do Boca

Texto publicado no Jornal “Notícias do Dia” de Florianópolis/SC do dia 5 de fevereiro de 2021, em homenagem ao Berbigão do Boca, tradicional festa de abertura do carnaval ilhéu:

“Cessou-se o rufar do bumbo, calaram-se os tamborins. O cavaquinho ficou guardado e os foliões devidamente isolados – cada um no seu canto. 

Ocorreu-me que esse ano não teremos Berbigão do Boca, a tradicional festa da Ilha, no centro da cidade. Não tem grande mérito a minha conclusão: seria impossível que tivéssemos Carnaval diante desta triste pandemia, mas me perguntei por que o “Berbigão” vai fazer tanta falta?

Na época de meus pais e avós, tenho a sensação que muita gente realmente se mobilizava para o Carnaval. Ruas e bailes, rapazes e moças, uma folia completa e não apenas um feriadão. O Carnaval era ansiado durante o ano inteiro, e a quarta-de-cinzas, além do simbolismo religioso, tinha caráter de um “fim” bastante cantado em antigos sambas. 

Acontece que o Berbigão é mais. Não se trata de uma simples festa de abertura do carnaval ilhéu! Há 28 anos, cumpre sua função social e cultural, fixadas de maneira única na fisionomia mais humana de Floripa. Um encontro de sambistas, de todas as classes sociais: gente do morro, litoral e urbano, funcionários públicos e privados, turistas e curiosos, e sobretudo amantes dessa sexta-feira que antecede o Carnaval.

Ah, seus bonecos… Entre eles Zininho, o poeta maior; Aldírio Simões, o grande Mané; o compositor Luiz Henrique Rosa; a eterna cidadã samba Nega Tide e dezenas de outros, que representam não somente uma ausência pela partida mas uma presença como se falassem pra todos nós, no momento que erguemos a cabeça para os encarar: “Não deixem o samba ilhéu morrer!

O Berbigão do Boca contém, ao menos para mim, significado filosófico, poético, sentimental que é ligado a vida de nossa cidade. E é nosso dever manter o pouco que nos resta, vivo.

Entremos em contagem regressiva: em 365 dias, se Deus quiser, estaremos vacinados, entoando a pleno vapor: “É festa pra rachar / É uma coisa louca / Vamos botar pra quebrar / No Berbigão do Boca!”. 

Até lá!”