O grande perigo dos 5%

Em meu primeiro estágio, eu tinha que realizar a clipagem de jornais de todas as regiões de Santa Catarina, localizar os clientes em meio às notícias, scanear, e enviar um relatório no fim do dia.

Certa vez em um plantão de fim de semana, por desatenção, deixei o principal jornal (Diário Catarinense) de lado e não o revisei.

Resultado? Os maiores clientes ligando na segunda-feira de manhã para perguntar como, no relatório, não constavam as notícias do DC!

O fato é: naquele dia fiz um trabalho incrível com 95% dos clientes. Mas isso foi praticamente anulado pelos 5% que deixei de fazer.

Eu acredito que essa situação surge em diversos momentos de nossa vida e de nossa carreira: todos temos os 5% que travam/atrapalham/transformam nossos limites em impossibilidades.

Se aprendi algo com essa situação, com certeza foi: de nada adiantam vontade e conhecimento para fazer o bem feito se damos margem aos 5% que podem jogar tudo por água abaixo.

Portanto: foco e atenção para chegar aos 100% em todos os âmbitos da vida, mas quando isso não acontecer, não ignorar os 5%! Limites fazem sentido quando superados.

A Cultura na Empresa, com Ana Rezende

Hoje o papo é com a Ana Rezende, uma referência quando o assunto são Pessoas. 

Tive a honra de trabalhar e trocar boas ideias com a Ana na época que estávamos na Resultados Digitais. (inclusive, entramos no mesmo dia, em março de 2015!).

Admiro muito o trabalho dela pois seus pontos positivos carregam algo muito especial: para mim, a Ana consegue trazer o dom maternal para sua profissão, através de paciência, visão e sendo uma excelente ouvinte (pontos esses, cruciais para alguém que entende profundamente de áreas de People/Recursos Humanos).

Conversei com a Ana sobre Cultura, ponto chave para qualquer empresa que queira crescer, na entrevista que vocês acompanham a seguir!

 

1-Ana, você teve experiências muito relevantes na carreira, tais como Embraco, Imaginarium, Resultados Digitais, e hoje toca com seu marido (Marcio Rezende) a Lidehra. Por que você escolheu trabalhar desenvolvendo pessoas ? Não é algo trabalhoso e cansativo demais?

É bem trabalhoso!

Eu gosto de estar em interação desde que me conheço por gente também desde cedo me senti intrigada em entender a forma como as pessoas são, reagem, se relacionam. Foi uma escolha meio óbvia fazer o curso de psicologia e já no 2º ano de faculdade (em 1999!) eu comecei a estagiar em RH e não saí mais. Eu acho lindo o processo de desenvolvimento, de aprendizagem, de superação. Vejo que é um privilégio poder acompanhar a jornada das pessoas e se possível, contribuir.

Eu vejo muitas empresas assumindo o papel de ser um terreno fértil para o desenvolvimento de seus colaboradores, incentivam, estruturam, acompanham e reconhecem avanços do time! Como não querer fazer parte disso?

 

2-Cultura é algo muito importante para as empresas. Para uma empresa que não tem clareza sobre sua cultura, existe um be-a-bá para a definição? Que dicas você daria?
1º – Ter clareza do norte, propósito/proposta de valor/metas da empresa;
2º – Principalmente em empresas até 50 colaboradores, é importante ter consciência de quais são os valores e crenças do dono/CEO/Founder da empresa;
3º – Fazer um match entre os valores e crenças existentes no principal líder e os resultados que a empresa busca para chegarmos em quais serão os comportamentos que devem ser reconhecidos no time e que levarão a empresa para o destino.

O processo não precisa (e nem deve) ser solitário, apenas com base no que o líder principal percebe/pensa/sente. O time é bem vindo na co-criação, na troca de insights mas devemos sempre ter em mente que para a cultura ser sustentável, ela precisa ser alinhada com o que o “cabeça” da organização é (talentos e gaps) para que ela seja vivida de forma consistente.

 

3-Você já viu alguma empresa mudar os seus valores, devido ao crescimento? Os valores de uma empresa são realmente imutáveis?
Eu penso na cultura organizacional como se ela fosse uma pessoa: tem crenças, valores, comportamentos, sentimentos, regras de funcionamento, ambiguidades, qualidades, defeitos. Se as pessoas mudam, amadurecem, as empresas também passam por este processo. Entretanto, mudança nos valores é mais raro, faz parte da essência. Acho mais provável mudar os valores quando há alteração significativa na liderança da empresa, e menos em função do crescimento.

Quando eu estava na Embraco fui testemunha de uma mudança nos valores da empresa quando ela foi comprada pela Whirlpool e recebeu um novo presidente. A empresa passou a estar ainda mais atenta aos resultados, à eficiência operacional e, valores como objetividade, meritocracia, competitividade passaram a fazer parte da rotina criando necessidade de ajustes em praticamente todos os processos de gestão de pessoas.

Percebo que as empresas estão cada vez menos investindo em elencar seus valores. Estão se dedicando mais em definir o propósito, o norte e os comportamentos que contribuirão (manifesto de cultura/culture code).

 

4-Qual o papel a área de Pessoas/Recursos Humanos tem para auxiliar todas as áreas a viverem a Cultura da empresa? Como?
Primeiramente é ser uma referência nos comportamentos presentes na Cultura. As pessoas precisam de modelo! A cultura é invisível, as pessoas a percebem através dos comportamentos e comunicações. RH precisa ser role model.

Todos os processos de gestão de pessoas devem ser feito para incentivar os comportamentos definidos como adequados pela cultura, seja nos processos de Get, Grow, Keep ou Let Go. RH não pode permitir que pessoas desalinhadas com a cultura sejam contratadas ou reconhecidas. Deve traçar e/ou apoiar ações que acelerem o desenvolvimento dos comportamentos presentes no manifesto de cultura. E ajudar a empresa a definir rituais que fortaleçam a vivência da cultura.

 

5-Com a sua experiência você deve ter alguns exemplos positivos de empresas que vivem seus valores e sua cultura de uma maneira interessante. Você poderia citar alguns cases?
Acredito que a AMBEV seja o case mais clássico. Difícil imaginar uma pessoa que não conheça o “jeito AMBEV de ser”, extremamente focado em resultados e meritocracia. Eu gosto de falar deste case pois vejo muitas pessoas criticando a cultura AMBEV e outras amando esta mesma cultura. Não existe cultura certa ou errada, existe a cultura que mais vai contribuir para que a empresa chegue aonde almeja, e, existem profissionais que vão se identificar ou não com esta cultura.

Poderia citar também Netflix, Google, Resultados Digitais, Nucont e etc… mas escolhi falar de uma empresa ainda pouco conhecida, infelizmente para quem ainda não a conhece, a SumOne. A empresa vive o propósito de se reinventar em busca de crescimento e desenvolvimento (seu, dos SumOners, clientes…) e desafia seu RH e líderes a questionarem e ajustarem as ferramentas, processos e programas “padrão” de desenvolvimento de pessoas para viverem intensamente seu propósito. Empresa tem muita clareza de quais são os comportamentos a serem reconhecidos (Level Up, Brave, Human, Owner), quais são os comportamentos não tolerados e cumprem consistentemente política de consequência. A sua cultura é fortemente percebida por quem interage com ela mesmo estando “de fora” da empresa. O foco da SumOne não é resultado per se, mas sua consistência e agilidade nas correções de rotas de seus colaboradores, tem feito com que eles estejam voando.

Muito legal, né? Se quiser entrar em contato com a Ana e com o pessoal da Lidehra, seguem abaixo:

Linkedin: www.linkedin.com/in/anacarolinavrezende

Email: [email protected]

Site: www.lidehra.com.br

 

Modelos de Atendimento, com Edu Tavares

Hoje o entrevistado é um grande amigo pessoal, e referência quando o assunto é Customer Success, ou Sucesso do Cliente! 

Edu vai nos contar um pouco mais sobre “Modelos de Atendimento” e outros pontos desta área que cada vez mais é realidade em startups, empresas de tecnologia e empresas que se preocupam genuinamente com o sucesso de seus clientes.

1-Em quais aspectos uma área de Customer Success se diferencia de uma área de atendimento à moda antiga?

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que algumas mudanças estão acontecendo no mundo de hoje. E uma delas, certamente, é que o cliente tem muito mais informações do que tinha antes e chega muito mais pronto para a compra, para a utilização e avaliações. (Em contrapartida, as empresas também tem muito mais dados: perfil, comportamento, preferências…)

Sendo assim, o cliente tem muito mais voz ativa! Hoje as empresas estão ouvindo mais os clientes, que querem nada menos que o melhor.

Quando falamos de Customer Success, falamos de sucesso. Deixar o cliente feliz é diferente de entregar sucesso para o cliente!

O papel do Customer Success Manager é ajudar o cliente a ter sucesso com o produto ou o serviço, especialmente em empresas que tem o modelo de assinatura.

Neste modelo de assinaturas, chamado de SAAS (Software as a Service), o cliente não paga um valor alto para entrar, mas vai pagando um valor menor, e recorrente,  enquanto estiver na empresa. Assim, a empresa precisa garantir um tempo mínimo de permanência desse cliente para que pelo menos a venda valha a pena. Retenção é a palavra para que o CAC (Custo de Aquisição de Cliente) seja viável, mas ele só ficará se tiver sucesso.

Customer Success está relacionado a saúde e a receita da empresa. Algo muito mais estratégico que atendimento.

 

2-O que te motivou a entrar no mundo de Customer Success quando veio pra Floripa?

Me formei em Publicidade em 2005 e até 2014 trabalhei em Agências de Publicidade/Marketing Digital.

Sempre trabalhei com Gestão de Contas, que no mundo de Agências Digitais, envolvia gestão de projetos; indicadores; vendas, etc.

Estava cansado de Agências e decidi sair de São Paulo e ir para Floripa. Me candidatei para uma vaga de Marketing Digital sem nem ver o nome da empresa!

Era a Resultados Digitais, ainda desconhecida, e a gestora da vaga comentou sobre outra vaga, em Customer Success, que eu não tinha ideia do que era.

Já que se assemelhava com o que eu fazia em São Paulo, aceitei, e entrei na RD em maio de 2014 como CSM, onde fiquei 3 anos e meio dentro dessa área em 3 diferentes funções.

 

3-Tech Touch, Low Touch, Mid Touch e High Touch: quais os pontos positivos e negativos de cada Modelo de Atendimento?

Um ponto negativo é optar pelo modelo errado na sua empresa.

Existem diversas maneiras para entender qual seria o modelo ideal para aplicar com os clientes, lembrando que uma empresa não precisa ter um único modelo. Existem empresas que atendem em um modelo específico (só High Touch, por exemplo) e outras que personalizam (como High Touch, pois existem reuniões semanais, e Tech Touch, para outros pontos, por exemplo).

O Mateus Pestana, da SenseData, costuma falar sobre o modelo “Smart Touch”: que é utilizar o melhor de cada modelo desde que faça sentido para a empresa e seus clientes Não necessariamente todos os clientes terão o mesmo atendimento.

Minha dica seria entender o perfil do cliente + o modelo de negócio da empresa, e entender qual dos modelos de atendimentos positivos e negativos de cada uma das segmentações, sempre lembrando que o melhor modelo será aquele que melhor ajudar o cliente a alcançar o sucesso desejado.

 

4-Ouvimos muito falar sobre RTS (Revisão Trimestral de Sucesso) com os clientes. Isso funciona mesmo ou é mais um conceito no meio de tantos?

RTS funciona desde que faça sentido para a empresa e para o cliente.

Independente do nome, é importante saber se TRIMESTRAL faz sentido. Pode ser que no modelo da empresa, trimestral seja muito distante! Pode ser quinzenal, mensal, bimestral, semestral… Entender a frequência é algo muito importante!

E tem que ter alguns objetivos, tais como:

  • Apresentar resultados
  • Apresentar evolução
  • Alinhar objetivos iniciais
  • Traçar novos objetivos, quando preciso (muitas vezes o cliente tem novos objetivos, “XYZ”, diferentes dos traçados inicialmente, “ABC”)
  • Ter um Plano de Ação claro até o próximo RTS
  • Dentre outros pontos que podem ser personalizados

O fundamental da Revisão, seja qual nome e período forem escolhidos, é a apresentação de resultados, alinhamento de expectativas e definição de próximos passos com o cliente.

 

5-Quais tendências você acha interessante compartilhar sobre cases de atendimento em Customer Success?

A ideia de Customer Success é que o cliente alcance seus objetivos com boas interações com a empresa.

O que é importante dizer é que fazer o cliente ter sucesso e trazer satisfação não é novidade nenhuma! Desde sempre as empresas desejam ter clientes satisfeitos.

As tendências que percebo são mais relacionadas a parte analítica:

  • Análise de Dados: conseguir compilar e entender o que fazer com os tantos dados que atualmente conseguimos coletar de nossos clientes. As empresas estão começando a tomar decisões baseadas em dados!
  • Feedback de clientes direcionando decisões da empresa: iniciativas como o NPS (Net Promoter Score) tem se tornado cada vez mais comum, no entanto é fundamental que os feedbacks dados pelos clientes de fato sejam utilizados estrategicamente nas empresas, e não apenas como um indicador de vaidade (em caso de um alto NPS).

Resumindo: a grande tendência é realmente a parte analítica, para os próximos anos!

Se antes a turma de “humanas” dominava Customer Success, hoje vejo que a galera de “exatas” vem tendo cada vez mais espaço, vide as áreas de Customer Success Operations (CS Ops) surgindo nas empresas.

Gostou? Quer entrar em contato com o Edu para conversar sobre Customer Success?

Seguem os contatos dele:

Linkedin: www.linkedin.com/in/tavaresedu

Email: [email protected]

Site: http://customersuccessbrasil.com/

Começo de carreira, com Vitor Peçanha

Olá! Hoje começamos a série “5 ideias sobre…” com perguntas simples sobre temas relevantes no mundo de tecnologia e startups.

No primeiro post da série, recebemos o super-Vitor Peçanha, co-founder da maior empresa de Marketing de Conteúdo da América Latina, a Rock Content.

Vale lembrar: essas perguntas foram feitas originalmente pela querida Manuela Lenzi, Gerente Geral de Implementação (Customer Success) na Resultados Digitais em um projeto de um Podcast que -por enquanto- deixamos de lado.

Sem mais delongas, com vocês, Peçanha responde sobre o assunto “Começo de Carreira”!

 

1-Acho que o Peçanha da Rock as pessoas conhecem já. Mas e o Peçanha antes da Rock Content? Se eu chegasse em uma mesa de amigos da faculdade na UFMG e pedisse para te definirem como estudante, o que eles me contariam?

Se fosse bem no início da faculdade: o Peçanha é aquele “cabeção” que está tirando nota alta em todas as matérias.

Mas no meio da faculdade eu comecei a aprender pra que serve a faculdade: interagir com os outros, encher a cara e continuar tirando nota boa, ou seja,  eu me tornei mais social!

 

2-Tem alguma coisa que você fez na sua carreira que vê que qualquer pessoa poderia fazer também?

Minha carreira não tem muitos momentos únicos, determinantes. Ah, claro! Tirando uma vez que eu passei num concurso público, recusei e todo mundo achou que eu era louco! (risos)

Mesmo que eu seja enviesado para o lado de startup e tecnologia, eu diria que:

  • Sempre permanecer estudando: por mais que pareça clichê, sempre defendo aqui na Rock Content, que: “todo mundo pode ser bom para estar fazendo o trabalho de hoje, mas muitos podem não conseguir fazer o trabalho daqui a um ano”;
  • Aprender a programar: entender lógica de programação não é só para programadores. Ter uma ideia para botar um MVP (Produto Mínimo Viável) no ar, sem depender de terceiros é algo ótimo! Programar em HTML não é algo complicado, basta querer estudar;
  • Design de interação: fiz inclusive uma Pós-Graduação nisso. Me ensinou a parar de achar as coisas e aprender como descobrir as coisas. Olhar para o usuário, tirar o “eu acho” e tomar decisões baseadas em dados.

 

3-Se você estivesse fazendo uma mentoria para alguém em início de carreira, quais conselhos daria?

Gosto muito do livro “O Lado Difícil das Situações Difíceis” de Ben Horowitz.

Ele diz algo como: “As coisas mais importantes da sua empresa (pessoas, produtos e lucro), estão nessa ordem de prioridade”.

Muito do que você vai conseguir na sua carreira tem totalmente a ver com como você lida e trata as pessoas.

Quando estou treinando algum gerente meu, por exemplo, nunca parto do princípio de que as pessoas tem algo contra mim. No trabalho existem situações de conflito que não são pessoais! São negócios.

Você nunca pode ser aquela pessoa que tem raiva das pessoas, e sim entender a motivação que há por trás dos outros, por exemplo.

Li um livro chamado “Princípios” de Ray Dalio, onde ele mostra que mapear os princípios e segui-los é algo muito importante! E percebo que com isso, viver e conviver com pessoas vale mais do que conhecimento técnico.

 

4-Quando você sentiu que estava trilhando uma carreira de sucesso – qual foi sua virada de chave?

Essa pergunta é difícil! Mas agora, após termos completado 5 anos de Rock Content é difícil falar “daquele momento exato” mas sim de pequenas conquistas.

Mas se fosse escolher algo, lembro de um em especial há 2 ou 3 anos atrás.

Em um mês difícil, estava com meu sócio na Rock Content (Edmar Ferreira, o Ed) que me falou: “Peçanha:  pense em tudo o que já somos e o que conquistamos! Hoje não somos mais uma empresa que some do dia pra noite.”

E pensei que era verdade. Eu ainda tenho a insegurança de uma pessoa que tem uma empresa. Mas hoje pensando que foi algo construído, que tem uma “vida própria”, com uma empresa que tem uma imagem além dos founders: isso é sucesso, pra mim. Ter construído isso, muito mais do que “Peçanha figura pública” (palestras, livro, etc.) ! 

 

5-Qual foi a frase que já te falaram que você lembra que mais impactou?

Com certeza o que virou o título do meu livro: “Obrigado pelo Marketing”.

Ouvi essa frase no RD Summit 2015 de alguém que achou muito bacana me conhecer, e me agradeceu muito e agradeceu muito a Rock Content pelo trabalho que é feito.

Isso foi uma prova de que tenho um impacto positivo sobre alguém. Ajudar os outros é muito legal!