Que escolhas você faria sem Instagram?

Já tenho 3 posts escritos ao longo de anos sobre os benefícios da vida sem Instagram.

Esse, esse e esse outro.

Não que eu não tenha uma conta ou não ache super legal, mas basicamente não o tenho instalado e não tomo decisões baseadas nele. Eu sei como e pra que um app é feito (já que trabalho em Tech), e o vício pode ser mais agudo do que achamos.

Mas percebo que muitas pessoas tomam decisões baseadas em Instagram, e acho que isso é o mais agudo dos exemplos de um vício muitas vezes mascarado. Cito exemplos:

  • Ir em determinado restaurante só pensando nos likes e repercussão de pessoas que quer impressionar
  • Manter a imagem que os seguidores têm, elevando o nível de postagens de uma vida “dos sonhos”
  • Se ver estressados ou sem um norte quando não estão inspirados para postar ou não existe o que postar, sensação de desapontar seguidores ou algo assim

Digo seguramente: grandes momentos recentes da minha vida não seriam dignos de uma linda foto no Instagram.

Como um hamburger feito em casa que ficou feio apesar de delicioso; comer um camarãozinho fantástico em um restaurante trash; uma corrida na chuva no fim de tarde que não seria digna de foto; ou momentos simples e inexplicáveis. Dane-se postar, dane-se quem vai ver, dane-se quem vai comentar. Quando o post não é feito, nos libertamos automaticamente.

A partir do momento que viramos a chave para viver bons momentos que serão publicados e compartilhados não numa rede social mas sim no nosso próprio coração ou no coração de quem amamos, o jogo muda.

E você, mudaria as escolhas se não houvesse Instagram? Se sim, é hora de revisitar o papel que isso tem em sua vida. Até!

O tempo que faz horas a mais

Às vezes redescubro Ziraldo.

Uma das cenas de um grande filme da minha infância, “O Menino Maluquinho” – devo ter visto mais de 50 vezes (tinha o VHS), narra:

“Ah… que grande mistério o jeito que o menino tem de brincar com o tempo.

Sempre sobra tempo pra tudo!

Tempo? Que amigão! Seu ponteirinho das horas, vai ver é um ponteirão!

O tempo pra ele faz horas, horas a mais!”

Estava refletindo profundamente sobre isso.

-Na infância o tempo “se estica”, se adapta à criança para junto brincar. Tudo é brincadeira! E brincadeira não tem hora. Esse existir e essa presença relâmpago são minutos que viram horas…

-Quando nos tornamos adultos, o tempo nos deixa para trás! Ou será que nós que o deixamos? Abarrotados por compromissos, tarefas, deadlines… O tempo “aprisiona” o adulto, como cantava Nana Caymmi.

Percebi que a única forma de novamente vivermos esse tempo “amigão”, o tempo que se estica, é nos deixarmos levar pelas brincadeiras das crianças – esquecendo a seriedade que a vida nos exige, e “conduzir meu coração, onde os ventos vão” como cantava o Boca Livre.

Quem sabe este afinal seja o Kayros, tempo oportuno, na prática: não ligar para o tempo.

E nos dá o ponto final, Rubem Alves: “As crianças estão sempre a nascer para a eterna novidade do mundo”.

Até!

Sobre ficar alheio as coisas (2)

Tempos atrás escrevi “Sobre ficar alheio as coisas”.

No post, defendi sobre: “[…] não ser uma pessoa culpada por estar alheia a alguns elementos, mesmo que são/foram importantes pra você.”

Li uma excelente carta atribuída a Donald Knuth, escrito nos anos 2000 e aqui retomo o assunto.

O autor, professor de Ciência de Dados em Stanford, basicamente escreveu sobre o orgulho que tinha por não ter um endereço de e-mail desde 1990, e como estar alheio a isto o permite trabalhar. Um trecho interessante:

“E-mail é uma coisa maravilhosa para pessoas que querem estar super por dentro das coisas. Mas não para mim. Minha função no mundo é estar por fora das coisas”.

Adaptado a nossa época, acho que aqui entrariam as próprias redes sociais como escrevi no meu próprio post anterior. Ficar alheio é ótimo!

Segue a carta de Knuth na íntegra (em inglês):

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