A importância da nomenclatura

Você tem o costume de nomear as coisas?

Lendo um grande livro de Amyr Klink, chamado “Mar sem fim”, destaquei uma frase:

“Não mudei o seu nome quando fui registrá-la porque creio que todo barco adquire uma certa personalidade com o nome de batismo, especialmente uma canoa.” (pg.9)

Amyr é realmente um cara inspirador! Neste livro, narra com detalhes a viagem que fez do sudoeste da África à Paraty. Recomendo a leitura de Mar sem Fim.

O fato é: assim como uma canoa, existem viradas de chave; processos; novidades; ações contínuas que precisam ser nomeadas, especialmente em startups que crescem muito rápido.

Por exemplo: certa vez, quando estava na Geekhunter, notei que os vendedores precisavam dedicar diariamente parte do dia para realização de ligações para os clientes, e me vi diante de uma escolha, entre:

Opção 1 – Chamar isso pelo nome da própria atividade, ou seja “Ligar para clientes”

Opção 2 – Criar um nome que marcasse essa atividade, dando personalidade ao fato, como disse nosso amigo Amyr Klink

Optando pelo 2, lembrei de uma frase que falava Chacrinha, “Quem não se comunica se trumbica”, e em uma divertida reunião semanal lancei o nome “Operação Chacrinha”.

Se tivesse optado pelo 1 teria tido menos resultado? Não sei dizer, mas sei que a moda da “Operação Chacrinha” pegou e conseguimos atingir os objetivos de contato.

Esse é um exemplo simples, mas compartilho outros tantos nomes que ajudei a batizar ou presenciei o nascimento com pares e liderados ao longo da carreira:

“Get Ready” – Programa de treinamentos para novatos
“Movi Start” – Idem acima
“[XXX] 2.0” – Usado para nomear projetos que visam otimizar a versão anterior do que estava sendo feito (até ir avançando 3.0, 4.0, etc.)
“5Ds do Implantador” – 5 diretrizes magnas para um Implantador realizar antes, durante e pós call
“Perseverança” – Nome de uma apresentação de meio de mês em vendas
“Velhos e Novos Onboardings” – Usado para criar um senso de antes e depois de Onboardings feitos com clientes
“TheCXFactor” – Série de Webinars, que teve os 2 primeiros episódios sem nome, e pensando em criar-se uma identidade, nasceu

Pergunto: o que, no seu dia a dia ou se tratando de novidades e mudanças poderia ser batizado?

Até a próxima!

O líder e sua escuridão

Uma música que gosto muito diz:

“E quem sou eu pra te ensinar / coisas que nem sei?”

Pensando bem, isso tem tudo a ver com liderança.

Muitas vezes o líder não sabe a resposta, o caminho, a solução. E isso pode e provavelmente deve ocorrer bastante ao longo de um trimestre, um mês, uma semana…

Dizia um amigo: “Eu, como líder, duvido de mim todo dia. Inclusive estou duvidando de mim neste momento”. Coisas que livros de liderança não nos ensinam…

Comparemos o desconhecido à escuridão. Um quarto escuro mais precisamente.

Quando não existe um interruptor para ligar a luz, um bom líder deve em primeiro lugar admitir que não tem uma resposta.

A partir daí…

  • Utilizar a comunicação, a criatividade e abandonar o ego pra iluminar de alguma maneira este quarto, mesmo com um fósforo e uma vela
  • Focar em direcionar o liderado para que ele seja capaz de iluminar o quarto também, sem depender do líder
  • Pensar que toda a escuridão é motivo de aprendizado e uma carreira sem “quartos escuros” é utopia

Dizem que Thomas Edison testou 1.430 ideias antes de inventar a lâmpada elétrica.

Se ele levou esse tanto para “iluminar” a escuridão, por que nos desesperamos ao invés de tentar resolver?

Por mais líderes que tenham a humildade de dizer: “não sei, mas vamos descobrir”!

Na foto, uma singela homenagem ao professor que foi um dos responsáveis a me fazer passar em dois vestibulares, sem contar os milhares de alunos que foram “iluminados” ao longo dos anos. Professor Jerry, fique com Deus!

Diferentes interesses em startups: paradigmas e veredas

Afinal, todos os seres humanos são movidos pela esperança de ganhos pessoais?

Thomas Hobbes, filósofo inglês, e autor de “Leviatã”, acreditava que sim.

E em uma startup, será que esses ganhos pessoais se traduzem de alguma maneira? É disso que quero me aprofundar nesse artigo.


A medida que uma startup cresce, novos problemas surgem. E se não surgirem, meu amigo, isso sim já configura um grande problema.

Os antigos tempos de áreas híbridas e auxílio mútuo não mais funcionam e as velhas formas de resolução já não parecem escaláveis.

É aí que se percebe: cada área da empresa tem o seu interesse, isso é natural. Quer um exemplo?

Em certa startup, no mês de agosto, o time de Vendas bateu 40% da meta.

-Para os vendedores, faltaram leads qualificados e certas funcionalidades que concorrentes possuem;
-Para o Marketing, faltou esforço e eficiência do time de Pré-Vendas a partir dos leads gerados, inclusive com leads perdidos antigos;
-Para a área de Customer Success, receber menos clientes em setembro vai permitir que sejam dados treinamentos que ficaram guardados na gaveta tamanha a demanda dos últimos meses;
-Para o time de Produto, que foi cobrado pelas funcionalidades que não foram entregues, faltou conhecimento profundo sobre o próprio Produto no pitch dos vendedores.

Cada área tem sua meta, seus projetos, suas entregas. Compactuar com outra área, muitas vezes pode significar esquecer os objetivos da própria área, ou seja, pelo que cada área é realmente cobrada.

-Para um vendedor seria ótimo alguém de Customer Success auxiliando a fechar clientes com um conhecimento técnico – mas e as ligações do CS, como ficam?
-Para um CS, seria ótimo ter 100% dos clientes que entram via Vendas alinhadíssimos e totalmente maduros sobre o produto, mas isso é utopia
-Para alguém de Marketing, todas as áreas poderiam botar a mão na massa gerando ótimos conteúdos para o blog, mas nem sempre essa colaboração contínua acontece
-Para um time de Produto, seguir o roadmap proposto sem interrupções seria como viver no paraíso, mas sempre surgem problemas a resolver

Exemplos pessimistas? Pode até parecer, mas isso muito acontece, e pode estar acontecendo com sua startup nesse exato momento!

Afinal, quais seriam as possíveis soluções, as veredas para estes paradigmas?

Acredito que 2 pontos: alinhamento e clareza na comunicação.

1-Alinhamento

Será que para aquela área, é totalmente claro que tal ação gera o problema em questão?

O primeiro ponto tem a ver com um alinhamento que nunca é demais. Muitas vezes, o “óbvio” não é tão “óbvio” pra todas as partes!

Um alinhamento é feito por duas ou mais partes que, por mais que discordem inicialmente, decidem conversar para o bem do todo, do futuro da empresa.

Muitas vezes, se chega a uma solução que resolve o problema somente via alinhamento, abertura e vontade de fazer acontecer.

2-Clareza na Comunicação

Após alinhamento entre as partes, é hora de botar em prática as mudanças propostas.

A dificuldade é garantir que essas mudanças, muitas vezes em forma de diretrizes ou ações, sejam cumpridas.

Por isso, é interessante que tanto quando as mudanças alinhadas não ocorrem conforme combinado; quanto quando ocorrem, isso seja comunicado de maneira clara: de forma escrita ou presencial.

Exemplo 1:

“Olá!

Conforme alinhamos, venho informar que ontem 17h [acontecimento em questão] ocorreu, indo contra nosso combinado.

Poderiam verificar e retornar para que consigamos atingir os objetivos?

Abraços!”

Exemplo 2:

“Olá!

Conforme alinhamos, informe que [acontecimento em questão] está funcionando perfeitamente até agora!

Abraços!”

É dever dos líderes de áreas puxarem esse alinhamento para trabalharem com o time as mudanças devidas.

Quando não há alinhamento, os problemas continuarão, e o jogo de interesses reinará.

De nada adiantam bons leads gerados, se vendedores não performam. De nada adiantam boas vendas sem CS para entregar sucesso e crescimento para os clientes. De nada adianta um atendimento proativo, se o Produto não colabora. De nada adianta um Produto incrível se o mercado não o conhece através de Marketing. (e o mesmo para outras áreas essenciais como Financeiro, Pessoas, dentre outras tantas).

O fato é: nenhuma área se basta!

A união pode vencer tempos difíceis, e a solidão, fazer perecer.