“Amigos, amores e aquela coisa terrível” (Matthew Perry) – Frases de Livros

Quem me conhece sabe que adoro biografias, e recentemente trouxe aqui as melhores frases de ídolos como Janis Joplin, Robin Willians, Andre Agassi, entre outros.

Este livro, entretanto é diferente. Nosso eterno “Chandler” num relato autêntico e verdadeiro, sua auto-biografia, relata sem medo mais sobre sua vida: amigos, amores e o vício (aquela coisa terrível).

Comprei o livro no instante que soube da morte dele, num sábado a noite, e poucos dias depois já havia devorado-o. Minha maior lição: ninguém está imune a nada. Precisamos constantemente nos vigiar e estarmos alertas buscando nossa melhor versão, e como isso é difícil.

RIP Mr. Perry, obrigado por ser realmente você em um mundo cheio de filtros e fakes e obrigado por tantas risadas ao longo de anos.

Essas foram as melhores frases que destaquei:

E, agora, as cicatrizes na minha barriga. Os romances que não deram certo. Ter abandonado Rachel (não aquela, a Rachel de verdade. A ex-namorada dos meus sonhos, Rachel). Tudo isso me assombra enquanto fico acordado na cama, às quatro da manhã, na minha casa com vista para o Pacific Palisades. Já passei dos cinquenta anos. Já passei da idade para essas coisas.

O limite de dois drinques havia sido revogado fazia pouco tempo, então o voo mais parecia uma excursão de seis horas por Sodoma e Gomorra. O fedor de álcool infestava tudo; o cara do meu lado devia ter tomado uns dez drinques com uísque (parei de contar depois de duas horas). Eu não conseguia entender por que os adultos gostavam de beber a mesma coisa várias vezes… Ah, a inocência.

Passei muito tempo em hospitais. Estar internado faz até o melhor dos homens sentir pena de si mesmo, e eu sou bom em sentir pena de mim mesmo. Sempre que fico deitado, me vejo pensando na vida que tive, observando cada momento sob todos os ângulos, como se minha história fosse uma descoberta arqueológica estranha, tentando encontrar um motivo para ter passado tanto tempo sentindo desconforto e dor emocional.

Eu era barulhento e carente, e isso foi resolvido com um comprimido. (Hum, parece que acabei de descrever a porra dos meus vinte anos.) Segundo me contaram, tomei fenobarbital durante meu segundo mês de vida, entre as idades de trinta e sessenta dias. Essa é uma fase importante do desenvolvimento infantil, especialmente quando se trata do sono. (Cinquenta anos depois, ainda não durmo bem.)

Sem os remédios, porém, é como se eu estivesse perdido em um mar de nada. Isso, é lógico, significa que basicamente não consigo ser útil ou prestativo em um relacionamento, porque estou sempre tentando chegar ao próximo minuto, à próxima hora, ao próximo dia. É a doença do medo, o doce sabor da inadequação. Basta um pouquinho de droga, só uma gotinha, para eu ficar bem — quando você está sob o efeito de alguma coisa, nada o abala.

Eu ficava sozinho por bastante tempo; havia babás, mas elas nunca duravam muito, então simplesmente eram acrescentadas à lista de pessoas que me abandonavam…

Eu tinha alcançado o êxtase. Naquelas três horas, não havia problema algum na minha vida. Eu não estava abandonado, não brigava com a minha mãe, não ia mal na escola, não me perguntava qual era o sentido da vida nem questionava meu lugar no mundo. Tudo isso desapareceu. Sabendo o que sei hoje sobre a natureza progressiva da doença que é a dependência química, fico admirado por não ter bebido de novo na noite seguinte, e na noite depois dessa, mas não fiz isso; eu esperei, ainda sem ter sido atingido pelo flagelo do alcoolismo. Então aquela primeira noite não levou a bebedeiras regulares, mas deve ter plantado uma semente.

Meu pai também bebia. Toda noite, ele chegava de algum set, ou de nenhum set, se servia de um copo generoso de vodca-tônica e anunciava: “Esta foi a melhor coisa que me aconteceu hoje.” Ele dizia isso se referindo a um drinque. Sentado ao lado do filho, em um sofá em Los Angeles. Então tomava mais uns quatro copos e levava o quinto para a cama. Meu pai também me ensinou muitas coisas boas. Mas com certeza me ensinou a beber.

Anos depois, meu pai também faria sua própria caminhada reflexiva: depois de beber demais em uma noite, ele caiu no meio de uns arbustos ou coisa parecida. No dia seguinte, quando conversou com Debbie, ela perguntou: “É assim que você quer viver?” E ele respondeu que não. Então saiu para dar uma caminhada, parou de beber e nunca mais tocou em uma gota de álcool.

Em 1986, eu tinha certeza de que a fama mudaria tudo, e ansiava por ela mais do que qualquer outra pessoa na face da Terra. Eu precisava dela. Era a única coisa que daria um jeito em mim. Eu tinha certeza.

River (Phoenix) era um homem lindo, por dentro e por fora. Lindo demais para este mundo, no fim das contas. Parece que os caras muito talentosos sempre se ferram:

Craig Bierko, que até hoje é a mente cômica mais rápida que já vi. Apesar de a minha ser rápida, a de Craig Bierko é mais.

Meu agente conversou comigo um dia e me disse que meus ídolos — Michael Keaton, Tom Hanks — tinham a atitude que eu almejava. Mas os dois também tinham uma aparência ótima, e o feedback que ele recebia todos os dias de diretores de elenco e produtores era que eu estava com uma cara péssima.

Nunca entendi o pessoal da cocaína — por que alguém iria querer se sentir mais presente, mais agitado? Eu fazia parte da turma que gostava de ir devagar, querendo derreter no meu sofá e me sentir maravilhoso enquanto via um filme atrás do outro.

Você precisa ficar famoso para saber que essa não é a reposta.

Eu odiava o que estava prestes a dizer de verdade, mas aquilo precisava ser dito. Falei: — Quer saber, Craig? A fama não faz aquela diferença toda que nós pensávamos que faria. Ela não resolve nada. (Que pensamento lúcido para um cara de 26 anos que só desejava fama e tinha acabado de perceber que ela não preenchia nenhum vazio. Não, quem preenchia meus vazios era a vodca.) Craig ficou me encarando; acho que não acreditou em mim; acho que ele ainda não acredita em mim. Acho que você precisa realizar todos os seus sonhos para entender que se tratavam dos sonhos errados.

Durante a produção do filme, eu lia o roteiro e fazia sugestões de piadas para Andy Tennant, que era um cara muito inteligente e legal. Ele se sentou comigo — eu estava aos pulos, fazendo minhas estripulias de sempre, e ele me puxou para um canto e disse: — Você não precisa fazer nada disso. Você é interessante o suficiente de assistir sem nenhum desses recursos. Esse raciocínio permitiu que ele arrancasse de mim uma das melhores performances da minha carreira. Seria essa uma forma diferente de dizer Matty, você é suficiente, as palavras que passei a vida inteira desejando ouvir?

— Tome isto depois que terminar de gravar — disse o médico. — Vai ficar tudo bem. Guardei o comprimido no bolso, e juro por Deus que acredito que, se eu nunca o tivesse tomado, as três décadas seguintes da minha vida não teriam acontecido do jeito que aconteceram. Vai saber. Só sei que foi tudo bem ruim.

Dá para acompanhar a trajetória da minha dependência química pelo meu peso entre as temporadas. Quando estou mais pesado, era álcool; quando estou magro, eram remédios. Quando estou com um cavanhaque, eram muitos remédios.

Meu pensamento havia se deturpado nesse nível — eu conseguia equilibrar essas duas coisas na minha cabeça ao mesmo tempo: não quero morrer, mas, se isso for a consequência de usar drogas suficientes, paciência. Tenho uma lembrança vívida de segurar os comprimidos em uma das mãos, pensar Talvez isso me mate e tomá-los mesmo assim.

Os alcoólatras odeiam duas coisas: rotina e mudanças.

No fundo, eu sabia que a vida se trata das alegrias simples, como jogar uma bola vermelha de um lado para o outro, assistir a um alce vagando por uma clareira. Eu precisava me desapegar de todas as fontes dos meus problemas. Por exemplo, continuar com raiva dos meus pais, ter sido desacompanhado tantos anos atrás, não me sentir suficiente, ter pavor de compromisso por ter pavor de que chegasse ao fim. Eu precisava me lembrar de que meu pai foi embora porque ficou com medo, e que minha mãe era só uma menina que tentou lidar com a situação da melhor maneira possível. Ela não teve culpa por ter que dedicar tanto tempo para o babaca do primeiro-ministro canadense — esse nunca seria um emprego com um expediente normal, mesmo tendo um filho para criar. Só que eu não entendia isso naquela época, e cá estávamos nós…

Eu precisava perceber que, quando morresse, queria que a minha participação em Friends fosse apenas um item na lista de coisas que conquistei. Eu precisava me lembrar de ser legal com as pessoas, de tornar o encontro delas comigo uma experiência feliz, não algo que me causava pavor, como se aquilo fosse a única coisa que importava. Eu precisava ser gentil, precisava amar, escutar mais, doar incondicionalmente. Havia chegado a hora de parar de ser um babaca assustado e perceber que eu era capaz de lidar com as situações que surgiam. Porque eu era forte.

Um dia depois da situação com Hightower, eu estava me sentindo especialmente desconfortável e inquieto, e me lembrei que um homem sábio certa vez me disse que, em momentos assim, devemos ser criativos. Então abri meu laptop e comecei a digitar. Eu não sabia o que estava digitando. Só continuei. E uma peça de teatro foi ganhando forma.

Não é como a história de Amy Winehouse, que passou um tempo sóbria e morreu depois de beber um pouco. Algo que ela falou naquele documentário também vale para mim. Logo após vencer um Grammy, ela diz para alguém: “Não consigo curtir isso se não estiver bêbada.”

Martin Sheen se virou para mim e disse: “Sabe o que São Pedro diz para todo mundo que tenta entrar no Céu?” Enquanto eu o fitava com um olhar inexpressivo, o homem que já interpretou um presidente continuou: “Pedro diz ‘Você não tem cicatrizes?’. E, quando a maioria das pessoas responde com orgulho ‘Ah, não, não tenho’, ele diz ‘Mas por que não? Não havia nada pelo qual valesse a pena lutar?’’’

Hoje, quando acordo, me sinto curioso, me perguntando o que o mundo me reserva, e o que eu reservo para ele. E isso basta para seguir em frente.

Na maioria dos dias, enquanto observo o mar, me sinto preenchido não apenas por saudade, mas também por paz, gratidão e uma compreensão mais profunda das coisas pelas quais passei e o ponto em que estou agora.

Schwimmer, por nos manter unidos quando ele poderia ter seguido sozinho e lucrado mais do que todo mundo, decidindo que deveríamos ser uma equipe e conseguindo um milhão de dólares por semana para todos nós. Lisa Kudrow — nenhuma mulher me fez rir tanto quanto ela. Courteney Cox, por fazer os Estados Unidos acreditarem que um cara como eu poderia se casar com uma moça tão linda. Jenny, por permitir que eu passasse aqueles dois segundos extras olhando para o seu rosto todos os dias. Matt LeBlanc, que pegou um esboço de personagem e o transformou no papel mais engraçado da série.

O sol está no ponto mais alto, chegou a hora de voltar para a sombra. Odeio deixar a vista para trás; acho que ninguém seria capaz de compreender o significado de uma vista dessas para mim, que deixo de ser um menor desacompanhado quando pairo sobre o mundo desta forma, prestes a ter um pai novamente.

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