Os 6 tipos de Product-Market-Fit

Na ótima e bem feita Newsletter “Deal Flow BR”, do Guilherme Lima da Astella Investimentos, vi esse post e achei bem interessante.

O divertido post original é esse aqui: https://foundercollective.medium.com/six-kinds-of-product-market-fit-ee41813b1cc7 da Founder Collective, e traduzo para português e para que possa enviar para empreendedores em começo de jornada. Acho que servirá mais como uma percepção criativa do que um guia completo para PMF, mas é sempre bom aprender através do senso crítico de quem realmente sabe do que está falando.

Antes de tudo, para quem é marinheiro de primeira viagem, explico o que é Product-Market-Fit brevemente:

“Product-Market-Fit significa estar em um bom Mercado com um Produto que lhe atenda”. Em outras palavras, você criou algo que as pessoas querem usar, comprar, engajar – e sua empresa cresce em consequência disso. O contrário disso seria o Produto certo no mercado errado, ou o Produto errado no mercado certo – ou pior, o Produto errado no Mercado errado.

Vamos ao artigo da Founder Collective! Boa leitura:

“Product-Market-Fit” tem uma qualidade mítica. Muitos acreditam que PMF é um dragão a ser morto enquanto você invade o castelo a caminho de tomar seu lugar na mesa redonda com Sir Elon e Lord Bezos. 

Aqueles de nós que já operaram sabem a verdade – o dragão assume muitas formas.

👻 Product-Market-Fit Fantasma

Os clientes * dizem * que adoram o produto que você descreve e prometem pagar generosamente por ele quando estiver pronto. Mas quando apresentado a um produto que difere de sua visão – mesmo que ligeiramente – seu interesse em preencher um cheque desaparece.

🇦🇺 “Não preste atenção ao homem por trás da cortina”-Market-Fit

Algumas Startups encontram o PMF antes de construir um produto. Eles acertaram em cheio a proposta de valor, mas precisam descobrir como “produzir” o processo (de maneira econômica) antes que o dinheiro acabe. Isso pode funcionar se feito corretamente.

💸 Subsídio-Market-Fit

Muitas startups “Uber for X” demonstraram PMF, mas lutaram para fazer a economia funcionar. Este pode ser o desajuste mais tortuoso porque a matemática parece * tão * parecida. Infelizmente, muitos nunca encontram o equilíbrio certo entre demanda e margens.

🏰 Comprador-Market-Fit

Em startups de B2B, geralmente há uma desconexão entre usuários e compradores. O produto foi testado e um pedido de compra está pronto… se a inicialização puder adicionar segurança, rastreamento de auditoria e alguns recursos “menores” “solicitados” pelo departamento de compras.

👏 VC-Market-Fit (é uma armadilha!)

Isso ocorre quando os VCs amam o negócio ou as credenciais do fundador (geralmente um empreendedor em série). Os fundadores geralmente sabem que não têm PMF real, mas os VCs presumem que você tenha. Os fundadores então gastam $$$. O desastre segue.

🛒 M&A-Market-Fit

Freqüentemente, os compradores em potencial de uma startup estão mais interessados ​​do que os usuários finais. Eles estão observando tendências de 5 a 10 anos, enquanto os usuários têm um foco de curto prazo. Se você puder no momento certo, poderá vender a empresa sem métricas massivas.

Conclusão: PMF não é um Santo Graal; é uma busca sem fim que assume novas formas em diferentes estágios do negócio.

Link para o post original, aqui.

Abraços!

Aprenda a jogar o “Jogo do Linkedin”

Esse post foi baseado em um ótimo Blog que acompanho, “Not Boring”, de Packy Mccormick.

O autor escreveu sobre os “Jogos” que jogamos nas redes sociais, mais especificamente Twitter, Instagram e Facebook. Recomendo o post completo.

Já que o meu mundo está diretamente atrelado a outra rede, o Linkedin e hoje em dia bem menos nas outras, como contei nesse post sobre o Instagram, resolvi refletir um pouco sobre “O Jogo do Linkedin”, mesmo sabendo que passo longos períodos de ausência na rede por falta de tempo e não sou exemplo ou pretendo ser referência para ninguém, ok?

Enxergando as redes sociais como Jogos

Parto de 2 pontos, do próprio autor:

1-Todos nós estamos jogando um ótimo jogo online . O quão bem jogamos determina as recompensas que obtemos, online e offline.

2-O Grande Jogo Online é jogado simultaneamente por bilhões de pessoas, online, como elas mesmas, com consequências no mundo real. Seu bem-estar financeiro e psicológico está em jogo, mas a desvantagem é limitada. A vantagem, por outro lado, é infinita.

Ou seja, jogar o Jogo Online, participar, ser ativo, estar sempre sendo visto nos “palcos sociais” é algo que pode trazer inúmeros benefícios. Como falo pra alguns colegas que estão querendo um emprego ou mudar de emprego: “Por que você está escondido? Como vão te descobrir? Suba no palco, se acostume, crie, escreva algo!”.

Eu, pessoalmente, muito me beneficiei desses Jogos Online, por mais que não me considere um Blogueiro ou algo parecido. O Customer Success Lab vendeu e vende bastante curso via posts de Instagram, via posts de Linkedin, afinal nós resolvemos gastar tempo nesse jogo e receber um retorno sobre ele.

E mais: jogar bem o jogo de uma rede social como Linkedin te faz ser convidado para palestras, workshops, lives, webinars, e consequentemente você estará se beneficiando por ter jogado esses jogos, caso queira divulgar ou vender um Produto ou Serviço através de um conteúdo de valor.

“O Grande Jogo Online é grátis para jogar e começa simplesmente quando você percebe que você está jogando um jogo”

Uma das mais brilhantes frases que já li, sintetizando isso tudo (tradução livre):

Quem são os jogadores do Linkedin e quais suas características?

O Linkedin é uma rede social de negócios lançada há 18 anos atrás pelo grande Reid Hoffmann. (já poderia tirar a licença de motorista se fosse humana).

Na minha sincera opinião, o Linkedin tem alguns tipos de jogadores:

  • A pessoa recrutadora
  • A pessoa líder estratégica
  • A pessoa profissional dos palcos
  • A pessoa querendo emprego
  • A pessoa que quer educar, mesmo com segundas intenções

Vamos visitar cada um deles? Reflita também qual você mais se assemelha, hoje:

  • A pessoa recrutadora

Muitas vezes representados por times de RH, Pessoas, Talentos, existem milhares de pessoas que possuem o objetivo e a meta de melhor e em menos tempo recrutar pessoas para uma determinada empresa. Essa pessoa é craque nas pesquisas, muitas vezes usa o plano pago do Linkedin e muitas vezes sabe usar as funcionalidades melhor do que os outros. Imagino que antes do Linkedin a dificuldade para recrutamento eram muito maiores, como se tivéssemos um mundo limitado e que hoje é praticamente ilimitado.

  • A pessoa líder estratégica

Líderes, CEOs, Founders e afins são pessoas que também normalmente precisam recrutar ou ajudar a recrutar. Portanto, líderes são constantemente vistos pela rede, compartilhando vagas, pedindo indicações e tantos outros pontos.

  • A pessoa querendo emprego

Como diria Gonzaguinha: “Eu acredito é na rapazeada!”. Muitas pessoas estão lá, deixando bem claro que estão abertas ao mercado, e isso faz parte do Linkedin! Gosto muito das pessoas que saem da zona de conforto e começam também a escrever e criar conteúdo relevante, sobre histórias pessoais ou percepções. Acredito que essas pessoas saem na frente das que também estão querendo emprego mas somente “estão cadastradas no Linkedin” por exemplo.

  • A pessoa profissional dos palcos do Linkedin

Essa pessoa vai mais para um lado de “Produtora de Conteúdo”. Está nos palcos do Linkedin e sabe diferenciar “Publicações” de “Artigos”. Sabe como fazê-lo, sabe quando deve gerar mais comentários e likes, e portanto visualizações. Se tornou ao longo dos anos uma pessoa que tira tempo para fazer melhores posts, e eventualmente tentando vender algo ou alguma ideia. O problema é quando essa pessoa só se torna “vendedora”, quando para de gerar valor às conexões, meramente para vender, vender e vender, como se tivesse jogando um Jogo “Finito” (assim que eu lançar meu curso; assim que a Live passar; assim que aquele evento acabar, eu paro de gerar conteúdo).

“Não dá para confiar num Palestrante de Sucesso que sai de uma palestra sobre “Como ganhar dinheiro” num Corsa ano 98”. (frase do mestre Rafael Rez)

  • A pessoa que quer educar, mesmo com segundas intenções

Esse tipo de pessoa é muito especial. Se eu resolver continuar jogando o Jogo do Linkedin, quão mais próximo estiver disso, estou feliz. É a pessoa que escreve pro Linkedin como se estivesse escrevendo pílulas de sabedoria ou de conhecimento; tem coração de estudante pois acaba também deixando a bola quicando para receber diferentes opiniões acerca de um tema; ou escrevendo um artigo maior sobre algum assunto mais aprofundado. Talvez essa pessoa compartilhe algum link vendendo algo algum dia? Sim, mas isso fica mais aceitável de acordo com o valor que foi gerado nos outros posts do público que resolveu atingir.

*E claro, existe o tipo de pessoa que não gasta tempo jogando o Jogo do Linkedin, seja porque não gosta, não curte ou pois está ocupada e tem outras prioridades – e tudo bem também. 🙂

Escolhendo jogar Jogos Infinitos no Linkedin: a escolha de ouro

Aprofundando na ideia que citei no tópico anterior, e resumindo as ideias de James Carse (1986) em “Jogos Finitos e Infinitos: Uma Visão da Vida como Jogo e Possibilidade”:

  • Jogos Finitos: Busca o poder; é teatral; necessita de um público; joga para ganhar. (ex: Lançar meu curso)
  • Jogos Infinitos: Qualquer interação autêntica e genuína; às vezes muda as regras; envolve os participantes; joga para participar e permanecer no jogo. (ex: Educar o mercado)

Os Jogos Infinitos, portanto, são os mais valiosos. E entender e saber em qual jogo você está, radicalmente muda os tipos de decisões que você toma.

Gere valor “Infinito” às suas conexões do Linkedin e gaste tempo com isso – e o tempo vai se responsabilizar por trazer os benefícios atrelados a isso, por exemplo:

  • A pessoa recrutadora, que joga Jogos Infinitos… Consegue chamar atenção para Cultura e aspectos de sua empresa, e atrair melhores pessoas candidatas;
  • A pessoa líder estratégica, que joga Jogos Infinitos… Consegue compartilhar rotina, ideias, ações da empresa e atrair melhores pessoas candidatas;
  • A pessoa querendo emprego, que joga Jogos Infinitos… Consegue chamar a atenção com conteúdos sobre aprendizados, que mostrem a vontade que tem para conseguir uma posição, e algo que possa fazer sentido para recrutadores em geral;
  • A pessoa profissional dos palcos, que joga Jogos Infinitos… Consegue deixar de lado “só vender” e passa a gerar valor e se tornar cada vez mais a pessoa que quer educar (abaixo);
  • A pessoa que quer educar, que joga Jogos Infinitos… Consegue educar as pessoas pois sente que essa é sua missão no Jogo do Linkedin. Sente a alegria de poder colaborar, e sabe que esses aprendizados podem refletir à longo prazo no seu conhecimento e das suas conexões.

Recomendo bastante o Talk de Simon Sinek sobre “Jogos Infinitos de Liderança”, que traduz bem essas ideias de forma atualizada e até mais bacana. Basta clicar aqui (10min30).

Meus 2 pedidos finais

Independente em qual tipo de jogador do Linkedin você se encaixa, independente de seus objetivos (ou se você não tem objetivo algum na rede), quis incluir 2 pedidos finais em coisas que percebo junto com algumas pessoas queridas que minha carreira teve a bondade de me apresentar:

1-Respeite o tempo de seu mentor/expert

Muitas pessoas vêem o Linkedin como uma oportunidade de se aprofundar em diferentes modelos de negócio, na premissa de: “Essa pessoa parece ser referência. Ela certamente vai me ajudar com meu desafio atual”.

Lembre que esses mentores/experts não tem obrigação e necessariamente sempre terão tempo de te ajudar, por exemplo, topando fazer uma reunião com você na mesma semana – por mais que seja algo frustrante. Essas pessoas também tem metas, são cobradas e não necessariamente tem uma agenda aberta para conexões e networking, por exemplo. E juro que não é maldade.

Para melhor jogar o Jogo do Linkedin, recomendo um artigo que publiquei de coração há algum tempo:

2-Não tenha medo de produzir conteúdo, comece!

Eu gostaria muito de ler o que você tem para compartilhar. Seja você um founder de sucesso, ou uma pessoa que está procurando emprego em início de carreira. Coragem, escreva, compartilhe, eduque suas conexões e vá pegando o gosto por isso. Não se esconda por ter medo de escrever!

Se você está lendo isso, desafio você para fazer alguma Publicação ou Artigo e me enviar aqui – vou certamente amar ler e comentar 🙂

“Acho que clareza ao escrever indica clareza de pensamento.” – Matt Mullenweg

Dicas de leitura aqui do Blog:

Acabo este post com Elis, afinal a mensagem é: “Nem sempre ganhando / Nem sempre perdendo / Mas… / Aprendendo a Jogar!”.

Que os Jogos do Linkedin possam te ajudar na vida, na carreira a ser uma pessoa mais feliz a partir das conquistas e do crescimento que você poderá obter.

Até a próxima!

Os maiores insights de Edson Rigonatti no podcast “Deep Growth”

Quando se trata de Edson Rigonatti, não são necessárias apresentações, ao menos para nosso ecossistema de tecnologia e startups.

O sócio da Astella Investimentos e investidor conversou com meu amigo Gabriel Costa (Mineiro) e com a Tahiana D’egmont no excelente Podcast “Deep Growth”.

Conversando com o Mineiro, o mesmo me disse que as indicações de livros e afins não estavam registradas. Portanto aproveitei para registrá-las e adicionar outros insights importantes que seguem abaixo:

  • Indicação de livro sobre Storytelling, já que um empreendedor de sucesso precisa saber contar histórias: Story – Robert Mckee
  • “A diferença entre uma história boa e uma ruim é que você acredita na boa” (Rigonatti)
  • O triple-triple-double-double-double começa como uma escalada ao Everest:
    • De 1.000 empreendedores com Investimento Anjo,
    • 100 chegam no Seed
    • 25 na Série A
    • 12 na Série B
    • 1 vira Unicórnio
  • Empreendedores não chegam lá por 4 fatores:
    • 25% por FALTA DE TALENTO: Pouca experiência; experiência errada; falta de gente boa no time; problemas societários. Isso é mais palpável, e dá pra perceber olhando o Linkedin e vendo as “10.000 horas” da pessoa, conversando com o time, etc.
    • 25% por QUESTÕES DE MERCADO E PRODUTO: Não tem como prever; timing; ex: Patinetes motorizados
    • 25% por POUCO DINHEIRO OU MUITO DINHEIRO: Muitas pessoas acham que muito $ não é problema mas “muita água também mata a plantinha”
    • 25% por MATURAÇÃO DO MODELO SOCIOLÓGICO: “O pai de família não vira cacique; o cacique não vira prefeito, etc.”; problemas de sócios e afins.
  • O que Astella procura ver nos empreendores, então? Alguns pontos:
    • Experiência (em todos os Podcasts que ouvi com o Rigonatti, o mesmo cita as 10.000 horas, ideia de Malcom Gladwell, no livro Outliers)
    • Se conseguiu montar um bom time
    • Se teve o cuidado e conhecimento de cuidar do CapTable
    • Se sabe contar a história de Produto
    • Se sabe conseguir dinheiro (de outros investidores lá na frente)
    • Se vai amadurecer, melhorar, evoluir, etc. (e tem desejo disso)
  • Sobre Marketing e Growth, o crescimento da empresa precisa ser orgânico. A Astella só investe em máquinas de crescimento proprietária: não dependendo de Google, Instagram, Televisão, etc. e sim a própria empresa fazer algo para gerar demanda.
  • “O B2C é mais difícil de maquinar que B2B pois é mais difuso; mas é muito mais escalável! Consumo é muito mais significativo que empresa, no ponto de vista do investidor. Mas o quesito “saber quantos vendedores tenho; produtividade média do vendedor; etc”, é mais difícil no consumo” (Rigonatti)
  • “O pessoal de B2C (consumo) precisa ter a mesma disciplina do pessoal de SaaS. Mas cada vez mais vemos as práticas de SaaS aplicadas em B2C, até porque logo logo tudo vai ser subscription ou ter algum modelo paralelo em subscription.” (Rigonatti)
  • No Podcast, Edson citou que nos Estados Unidos existe um marketing nichado, “marketing por Zip Code (CEP)”, que é realidade há mais de 5 anos. No Brasil tentamos vender nosso produto para o Brasil inteiro, e isso pode trazer consequências negativas de crescimento
  • “Na década passada, em Enterprise, vivemos a “consumerização do Enterprise”: tínhamos que desenvolver sistemas para empresas, tão legais como o Facebook, Twitter, Snapchat. Após 10 anos de SaaS, o que acontece é que agora queremos “SaaS” também na nossa vida (B2C)”. (Rigonatti)
  • “Nunca tinha lido a Bíblia, e 2021 vai ser o ano que vou ler pela primeira vez. Por exemplo, a história do Êxodo que é parecida com a história de um empreendedor – convencer um monte de gente de largar o ‘bem bom do Egito’, e ir pro deserto achar uma terra prometida que não existe e não chega! É incrivelmente parecido o desafio de Moisés e de empreendedores.” (Rigonatti)

Até a próxima!

51 perguntas para um bom Podcast

Esses dias tive uma ideia pensando essencialmente em 2 pontos:

Portanto, sabendo que quem sabe fazer boas perguntas tem o mundo em suas mãos, resolvi separar 51 boas perguntas para fazer a um entrevistado em um Podcast.

Continuar lendo 51 perguntas para um bom Podcast

Como é trabalhar em uma empresa dos Estados Unidos?

Olá!

Resolvi escrever esse post após completar 1 ano na ActiveCampaign, em outubro de 2020. Alguns meses atrasado cá estou.

Vi que muitas pessoas têm interesse de trabalhar em empresas norte americanas, dos Estados Unidos, seja para trabalhar por lá (o que é um pouco mais difícil e raro) ou para trabalhar aqui do Brasil em times de expansão (algo cada vez mais comum nos últimos anos).

Para quem não me conhece, sou do setor de Startups e Tecnologia, mas não sou desenvolvedor nem trabalho com Produto. Já estive em times de Marketing, Vendas e mais profundamente Sucesso do Cliente. Portanto escrevo os tópicos abaixo 100% enviesado no mundo de tecnologia – não sei ao certo para outros setores como as coisas poderiam funcionar.

Como fui contratado? Como foi o processo seletivo?

Dica 1: Acredito que networking vale mais do que dinheiro.

Amigos e conhecidos normalmente vão trazer grandes oportunidades de carreira e de vida, portanto nunca feche portas, nunca seja egoísta ou exclua pessoas. Quem sabe aquela pessoa insignificante e introspectiva pode ser uma pessoa fundamental na sua carreira e na sua vida por lembrar de você e abrir portas e vice-versa.

Sugiro a leitura de “Dar e Receber” (Adam Grant) que reflete bem esse ponto acima.

Falo isso pois um ex-colega que tive contatos esporádicos na empresa que trabalhávamos precisava indicar alguém como Customer Onboarding Specialist, alguém que auxilia novos clientes no uso do software. Quando ele veio falar comigo, eu nem pensava em sair da minha job atual pois era algo que eu realmente gostava de fazer e uma empresa com pessoas muito boas ao meu lado – mas eu tinha um sonho!

Meu sonho sempre foi trabalhar-conviver com pessoas de outro país, especialmente Estados Unidos por alguns motivos:

  • É o berço de grandes Startups que conhecemos
  • Networking e contatos de colegas fora da minha cidade e País pareciam fazer sentido
  • E claro, mais portas poderiam se abrir ao longo da carreira

A ActiveCampaign é uma empresa que auxilia seus clientes através de um software especializado em Automação da Experiência do Cliente. Foi fundada e tem sede em Chicago/IL, mas com escritórios em Indianápolis/IN, Dublin/Irlanda e Sidney/Australia.

Então, aceitei e participei de 3-4 etapas em um Processo Seletivo todo em inglês. Como meu inglês não estava “em dia” lembro que ensaiei MUITO antes de fazer cada etapa, inclusive paguei uma amiga professora de inglês pra simular as entrevistas previamente, e também a isso devo minha entrada na empresa.

Dica 2: Passar em processos seletivos (especialmente para empresas de fora) não é sobre “ser reativo e esperar o que a empresa vai pedir” e sim “ser proativo e se antecipar, surpreendendo a empresa positivamente”.

Como diria Marc Andreessen: “Sempre em frente . Tipo, não vamos parar . Não vamos diminuir a velocidade. Não vamos revisitar decisões tomadas no passado. Nem desconfiar.”

Como foi a entrada na empresa?

Com muita emoção recebi uma ligação e aceitei a proposta!

Informei meu ex-chefe e combinamos uma data para a viagem para Chicago/IL para as 2 semanas de Onboarding dos novos funcionários que entraram comigo.

Acontece que eu nunca tinha viajado para lá, e não tinha passaporte!

Já que sou de Florianópolis/SC, por obra divina, consegui marcar a entrevista para o passaporte em Porto Alegre/RS dias depois.

Pedi para a empresa uma carta para me ajudar com o objetivo da viagem – afinal, quem vai recusar um brasileiro que está indo trabalhar 2 semanas e volta? Com certeza isso ajudou bastante, pois vi gente sendo barrada sei lá porque e discutindo com o povo do consulado.

O passaporte chegou via correios (outra obra divina, pois às vezes as coisas não chegam!) e deu tudo certo – eu estava pronto para ir a Chicago!

Dica 3: Não pareça impressionado ou aterrorizado com a vida e nesse caso com pontos burocráticos. Procure resolver, peça ajuda pra pessoas que já fizeram isso, e as coisas vão se encaminhando. Não perca uma oportunidade dessa por parecer desesperado por causa de um passaporte, visto ou sei lá o que for.

Na ActiveCampaign eles incentivam que seu cônjuge vá junto nesta aventura, então arcamos a passagem da minha noiva mas o hotel ficava garantido para ambos, o que foi muito legal afinal é um vôo longo e para quem não é acostumado com vôos internacionais (como eu) ela foi crucial para evitar que eu aterrizasse no Alaska ou algo assim (brincadeira!).

Em um domingo de frio em Chicago, exatamente no dia da Maratona de Chicago, chegamos!

No dia seguinte encontrei meu novo amigo e colega Pablo, tomamos café da manhã juntos, e fomos para a empresa.

As 2 semanas de Onboarding foram bem “americanas”. Lá as pessoas são:

  • Pontuais: Começam tudo no horário certo e terminam no horário certo, religiosamente. Usam calendário e relógio para as coisas. Uma organização muito bacana.
  • Diretas: Não confundir “ser direto” do que “ser ríspido”. Lá eles são muito diretos para o que tem que falar.
  • Profissionais: As relações profissionais normalmente são respeitosas por lá, existe um respeito hierárquico e menos “aqui é uma família!!!”, famoso erro cometido em muitas Startups brasileiras – isso é assunto para outro post.
  • Abertas: Ao mesmo tempo a cultura da ActiveCampaign é bem receptiva! Eles ficam felizes com colegas brasileiros e até organizaram eventos para nos receber. Mas vou detalhar isso no tópico abaixo.

Como é ter líderes e colegas americanos?

a) Liderança

Se eu pudesse ilustrar liderança por lá, em uma palavra, seria “focada”.

Sinto que na ActiveCampaign temos menos eventos e menos atrativos pois no fundo não precisamos de mais um puff ou uma mesa de ping pong ou novidades e “fatos novos” mensalmente para achar uma empresa legal.

O escritório é simplesmente fantástico, mas senti que isso é um EXTRA e não um ponto FUNDAMENTAL dos benefícios de se trabalhar lá.

Subúrbio de Chicago

Pegando carona nisso, a maioria das coisas são bem claras e como falei, respeitam claramente uma hierarquia.

Meu primeiro chefe, Tad, foi um cara fantástico, disponível e destravou muitos pontos de dúvida ou eventos específicos para mim durante esse tempo. Além de gostar de NBA e ser um cara muito divertido – mas sempre profissional!

b) Colegas

Time de Customer Onboarding da ActiveCampaign

Algo muito específico e que chamou a atenção foi: todos os funcionários pedem o almoço em um aplicativo chamado Fooda, onde você tem um budget diário para gastar com almoço.

Os almoços chegam em 2 diferentes “levas”, portanto meu almoço estava me esperando com meu nome por volta das 11h30 diariamente.

Já que Chicago faz muito frio, as pessoas costumam pegar seu almoço e almoçar na própria mesa! Ir respondendo e-mails, adiantando pontos, e por essas e por outras por volta das 16h30 todos saem do escritório. 17h, 17h30 o escritório está praticamente vazio!

De qualquer forma, meus colegas sempre foram pessoas muito legais e se mostraram à disposição para ajudar no que fosse preciso. São pessoas interessadas, justas e que eu contrataria para meu time se precisasse fazer isso algum dia.

Sobre lidar com clientes, lá se dá menos importância por “gerar rapport” ou seja, “quebrar o gelo” com clientes e mais importância ao valor gerado a cada reunião. Sucesso do cliente > amizade com cliente, se eu fosse traduzir em linhas gerais – o que é diferente do nosso modo brasileiro de fazer as coisas. Não existe muito papo furado ou inútil. Eu praticamente reaprendi a fazer Sucesso do Cliente com eles.

Dica 4: Otimize tempo, sempre. Faça um cliente ser beneficiado da reunião desde o minuto 1. Se prepare para reuniões com clientes e colegas, e quem sabe, como eles falam: “Devolva alguns minutos para a vida das pessoas” ao conseguir finalizar reuniões antes do tempo.

Como se destacar profissionalmente?

Aqui há um aprendizado bem profundo.

Na minha percepção, eles esperam que você passe cerca de 95% do seu tempo buscando atingir a meta proposta. Logo, se você tem meta de número de reuniões com clientes, ou nota dada pelo cliente após reunião, de índice de retenção de clientes ou o que for – eles querem que você passe o tempo para bater meta. Para isso que você foi contratado.

Se estou participando de um projeto por conta própria e isso está tomando meu tempo, isso basicamente é problema meu! Ou seja, conheço pessoas que batem meta todo mês, são respeitadas, e não necessariamente se envolvem em ações extras da empresa, seja lá o que for.

Escritório da ActiveCampaign em Chicago

No Brasil já vi pessoas que não batiam a meta mas adoravam a empresa e a empresa as adorava, e acabam ficando tempos na empresa por isso. Lá é bem diferente.

Dica 5: Entenda exatamente qual sua meta, o que esperam de você, e gaste tempo nisso. Primeiro o essencial, depois o extra.

Agora: caso você esteja conseguindo se organizar, bater meta, que tal gastar esses 5% de tempo que sobram em um mês para se envolver com “extras” da sua job, desde que seja algo útil para a empresa?

Eles adoram quando você faz seu essencial + consegue surpreender as pessoas colaborando com outros times, treinando colegas, escrevendo artigos pro Blog, ajudando em algum problema, sugerindo coisas e por aí vai.

Diria Reid Hoffmann: “Como você sabe que tem jogadores de alto nível na equipe do seu projeto? Quando esses jogadores não apenas aceitam a estratégia que você lhes entrega. Eles devem sugerir alterações no plano com base em sua proximidade com os detalhes.”

Dica 6: Se você quer se destacar numa empresa americana, bata a meta (Dica 5) mas também pareça interessado nos “extras” que surgem como oportunidades.

Finalizando…

Voltei a Chicago mais uma vez para uma reunião geral de Vendas e Customer Success, e acredito que brevemente devemos ter um escritório da empresa aqui em Florianópolis – mas as idas para Chicago devem se manter no mínimo anuais (quando acabara pandemia), e obviamente o contato e relação com o time de lá sempre estarão presentes na nossa rotina.

Se seu sonho é seguir um caminho parecido, ou até ir trabalhar nos Estados Unidos ou outro país deste nosso planeta, seja uma pessoa interessada, boa no que faz, e constante nas entregas. Há 6 anos atrás eu iniciava no mercado de tecnologia e ia dar uma gargalhada se alguém falasse que algum dia eu estaria vivendo meu sonho dessa maneira.

Para finalizar, uma frase que gosto muito de Scott Adams:

“Se você quer uma vida mediana, bem sucedida, não é preciso muito planejamento. Apenas não se meta em confusão, estude e candidate em empregos dos quais você possa gostar. Mas se quiser algo extraordinário , você tem dois caminhos: 1) Tornar – se o melhor em uma coisa específica. 2) Tornar – se muito bom ( entre os 25 % melhores ) em duas coisas ou mais.”

A vida é muito curta pra ser pequena! Vamos em frente!

Fico à disposição para conversar sobre esse tema – me adicione no Linkedin e vamos conversar 🙂