Como avaliar rapidamente uma Startup que se interessou por mim?

Você despertou o interesse de uma Startup? Parabéns!

Agora, como avaliar alguns aspectos essenciais de uma Startup, rapidamente?

Cito neste artigo um passo a passo simples para que você consiga fazer isto.

Na foto, uma singela homenagem a um dos mais malucos Founders que já vi na TV: Gavin Belson de Silicon Valey do HBO.

1-Analisar o Crunchbase para entender sobre as rodadas de investimento (ou não) que a Startup passou

Simples: acesse www.crunchbase.com e procure o nome da Startup.

Ele vai lhe dar detalhes das rodadas de investimento que a Startup passou até aqui, com detalhes dos fundos envolvidos e outros pontos relevantes.

Como já citei em outro artigo aqui, entrar em uma Startup early stage é completamente diferente de entrar em uma Startup que passou por Series C, só pra termos ideia.

Exemplo: www.crunchbase.com/organization/activecampaign – A ActiveCampaign já passou por 4 rodadas de investimento e atualmente está no Series C; é dos Estados Unidos e tem de 500-1.000 funcionários.

2-Analisar o Google Notícias para entender o que sai na mídia

Startup com vagas abertas; nova rodada de investimento fechada; entrevistas que trazem inovação de solução de problemas do mercado…

São tantos os motivos para uma Startup configurar nas notícias – e também pistas do que está acontecendo no momento da Startup em questão.

Fazer a procura do nome da Startup e clicar na aba do Google “Notícias” já pode trazer mais detalhes relevantes.

Esse artigo interessantíssimo mostra um pouco desse trabalho de RP (Notícias) para Startups: https://entrepreneurshandbook.co/when-if-ever-should-you-put-out-a-press-release-for-your-startup-3e75e3704884

Exemplo: https://blogs.oglobo.globo.com/capital/post/activecampaign-gigante-do-e-mail-marketing-levanta-u-240-milhoes-e-tem-brasil-em-mente.html – Por aqui descobri que a empresa está com um projeto de expansão robusto para o Brasil após a última captação.

3-Analisar o número de funcionários no Linkedin

Parece simples, mas é interessante conhecer mais sobre as pessoas que compõem essa Startup.

No Linkedin conseguimos analisar o número de funcionários, e por que não, se possuímos alguma conexão com algum funcionário: “A Fulana trabalha lá, e eu nem sabia!”.

Exemplo: No Linkedin da ActiveCampaign temos a lista detalhada: https://www.linkedin.com/search/results/people/?currentCompany=%5B%22221390%22%5D&origin=COMPANY_PAGE_CANNED_SEARCH&sid=M4S

4-Analisar o perfil dos founders no Linkedin

Afinal, quem são os fundadores dessa Startup? Qual o background deles? De onde vieram? Qual sua história?

Ser stalker no Linkedin não tem problema algum. Vá conhecer um pouco dos founders em questão e o quanto eles se aproximam de ter vivido ou o problema que a Startup resolve, ou algo próximo da solução que a Startup se propõe a gerar valor.

Se tiver dúvida dos nomes deles, normalmente o Crunchbase (dica 1) e as notícias (dica 2) trazem isso facilmente.

5-Se aprofundar com entrevistas feitas por membros da empresa (Podcasts e Youtube)

Está aqui um ponto que não se enquadra tanto no título do artigo “rapidamente”, mas que é muito valioso para quem tem uma horinha a mais para dedicar.

Hoje em dia é muito comum os Founders e-ou CEOs das principais Startups do País darem entrevistas sobre suas jornadas empreendedoras.

Portanto, pesquise o nome da empresa ou dos fundadores nas plataformas de Podcasts (como Spotify, Deezer, Apple Podcasts) ou até no Youtube.

Entender o problema que a Startup está resolvendo e um pouco da jornada do empreendedor consegue trazer um aprofundamento em pontos importantes dessa avaliação.

É isso.

Cuidado com palavras mágicas e promessas vagas como “Quem tá aqui vai crescer muito e botar muito dinheiro no bolso!!!”, que pode despertar uma espécie de FOMO em você (o famoso Fear Of Missing Out) – que unido a uma possível falta de conhecimento do mercado, pode fazer você entrar “às cegas” em alguma oportunidade errada.

Analise friamente, entenda os pontos fortes e pontos de atenção da Startup e tome uma decisão consciente para jogar um jogo de longo prazo.

Fico à disposição no Linkedin para ajudar voluntariamente se necessário 🙂

Até a próxima!

Perguntas e respostas sobre Venture Capital com Rodrigo Baer (em construção)

Quando o assunto é Venture Capital no Brasil, o nome Rodrigo Baer logo vem à mente.

Ex-partner da Redpoint eventures, atual Managing Partner na SoftBank e board member em dezenas de Startups, Baer possui um canal do Youtube chamado “Pergunte ao VC” desde 2017, onde responde pergunta de empreendedores e startupeiros deste Brasil.

No post abaixo, pretendo trazer todas as Perguntas e Respostas do “Pergunte ao VC” com as respostas resumidas em tópicos. Caso queira se aprofundar no assunto, sugiro assistir os vídeos em questão (as perguntas estão na mesma ordem dos vídeos).

Incluí a palavra “em construção” no título pois resolvi postar enquanto vou transcrevendo – então ao longo das próximas semanas teremos mais e mais perguntas, afinal são mais de 200 episódios, hoje!

Canal do Youtube “Pergunte ao VC”: https://www.youtube.com/channel/UC5xyMzmxtgirAaCa_1MbAcw

Áudio dos episódios em Podcast no Spotify: https://open.spotify.com/show/6fHVapTk2HELzYf7V8Iq21?si=6NARlOBcQiOuMIjskPJ8aQ&dl_branch=1

Boa leitura, e obrigado Baer por tanto conhecimento compartilhado para nosso ecossistema!

1-Quais os 4 atributos que um VC olha em uma startup?

-Time (experiência; diversidade)

-Tamanho da Oportunidade (se a opp de mercado é pequena, não vai fazer sentido ao fundo)

-Visibilidade (criar sistemas, processos difíceis de copiar)

-Tração (para cada um dos estágios, o que é pra Seed é diferente para Series A, e por aí vai)

2-Como escolher o VC certo para você e como acessá-lo?

-É um namoro, uma relação que leva tempo para ser construída

-Conhecer o que cada VC traz para a mesa, como completa o time é algo importante

-Ex: Se você não é técnico, um VC que seja técnico é uma boa ideia

-Escolha alguém que entenda da área que você está 

-Escolha alguém que você se sinta bem, pois é um relacionamento de longo prazo (5-7 anos)

3-Por que os VCs não dizem “sim” nem “não” a um deal e não dão feedback?

-Todos os VCs deveriam dar sim ou não – mas olhamos 1.500 empresas por ano e algumas ficam pelo caminho

-Relacionamento: É interessante o empreendedor falar: “Daqui a 3 meses quero resolver esse e esse problema” e depois de 3 meses conseguir apresentar a evolução de alguns pontos – melhor do que uma “foto atual” que não tenha passado e evolução claros

-Quando não entendemos o mercado nós podemos demorar mais tempo pra responder

-Quando gostamos mais não estamos ‘in love’ pelo deal isso pode levar tempo

-Prioridade: podem ter outros deals na frente

-Demora: fechar um deal rápido é melhor para sua empresa

-Às vezes o VC gosta do deal mas não pode liderar por tempo – e espera uma rodada para entrar posteriormente

-Para empresa que fazemos reunião, normalmente o feedback vem na própria reunião

-Às vezes, o fundo não pode comunicar 100% (por ex: reputação ruim) 

4-Por que os VCs não investem em mercados que tem um grande player?

-Discordo

-VCs investem em empresas que tem oportunidades grandes de mercado

-Ex: Madeira Madeira ataca o que Leroy faz a dezenas de anos

-Bank Fácil e Nubank ataca os bancos

-Cortex ataca Tablo

-RD Station ataca Hubspot

-ViajaNet ataca Decolar e CVC

-E outras dezenas de empresas resolvendo problemas grandes

-O que VCs fazem: investem em empresas com custo mais barato ou com retorno mais rápido

5-Por que os VCs são obcecados com Cap Tables?

-Tem riscos que não vão valem a pena correr

-Ex: Uma Startup com 2 founders que somam 35% de diluição no Seed. Eles tem 65%.

-Depois eles tomam 25% de diluição no Series A + 10% de Option Pool. Ficam com 42% da empresa. 

-Depois tomam 20% de diluição no Series B e 15% no Series C e os founders ficam com 29% juntos – 15% pra cada

-Assumindo que a empresa vale 150 milhões de dólares, cada founder tem 22 milhões de dólares em Equity Value

-Os founders poderiam falar: “Já fiz uma empresa bem sucedida. Vou criar uma nova Startup para fazer a mesma coisa” e vai direto para o Series A por ter Track Record – e levanta 5 milhões de dólares por 25% da empresa dele

-Naquele momento ele tem os mesmos 20 milhões de dólares que tinha na Startup anterior 

-Um Cap Table com um founder muito diluído no começo é complicado por este motivo

-O Cap Table precisa chegar “arrumado” para o Series A 

6-Quais os termos (cláusulas) que um VC não abre mão?

-Todos os VCs recebem a confiança de investidores de um dinheiro que não é nosso

-Temos termos que nos protegem de riscos reais

-Nenhum empreendedor pode sentar na frente de um VC sem ter lido o livro VENTURE DEALS de Brad Feld

-1o Termo: Preferência de Liquidação

Ex: Você levantou 2 milhões de reais por 20% de sua empresa. Dia seguinte você fecha a empresa, e você tem 80% (1,6 milhões de reais) e vai embora. Esse termo protege o fundo para alguém que desista no meio do projeto

-2o Termo: Anti-Diluição

Ex: Se você levantou dinheiro falando que a empresa vale 10 milhões de reais. Se amanhã levantar dinheiro abaixo disso, ou o projeto não deu certo ou você levantou o primeiro valuation de ma fé (acima do valor). Termos como esse protegem de situações como essa

-3o Termo: Direito de Voto

-A composição do board não necessariamente reflete em participação

-O board pode demitir founders – sem isso a governança não funciona 

-Dentre outros Termos como: Direito a Venda Conjunta; Drag-Along, etc.

7-Como é feito o Founder Vesting?

(resposta de Anderson Thees)

-Normalmente é um Vesting de 4 anos, com Cliff de 1 ano, ou seja, essa contagem não acontece nos primeiros 12 meses

-A ferramenta de Vesting é importante para alinhar interesses entre os próprios sócios

-Ex: Equity do CEO maior, e outros 3 founders menor. 1 dos founder sai da sociedade – como fica justo quem vai carregar o piano? 

-Quem coloca no papel é o investidor, mas é uma cláusula boa para todos os founders

-O padrão para uma Série A é 100% das ações sobre Vesting

-Para empresas que fizeram Bootstraping por até 5 anos, por ex, é comum parte das ações serem consideradas Vesting 

8-Qual a melhor qualidade em um empreendedor? E o maior defeito?

QUALIDADE:

-Ter montado um time certo: Uma pessoa que sabe onde quer chegar; sabe quem deve contratar; sabe comunicar tudo isso

-Conhece as limitações: Sabe que precisa trazer pessoas melhores que ele 

DEFEITO:

-Não ouvir: Quanto mais empreendedor ouvir mais rápido aprende. Um VC olha 1.400 por ano olhando coisas certas e erradas, e isso pode economizar muitos erros, cometer erros novos e não cometer os mesmos erros que outros cometeram.

9-Qual a melhor forma de uma startup usar a relação com seu VC?

1-Confiança e transparência: Os 2 se sentirem confortáveis em se ajudar e criar um relacionamento claro e aberto.

2-O empreendedor precisa ser proativo, o fundo reativo (pelo menos na Redpoint – é um estilo)

3-Estabelecer uma cadência de relacionamento para que ambos ganhem tempo (por ex: Call tática semanal)

4-Entender qual dos partners do fundo é expert no que, para tirar o valor máximo dos contatos

5-Conteúdos do fundo: experts em algum assunto que dão palestras e afins para o portifolio

6-Rede de relacionamento do fundo: Para vendas; para recrutamento; para fundraising; para advisors.

10-Corporates e VCs na mesma empresa, é possível?

Sim.

Porém, CORPORATES normalmente não seguem padrões de mercado: exigem direitos que não são típicos de um VC (opção de compra; bagunça no Cap Table; etc.).

Se CORPORATE se comporta como VC é possível investir, do contrário é difícil.

11-Meus sócios tem 50% da empresa e não trabalham. O que fazer?

Recebi uma história que um empreendedor + 3 amigos criaram uma empresa.

Em resumo, desses 4, 2 estão tocando a empresa até hoje e outros 2 ainda não entraram, 1 ano e meio depois.

Eles ajudaram na ideia, mas em vez dos 2 terem 50%, merecem na verdade algo perto de 5% os dois juntos.

-Nunca espere o VC para lidar com isso, pois se o Cap Table estiver bagunçado no momento de VC, é um mal sinal

-Se está ruim hoje (com 1 ano e meio) imagina com 10 anos de empresa saber que founders que não trabalharam receberiam mesma parcela que este empreendedor

Uma opção é criar uma empresa “Versão B” sem esses sócios. Pode atrasar 6 meses mas tornaria os próximos 10 anos menos amargos pra você.

Em um contrato perfeito, todos podem ser “demitíveis”.

Outro ponto: cuidado para não ter a impressão de ficar preso a percentual (%). Se uma pessoa tem 1% da empresa, quando mais shares entram, essa porcentagem abaixa e pode tornar as coisas confusas. Pense em # de shares ao invés de % da empresa.

12-Por que os VCs brasileiros não investem em Games?

Globalmente VCs investem pouco em games.

Existe um componente artístico muito difícil de avaliar (o mesmo que estaria presente em sites de conteúdo, filmes, etc.).

Investir em 1 único jogo é complicado, mais fácil investir em 1 empresa que cria diversos jogos, por exemplo.

13-Quais são os principais pontos do due diligence?

Na Redpoint após entender como o negócio funciona, falar com clientes, fornecedores… Assinamos um termsheet e só então entramos em due diligence.

-Entendemos com isso mais sobre o empreendedor, numa parte legal, outra trabalhista, outra fiscal

-Se achamos muitos “buracos” ou representa má fé ou mal conhecimento do próprio negócio

-Normalmente os prazos começam a ser mais sensíveis e é um teste de como vai funcionar o relacionamento no futuro para questões mais complexas: funciona com um teste de relacionamento

-Em raros casos acontece em fundos brasileiros desistirem de investir após entrarem em due diligence

14-Boutique de M&A / Advisors, contratar ou não?

Um empreendedor quer levantar 400k – 600k reais. Deve contratar alguém para ajudar?

Pouca gente efetivamente poderia ajudar – normalmente eles tem uma lista de fundos, enviam um e-mail que pode cair pra spam, e não funcionaria.

-Em early stage normalmente Advisors não funcionam bem. Muitas vezes aumentam o valor que Startup precisa receber naquele momento.

-Um Advisor no meio do caminho dificulta a comunicação

-Muitas vezes fazem planejamento financeiro de PME e não de Startup

-No later stage, quando o “dinheiro é mais dinheiro” ele pode auxiliar – Series B, C pra frente

15-Como costumam definir salários para founders pós Series A?

Isso é feito caso a caso.

-Não queremos que founder seja rico acumulando salário e estagnar

-Também não queremos que ele tenha problemas financeiros em casa

-Um founder de 20 anos tem necessidades financeiras com um pai de família, por exemplo

-O salário de um founder acaba direcionando os salários da empresa

Os melhores founders calculam quanto dinheiro precisam para não passar sufoco em casa e apresenta isso pro board, proativamente

16-Discutindo estágios de financiamento (Seed, Series A, Series B)

Essa divisão de estágio existe para identificarmos o risco que cada investidor está comprando.

-SEED: Sem produto montado, sem equipe, sem força de vendas. Quem está comprando, confia no empreendedor e acha que um problema relevante de mercado será atacado. Por isso o normal é Famili & Friends (ou te conhecem bem, ou conhecem o mercado bem)

SERIES A: Venture Capital entra aqui. Um produto já criado que pode ser vendido no mercado

SERIES B: Máquina de vendas que demonstra tração para escalar isto. (multiplicar o tamanho da empresa)

-Os valores mudam de acordo com o mercado – não existe resposta pronta

-Uma pergunta relevante é: quando receber o aporte?

-Você deve receber o aporte do investidor certo no momento certo (ex: Series A sem produto montado)

17-Quais as referências em métricas em B2B e B2C?

-Métricas são muito mais voltadas a modelos de negócio (SAAS, Marketplace, Ecommerce) do que se são B2B ou B2C

-Como Series B é feito por fundos de fora, eles vão olhar métricas de fora para fazer esse investimento. Às vezes existe um round intermediário entre A e B para dar fôlego e corrigir as discrepâncias entre Brasil e lá fora

18-Quais as diferenças na modelagem financeira de PMEs e Startups?

-PME é previsível, sustentável no curto prazo, e cresça de maneira controlada

-STARTUPS são imprevisíveis na maioria das vezes

-PME nós conhecemos o mercado: projetamos receita, despesa e sabemos quando teremos o breakeven

-STARTUPS podemos até ter algumas referências mas não conseguimos saber margem ou custo de aquisição com tanta clareza

-Ou seja, em Startups precisamos modelar o custo -> projetar receita para provar que o produto tem demanda e conseguimos vender ele. No final do SERIES A teremos uma ideia mais clara da receita (CAC, ticket médio, etc).

-Outro ponto: se o Unit Economics for bom, vamos até o limite, ou seja, ao contrário de um breakeven cedo

-Venture Capital te dá dinheiro para acelerar a empresa de uma maneira tal que ela cresça muito rápido sem precisar fazer isso usando seu caixa

-Mesmo assim, faça a modelagem de receita! Controle, entenda se está melhorando, otimizando

-Em Series A, uma coisa é planejamento financeiro para fazer fundraising (eu não consideraria receita de SERIES A) e outra coisa é se estou melhorando, especialmente em tração e vendas (ter o Funil e métricas de receita bem mapeadas)

19-Board? Conselho? Advisor? WTF?

CONSELHO: órgão de governança da empresa montado para ajudar a gestão a tomar as decisões da empresa

-A fidelidade do conselheiro é defender a empresa

-Se em algum momento conselheiro prejudicar a empresa para favorecer alguém (founder ou acionista) pode ser processado

-Normalmente é formado por 2 conselheiros do investidor; 2 conselheiros do fundador e 1 externo

-No very early as empresas acabam esquecendo esse 1 externo por bastante tempo (até porque é difícil achar essa pessoa) e decisões acabam sendo fáceis de tomar

-Conforme vai maturando, o grau de formalismo no conselho vai aumentando e discussões se tornam mais importantes

-Com vesting (2-3-4 anos) o normal do conselheiro é ter 0,25% e 0,50% das ações da empresa

-Sempre pensar em gente que quer o bem da empresa, mesmo discordando do empreendedor se preciso

ADVISOR:

-Um papel mais tático e gerador de valor no curto prazo

-Alguém que já fez o que você está tentando fazer

-“Não consegui te contratar como funcionário mas estou te trazendo como funcionário”

-Normalmente como 0,25% ou 0,40% e serve de contraponto para seu executivo (de Vendas, por ex) que surge de 3-4 meses para ajudar

-Em resumo, são pessoas que ajudam no longo prazo e não comem caixa da empresa no curto prazo

SaaS B2B: Planos com Usuários Múltiplos x Usuários Individuais

Recentemente via Twitter tive acesso a um ótimo artigo chamado: “Individuals or Teams: Who’s the Better Customer for SaaS Products?” – de David Sacks.

O link para o artigo completo está acima, e super recomendo.

Nesse post pretendo fazer um apanhado geral da ideia, resumida e contrastando as cores verde e vermelho para cada uma das ideias em questão.

  • Planos com Usuários Múltiplos em B2B são quando empresas adicionam mais pessoas do seu time para a utilização da solução. Ex: 5 pessoas do RH de uma empresa vão usar a Geekhunter para recrutar os melhores desenvolvedores do mercado
  • Planos com Usuários Individuais em B2B é quando a empresa é representada por apenas 1 usuário. Ex: Apenas 1 pessoa do RH cadastrou-se na Geekhunter para recrutar desenvolvedores
  • O modo multiplayer de videogame é mais envolvente. Existe mais criação de valor. Os usuários podem atingir e conquistar objetivos juntos e até pra “resolver sair” é mais difícil pois existem mais pessoas envolvidas, como você jogando Mario Kart com seus amiguinhos na infância.
  • O modo single-player já não. Se quero sair, saio pois nada me prende a solução, como sua mãe mandando você desligar o videogame pois não fez as tarefas de casa.
  • A taxa de desligamento da conta para planos com Usuários Múltiplos é de 1-2% ao mês: mais difícil de sair
  • E para Usuários Individuais em torno de 5% ao mês: mais fácil de sair

Case de múltiplos usuários: Slack

O Slack é um belo case do que podemos chamar de SaaS B2B com Usuários Múltiplos.

Na maioria das empresas em crescimento, por mais que tenhamos a inatividade de alguns usuários (por exemplo: quem saiu da empresa ou usuários que não adotam a solução), provavelmente teremos novos usuários e áreas da empresa migrando para essa plataforma de comunicação interna. Todas as vezes que usei Slack nas empresas que trabalhei foi assim.

Ou seja, a inatividade (churn) perde pra expansão (mais usuários) ao longo do tempo.

  • Continuando, segundo o autor não é incomum que a rotatividade de clientes de Usuários Individuais seja de 50% ao ano. Ou seja, a cada 2 anos alguns modelos de SaaS B2B estariam construindo seu negócio do zero! É impossível construir uma empresa de SaaS valiosa dessa maneira.

E quanto ao SaaS B2C? O autor diz que raramente há negócios de longo prazo, como na Netflix que gasta bilhões por ano em conteúdo original para reter assinantes.

3 análises de Cohort

Para que as coisas fiquem 100% claras, vamos avaliar 3 tipos de Cohort que a Craft avaliou para investir um Series A.

1-Análise GERAL (Usuários Múltiplos E Individuais)

Essa análise está “mascarada” pois conta com ambos. A retenção de receita anual beirava os 85% no ano:

2-Análise de Usuários Individuais

Já na análise separada para Usuários Individuais, vemos um quadro diferente, 61% de retenção anual:

3-Análise de Usuários Múltiplos

E em Usuários Múltiplos, mais de 200% de Retenção Anual!

Ou seja, o produto “Teams” de Usuários Múltiplos cria uma base de receita crescente enquanto o produto de Usuários Individuais se deteriorava continuamente.

Conclusão de David Sacks

Empresas de SaaS B2B devem se concentrar em planos para Usuários Múltiplos com sua propriedade mágica de receita composta. E nos casos que não puder fugir de Usuários Individuais, tente encontrar casos de uso para compartilhamento e colaboração assim que puder.

Convido você para ler o artigo na íntegra novamente: Individuals or Teams: Who’s the Better Customer for SaaS Products?” – de David Sacks.

Até a próxima!

Um modelo para palestrar internamente em uma empresa (Q&A)

Já tive a experiências de palestrar para equipes internas de empresas.

Falei sobre vida, carreira, startups, escala, Customer Success, enfim. Assuntos que posso colaborar.

Especialmente em tempos remotos, quando sou chamado e dou o “sim” para a palestra, fui percebendo que:

  • Pela correria, poucas vezes sabia da situação e desafios daquela empresa, ou seja, se minhas ideias estavam muito avançadas ou muito cruas pelo que viviam. Infelizmente não consigo fazer calls e aprofundamento da equipe o bastante para saber como montar algo perfeito pro momento deles.
  • Focava em passar maior parte do tempo falando, com slides, e passando o conteúdo que tinha que passar, muitas vezes conteúdo que já tinha pronto ou slides que já usei em cursos anteriores, etc.
  • Na escala “Benjamin Bloom” (se você não conhece essa teoria, passe a conhecer) a palestra acabava ficando na escala lá debaixo da pirâmide, no “Compreender” ou apenas “Lembrar”:
Taxonomia de Bloom - A técnica do conhecimento, da compreensão, da ...

Um belo dia resolvi fazer um teste.

Falei pra responsável da empresa “Peça pro pessoal que vai participar da palestra escrever num Formulário, Planilha ou em algum lugar as principais perguntas e desafios que passam na vida real por aí” e fazemos num esquema diferente:

  • Por 15min eu falo, dou uma introdução ao assunto
  • No tempo que sobrar, respondo as perguntas deles (o famoso modelo Q&A – ou Questions and Answers)

Sendo assim conseguimos evoluir para as partes mais altas da pirâmide da Taxonomia de Bloom, dependendo da resposta: “Aplicar”; “Analisar”; “Avaliar” e quem sabe até “Criar” futuramente algo a partir do que foi debatido.

Portanto, meu modelo hoje é esse. Mais útil e acionável pra todos da empresa e com output muito mais claro para ambas as partes.

Não à toa Podcasts nesse modelo são muito acionáveis, como o Customer Success Lab e o Pergunte ao VC por exemplo. Q&A, afinal é um modelo que gosto bastante.

Abraços!

Os 6 melhores episódios do Podcast “Astella Playbook”

Ontem ouvi o episódio de despedida de um grande Podcast brasileiro, o “Astella Playbook”.

O Podcast foi criado pelo pessoal da Astella Investimentos, especificamente Edson Rigonatti e Daniel Chalfon, mas apoiados por toda a equipe Astella que faz parte da foto do post e colaborou em diversos episódios: Laura Constantini, Marcelo Sato e Martino Bagini.

O ecossistema brasileiro precisava disso, os caras foram lá e fizeram. Ele foi base, apoio e auxílio para um sem-número de empreendedores, startupeiros e interessados.

Ou seja, se você está lendo isso e tem o sobrenome Rigonatti ou Chalfon, muito obrigado!

Escrevo este simples post para recomendar 6 melhores episódios do Podcast, que entrevistou quase uma centena de pessoas ao longo de 3 anos e pouco de existência.

Leia depois: “51 perguntas para um bom Podcast”.

Leia depois: “Os maiores insights de Edson Rigonatti no podcast “Deep Growth”

Vamos lá!

*ps: A lista não está por ordem de melhor-menos melhor.

1-Marcelo Lombardo, CEO Omie

Link do episódio: https://open.spotify.com/episode/3tSTHF9Jlf7jOeYyflYWvg?si=fac4265456774df7

Por que foi bom: Pois foi o primeiro episódio. Pois a história do Marcelo e da Omie é muito relevante e cheia de altos e baixos. Até acharem seu nicho, seu cliente, seu modelo de negócios e Product Market Fit, penaram bastante. É interessante notar a importância de um founder-CEO se aproximar dos seus clientes até hoje, mesmo sendo uma empresa que passou por Série B. Conheço o pessoal de Educação e Customer Success de lá e sei que a Omie faz um trabalho muito legal. O Marcelo é a cara da Omie e vice-versa.

Frase marcante: “Um dia eu (Marcelo) falei pro Edson (Rigonatti): Edson, fazer isso acontecer somente com isso de grana? E o Edson respondeu: é como uma asfixia erótica. No começo você vai achar meio estranho mas depois você vai gostar!” (Marcelo Lombardo)

*Ps, leia mais sobre uma ideia do Marcelo Lombardo neste post aqui do Blog: “Como definir o posicionamento tático da sua startup?”

2-Eric Santos, CEO do RD Station (Resultados Digitais)

Link do episódio: https://open.spotify.com/episode/3Eier4bg6Axgno8z3EdEhE?si=3a6a7f8dd961483e

Por que foi bom: É o Eric, responsável e incentivador direto e indireto de milhares de empreendedores pelo Brasil desde que teve a coragem de empreender. A história, sempre fantástica fica mais especial pois a Astella investiu neles lá no início, então ganha a visão dos dois lados.

Frase marcante: “Dois empreendedores que me inspiram são Elon Musk, por pensar grande e agir sem medo; e Jeff Bezos por pensar grande mas ser mais adepto a processos e Playbooks” (Eric Santos)

3-Thiago Fiorin, ex-CEO da LojasKD

Link do episódio: https://open.spotify.com/episode/7qlNQUYYZZkYvuroH10DJO?si=TYvRIgmLSQuNX9yBgW9yjQ&dl_branch=1

Por que foi bom: Pois a LojasKD faliu após faturar mais de 100MI – e Thiago corajosamente conta essa história. Como diria a descrição do programa: “Muito se fala no mundo dos empreendedores sobre o erro, mas pouco se publica sobre o tema”. Esse episódio é épico, duro, verdadeiro e não canso de enviar a todos os founders que converso e conheço ao longo do caminho.

Frase marcante: “Sempre adorei acordar cedo pra trabalhar para crescer, pensar no novo, fazer diferente… Agora, acordar num dia para demitir 60 pessoas; viajar para pedir a benção para os fornecedores; conversar com o banco por um problema… Você se desgasta de um jeito que para de pensar em inovação, atendimento e tecnologia. Você pensa em como pagar as contas, receber aquele valor, justificar um não-pagamento…” (Thiago Fiorin)

*Ps, o livro “O Lado Difícil das Situações Difíceis” complementa muito bem esse tema.

4-Jacco van der Kooij, founder da Winning by Design

Link do episódio (em inglês): https://open.spotify.com/episode/40uUp5SqLPh0GAsUFU9eXV?si=3V0WU7jvRjifTlkkxFJIFA&dl_branch=1

Por que foi bom: Jacco e sua energia são cativantes. As ideias de mundo que ele tem, como relaciona a algo útil para startups, sua relação com vendas… São inúmeros os pontos bons desse episódio. Em tempo de muitos “experts”, é bom termos gente como o Jacco mostrando que existe gente apaixonada e muito boa no que fez-faz.

Frase marcante: “Quando é um Venture Capitalist (VC) que nos apresenta a uma empresa, essa é uma das piores maneiras de entrarmos nessa empresa para prestar um serviço. Quando o VC faz isso, é como se mostrasse que não confia nos founders o bastante”. (Jacco van der Kooij)

5-Victor Santos, founder e CEO da Liv Up

Link do episódio: https://open.spotify.com/episode/6kAhuaU9fOOEoyf7s6O5B9?si=KGmHKlaGTZWqwxJ2EL5Q4g&dl_branch=1

Por que foi bom: Pois trouxe um case muito bacana de uma empresa que escala em uma indústria que tinha tudo para ser moda antiga e crescer lentamente. A ideia que Victor tem, da Liv Up fazer parte de um dia inteiro (todas as refeições) de uma pessoa é incrível. Eles pensam grande de forma inteligente e equilibrada, e isso é admirável.

Frase marcante: “Nunca tenha uma pessoa gestora e liderada que não tenham conhecimento crítico para aquela área. Já que eu não conheço tudo, preciso ter pessoas que me complementem. Isso me trouxe um método que uso na formação de times até hoje”. (Victor Santos)

6-Aurora Suh e Juliana Tubino, CROs de Omie e RD Station

Link do episódio: https://open.spotify.com/episode/6yRkqBD9emJDKW740ovwov?si=SYhPyzoFT5aGDMRJlU_2JA&dl_branch=1

Por que foi bom: Pois é raríssimo termos Chief Revenue Officers de empresas são relevantes para o Brasil. Pois são duas mulheres e referências absolutas no que fazem. Pois divergem em alguns pontos – e aí está a graça da coisa (Playbooks diferentes!). Episódio essencial para quem já possui certa maturidade em seu negócio (Scale-ups especialmente)

Frase marcante: “Estamos num projeto internacional que optei por não contratar uma liderança para que eu possa aprender antes o que é necessário para compor o time como líder. Não vou ter profundidade em todos os detalhes, mas preciso transitar bem em todos os níveis: da estratégia à execução.” (Juliana Tubino)

Estou ansioso para a nova versão do Podcast e sempre visitando antigos episódios.

Valeu, Astella!