“Caminhada” (Henry David Thoreau) – Frases de Livros

Quem me conhece sabe: o meu livro preferido é “Walden” de Thoreau.

“Caminhada” é um livro curtinho, um ensaio que Thoreau proferiu certa vez, e faz total sentido para todas as pessoas que gostam da natureza, do ar livre, de caminhar. Thoreau certamente cantaria junto com o Rappa: “Mas não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo”. Com certeza cantaria.

As frases são profundas como só Thoreau consegue ser e nos chamam para as mais diversas reflexões acerca do modo que levamos a nossa vida e qual espaço damos para as coisas naturais em nossa rotina. Mais atual impossível.

Dedico essas frases a meu amigo Luís Gouvea, que sempre defendeu os benefícios de uma boa caminhada! Seguem as frases:

  • Somente se estais pronto para deixar pai e mãe, irmão e irmã, esposa e filho, e amigos, e a nunca mais vê-los—se haveis saldado vossas dívidas, feito vosso testamento, deixado em ordem os negócios e se sois um homem livre, então estais pronto para uma caminhada.
  • Nenhuma fortuna pode comprar os requisitos lazer, liberdade e independência, essenciais a esta profissão. Decorrem somente da graça de Deus. É mister uma dispensa direta dos Céus para se tornar andarilho. É preciso ter nascido na família dos Andarilhos.
  • Quando às vezes me recordo de que os mecânicos e os caixeiros permanecem em seus postos não apenas toda a manhã, mas toda a tarde também, muitos dos quais de pernas cruzadas—como se as pernas tivessem sido feitas para nos sentarmos sobre elas, e não para sobre elas ficarmos de pé e caminharmos—penso que merecem algum crédito por não terem todos, de há muito, cometido suicídio.
  • confesso que me estarrece a capacidade de resistência, para nada falar da insensibilidade moral dos meus vizinhos que se confinam em lojas e escritórios o dia inteiro, e isso durante semanas, meses e anos, sim, quase que consecutivamente. Não sei de que tipo de coisa eles são feitos—pregados lá, às três da tarde, como se fossem três da madrugada.
  • Conforme um homem envelhece, aumenta sua capacidade de levar uma vida sedentária, trabalhando em casa. Torna-se vespertino em seus hábitos ao se aproximar o ocaso da vida, até que, no final, só sai de casa pouco antes do poente e, em meia hora, dá todas as voltas de que necessita.
  • Mas a caminhada de que falo nada tem que ver com exercício, nem a isso se destina; não é como o remédio que os doentes tomam a determinadas horas, nem como os halteres para o desenvolvimento muscular. É antes o motivo e a aventura do dia. Se quiserdes exercícios, procurai as fontes de vida. Imaginai um homem levantando halteres para cultivar saúde, quando as fontes dela estão borbulhando nos prados longínquos desprezados por ele!
  • Quando um viajante pediu à criada de Wordsworth que lhe mostrasse os estudos do amo, ela respondeu, “Eis aqui sua biblioteca, mas seus estudos ele faz na rua.”
  • Quanto maior a dose de ar e de luz solar em nossos pensamentos, tanto melhor.
  • Fico alarmado quando me acontece caminhar uma milha nas matas, apenas corporeamente, sem lá estar em espírito. No meu passeio vespertino, gosto de esquecer inteiramente as ocupações da manhã e minhas obrigações para com a Sociedade.
  • Em meia hora, posso caminhar até algum lugar da superfície terrestre onde um homem não tenha pisado por um ano inteiro, e lá, consequentemente, a política não está, pois ela não é mais do que a fumaça de charuto de um homem.
  • Creio que há um magnetismo sutil na Natureza, ao qual, se inconscientemente cedermos, nos levará pelo caminho certo. Não nos é indiferente que caminho seguir.
  • Creio na floresta e nos prados, e na noite que faz medrar o trigo.
  • Afirma Darwin, o naturalista: “Um homem branco, banhando-se ao lado de um taitiano, era como uma planta descolorida por arte de jardineiros, comparada com uma viçosa e verde-escura, a crescer pujantemente na amplidão dos campos.”
  • E eu parodiaria: “Quão perto do bom está o que é SELVAGEM!”
  • Minha disposição cresce infalivelmente na proporção da monotonia exterior. Dai-me o oceano, o deserto ou a selva!
  • Assim como o pato selvagem é mais veloz e bonito do que o pato doméstico, assim também é o pensamento selvagem,—esse grasnador—que permeia o orvalho cadente ao alçar seu vôo por sobre os brejos.
  • Onde está a literatura que dá expressão à Natureza? Seria bom poeta aquele que pudesse imprimir os ventos e os rios em sua obra, para que falassem por ele
  • Em resumo, tudo que é bom é selvagem e livre
  • Aquilo a que chamamos conhecimento é frequentemente a nossa positiva ignorância; ignorância é o nosso conhecimento negativo.
  • Meu anseio de saber é intermitente, mas o meu anseio de banhar a cabeça em atmosferas que os pés desconhecem é perene e constante.
  • O ponto mais alto a que podemos chegar não é a Sabedoria, mas a Simpatia com Inteligência.
  • é cada vez menor o número de pensamentos que visitam os adolescentes, ano a ano, pois os bosques de nossas mentes estão devastados—vendidos para alimentar desnecessários fogos de ambição, ou enviados ao moinho, restando um mero galho onde possam pousar.
  • Bendito dentre todos os mortais aquele que não perde um momento sequer da vida atual na contemplação do passado.
  • Caminhávamos numa luz tão pura e brilhante, a dourar relva e folhas ressequidas, tão suave e serenamente cintilante, que imaginei nunca antes ter me banhado em semelhante fonte de ouro, isenta de qualquer ondulação ou murmúrio. O lado ocidental de cada mata e as colinas resplandeciam como os confins do Elísio, e o sol em nossas costas parecia um pastor gentil a nos conduzir para casa à tardinha.
  • Assim santerrávamos para a Terra Santa, até que um dia o sol brilhe com mais intensidade do que jamais brilhou, a brilhar talvez em nossos corações e mentes, iluminando nossas vidas com a luz do grande despertar, tão quente e sereno e dourado como numa colina no outono.