Slater x Medina aos 27 anos: uma comparação

Estava ouvindo o último episódio de um grande Podcast, o Boia.

Boia é um Podcast feito pela lenda Julio Adler, carioca, sempre ligado ao surf e as coisas do surf.

Para mim um dos únicos que consegue conectar o Surf “contracultura” com a nova geração “Brazilian Storm” pelo simples fato dos participantes terem vivido ativamente tudo isso. Consegue trazer referências antigas, resgatar momentos, e trazer convidados que compõe muito bem a mesa, como João Figueiredo e Bruno Bocayuva.

No episódio em questão, eles comentaram sobre a idade de Gabriel Medina, 27 anos, levantando a bola sobre o que o maior campeão da história do surf, Kelly Slater, já havia conquistado com essa idade. Então resolvi me fazer a mesma pergunta: o que?

Com base no ótimo Datasurfe e outras pesquisas, apresento a tabela comparativa abaixo.

COMPARATIVOGABRIEL MEDINAKELLY SLATER
Idade atual (2021)27 anos49 anos
Idade da primeira bateria que correu na elite17 anos (2011)20 anos (1992)
Idade da primeira etapa vencida no WCT17 anos (2011 – Hossegor, França)20 anos (1992 – também em Hossegor, França)
Idade do primeiro título conquistado21 anos (2014, 3 anos após a estreia)20 anos (1992, no ano da estreia)
Aos 27 anos, quantos Pipe Masters vencidos (WCT)?1 (2018)5 (1992, 94, 95, 96, 99)
Aos 27 anos, quantas etapas vencidas (WCT)?1622
Aos 27 anos, quantos títulos conquistados?2 títulos (2014 e 18)6 títulos (1992, 94, 95, 96, 99)
Aos 27 anos, qual recorde de vitórias em 1 temporada?3 (em 2014 e 18, anos que foi campeão)7 vitórias (1996)

Os números ilustram bem a acelerada carreira de Slater e demonstram que o careca já havia conquistado muita coisa com seus 27 anos. Eram outros tempos, outro surf, outros adversários, e isso não podemos comparar, mas esses são os números que temos na mesa.

Finalizo recordando a capa da Revista Fluir de dezembro de 2011, a qual guardo em casa até hoje.

Sabemos que o menino de Maresias tem chance de bater os 11 títulos de Kelly – e especialmente quer muito isso, sempre deixou claro. Faltariam 9 títulos em cerca de 13 anos que restam para ele como competidor de alto nível na elite.

Medina certamente está no caminho certo por tudo o que vem demonstrando neste 2021 e só o tempo dirá o que vem por aí. No futuro refazemos uma comparação de ambos com seus 40, 45, 49 anos.

De qualquer maneira, com esses dois na água, vencemos nós, os amantes de Surf!

Fintechs na América Latina: 13 pontos para entender mais

Nessa semana li um grande artigo no Blog “Andreessen Horowitz”, de dois grandes investidores e mestres do mundo de Venture Capital e Tecnologia.

*Conheça mais da história de ambos aqui no Blog, em “O Lado Difícil das Situações Difíceis (Ben Horowitz) – Frases de Livros”

Pois bem, o link para o artigo completo escrito por Angela Strange e Matthieu Hafemeister é: https://a16z.com/2021/04/13/latin-america-fintech/. Pretendo nesse post trazer todos os números citados no artigo, por pontos.

Confesso que fiquei impressionado em perceber de forma mais clara ainda o enorme potencial que Fintechs (Startups que trabalham para inovar e otimizar serviços do sistema financeiro) tem aqui em LATAM (na América Latina).

Vamos aos pontos!

  • Nubank se tornou o maior banco digital do mundo com 33 milhões de clientes e um valor de mercado de US$25 bilhões
  • Em 2016, o Nubank tinha 1 milhão de aplicações e tem mais de 30 milhões de aplicações em alguns anos
  • A América Latina tem mais de 650 milhões de pessoas em 33 países. Brasil tem 210 milhões de pessoas e PIB de US$1,8 trilhões e México 130 milhões de pessoas e PIB de US$1,3 milhões
  • No México mais de 50% das pessoas não têm conta bancária, mais de 30% não tem acesso a nenhum produto financeiro e apenas 31% têm acesso a serviços de crédito
  • No Brasil e na Colômbia, mais de 33% da população não tem conta bancária – mas na Colômbia as pessoas ainda precisam visitar uma agência física para abrir uma conta, além de outros serviços
  • Para abrir uma conta no Itaú no Brasil, uma pessoa precisa preencher 26 campos o que leva cerca de 15 minutos. A aprovação da conta pode levar até 18 horas
  • A economia em LATAM depende fortemente de dinheiro vivo. No México 90% dos pagamentos são em dinheiro; no Brasil 70%. Mesmo com a crescimento do eCommerce na pandemia, o mais normal é que as pessoas façam compras online e paguem em dinheiro vivo, ainda
  • Os grandes bancos não tiveram muito incentivo para inovar, já que detém um monopólio. No Brasil, 80% dos depósitos bancários estão concentrados nos 5 grandes bancos do País. No México e no Brasil a rentabilidade do patrimônio líquido é 18% – quase 5x o de bancos da França e o dobro dos Estados Unidos
  • No México, 43% da população têm menos de 25 anos. Há 6 anos, 35% dos mexicanos tinham acesso a smartphones, hoje mais de 50%. No México, há 6 anos, a penetração na internet era inferior a 50% e hoje passa de 70%
  • O Brasil é o segundo maior mercado mundial do Whatsapp com 120 milhões de usuários
  • Sobre a regulação das Fintechs, o México saiu na frente em 2018 aprovando a Ley Fintech criando uma estrutura para encorajar a formalização da economia; aumentar a inclusão financeira e abandonar o dinheiro vivo (conter a corrupção e evasão fiscal)
  • Já o Brasil aprovou o projeto de Open Banking em 2019 e a primeira fase entrou em vigor no início de 2021. Os grandes bancos precisam participar e fornecer APIs para permitir que desenvolvedores terceirizados construam apps com os dados do consumidor (com consentimento)
  • O COVID acelerou o mercado de Fintechs em LATAM pela necessidade. Muitos consumidores experimentaram novos produtos e aplicativos financeiros. O Market Share do Varejo Eletrônico no Brasil, por exemplo, cresceu de 7,2% em 2019 para 12,6% em 2020 (de março a maio – em apenas 10 semanas!)

Para mais detalhes e acessar o artigo completo, visite: https://a16z.com/2021/04/13/latin-america-fintech/

Até a próxima!

Você é inspiração pra alguém

Fiquei pensando como começar este artigo a partir de um tema inédito neste Blog: futebol.

Há quase 30 anos atrás comecei a ler e escrever por causa de futebol, tive grandes alegrias na vida por causa do futebol e confesso que perdi bastante tempo e energia também por causa de futebol. Conseguiria escrever minha auto-biografia relacionando cada ano que passou com o acontecimento futebolístico respectivo (triste ou feliz), assim como fez Luis Fernando Veríssimo.

Já que abordo profundamente os temas de Vida e Carreira por aqui, trago uma reflexão a partir de um vídeo que foi enviado em um grupo de futebol do Whatsapp esses dias.

Douglas, um ex-jogador que jogou pelo Avaí aqui de Florianópolis numa “resenha” tomando um vinho e contando como foi malandro ao não entrar num jogo que já estavam tomando de 4 (e viriam a tomar 6). Tudo bem conversar, contar causos, todo mundo é livre. Mas o que senti foi repugnante pois sei que existem milhares de torcedores que levam tudo isso muito a sério e que pagam mensalidade. O Avai foi rebaixado naquele ano. Pagou um salário absurdo para o mesmo Douglas, poucos anos depois, contar um pouco mais sobre o quanto não se importava com praticamente nada.

O fato é que esse vídeo me deixou pensativo.

Figueroa: alguém que se importou

Cresci com meu avô contando causos futebolísticos. Bom gaúcho que é, contava como era a época do chamado “Rolo Compressor”, um dos maiores esquadrões já montados no Inter nos anos 40-50 no antigo Estádio dos Eucaliptos. Contava histórias de Tesourinha, Rui, Carlitos, personagens que rondavam minha imaginação desde quando me conheço por gente.

Mas de todas as histórias, a mais marcante é a de 1975, quando o zagueiro chileno Elias Figueroa num faixo de luz, de cabeça, botou a bola pra dentro “cumprimentou Raul” (Plasmann, então goleiro do Cruzeiro) e deu o primeiro título nacional ao colorado.

Era um tempo de um futebol clássico, gracioso, bonito de se ver. Com personagens como esses que deram o sangue e o suor pra fazer com que um time tenha conseguido emergir perante ao eixo Rio-São Paulo de títulos e conquistas, e que iniciou a jornada nacional que depois viria a ser internacional, para fazer jus ao nome do time.

Claro que é utópico achar que “antes todos eram bons; hoje todos são pessoas ruins”. Esse saudosismo não nos leva a nada. Mas que existia mais jogador que se importava com o clube, isso eu acho que posso falar.

O menino tricolor Raphael

A atitude do Douglas e de diversos jogadores como ele vão além de algo que envolve o ROI (Retorno sobre o Investimento) que um clube fez a ele. Vão além de dinheiro. Envolve uma coisa a mais chamada: infância.

Ontem me emocionei ao ver que um menino humilde do Rio de Janeiro, Raphael Magalhães, de 5 anos – que havia pintado a própria camisa do Fluminense na dificuldade de comprar uma, recebeu a camisa do time, deu uma voltinha nas Laranjeiras e ganhou uma carteirinha de sócio mirim. São coisas como essa que me fazem perceber novamente sobre o dom que o futebol tem de despertar sonhos, trazer esperança e fazer a diferença pra crianças que vêem seus ídolos na TV, no rádio ou em campo e os admiram.

O menino Raphael e outros meninos que nascem a cada dia neste Brasil de tanto sofrimento e de tanta pobreza não merecem mais um malandro, um Douglas, merecem um Figueroa. Alguém diferente, que possam se inspirar.

E o que isso tem a ver com minha carreira?

No nosso trabalho, na nossa vida e nossa carreira, ao longo dos anos, sempre existem pessoas nos admirando.

Sempre existem alguns meninos “Raphael” olhando para a gente com respeito, curiosidade, admiração e carinho – seja porque você é uma pessoa veterana, líder ou superior a essa pessoa numa hierarquia organizacional, ou porque você influencia essa pessoa por algum motivo (por exemplo: você é referência em um certo assunto, ou você é parente mais velha dessa pessoa).

Eu admiro muitos “ídolos” secretos no setor de tecnologia, os acompanho e os respeito silenciosamente. E certamente após esses anos também talvez eu seja visto dessa maneira especialmente por alunos e alunas que tenho a honra de colecionar com carinho, acho eu. Quando for pai espero que esse “admirar” dos filhos seja correspondido à altura de minhas ações.

Isso mostra que enquanto envelhecemos, carregamos com a gente uma enorme responsabilidade! A responsabilidade de sermos mais e melhores profissionais para as pessoas novatas que cruzam nosso caminho.

Que sejamos pessoas boas, éticas, verdadeiras. Que consigamos fazer o nosso melhor, fazer o bem e sempre entender que cada atitude nossa tem um impacto enorme em muitas pessoas que estão ainda “pintando sua camisa à mão” mas loucos para vestir uma “camisa oficial” de acordo com o sonho que sonharam.

E pelas nossas limitações também carregamos a possibilidade de sermos um pouco como o jogador Douglas. Nos desinteressamos ou desmotivamos num certo momento, e deixamos o desânimo nos levar, fazendo nosso trabalho por fazer ou levando nossa carreira à Deus dará. Fazendo chacota sobre momentos profissionais, chacotas sobre clientes e parceiros, chacotas com colegas e professores ou pouco se importando com as pessoas que virão depois da gente, e enfim, decepcionando e mal direcionando os mais novos. Que vigiemos constantemente nossas atitudes.

Faço 3 perguntas finais:

  • Você percebe quem são as pessoas que te admiram ao seu entorno?
  • Quem você está sendo para elas?
  • Como ser mais e melhor para conseguir influenciá-las positivamente?

Abraços!

Os 6 tipos de Product-Market-Fit

Na ótima e bem feita Newsletter “Deal Flow BR”, do Guilherme Lima da Astella Investimentos, vi esse post e achei bem interessante.

O divertido post original é esse aqui: https://foundercollective.medium.com/six-kinds-of-product-market-fit-ee41813b1cc7 da Founder Collective, e traduzo para português e para que possa enviar para empreendedores em começo de jornada. Acho que servirá mais como uma percepção criativa do que um guia completo para PMF, mas é sempre bom aprender através do senso crítico de quem realmente sabe do que está falando.

Antes de tudo, para quem é marinheiro de primeira viagem, explico o que é Product-Market-Fit brevemente:

“Product-Market-Fit significa estar em um bom Mercado com um Produto que lhe atenda”. Em outras palavras, você criou algo que as pessoas querem usar, comprar, engajar – e sua empresa cresce em consequência disso. O contrário disso seria o Produto certo no mercado errado, ou o Produto errado no mercado certo – ou pior, o Produto errado no Mercado errado.

Vamos ao artigo da Founder Collective! Boa leitura:

“Product-Market-Fit” tem uma qualidade mítica. Muitos acreditam que PMF é um dragão a ser morto enquanto você invade o castelo a caminho de tomar seu lugar na mesa redonda com Sir Elon e Lord Bezos. 

Aqueles de nós que já operaram sabem a verdade – o dragão assume muitas formas.

👻 Product-Market-Fit Fantasma

Os clientes * dizem * que adoram o produto que você descreve e prometem pagar generosamente por ele quando estiver pronto. Mas quando apresentado a um produto que difere de sua visão – mesmo que ligeiramente – seu interesse em preencher um cheque desaparece.

🇦🇺 “Não preste atenção ao homem por trás da cortina”-Market-Fit

Algumas Startups encontram o PMF antes de construir um produto. Eles acertaram em cheio a proposta de valor, mas precisam descobrir como “produzir” o processo (de maneira econômica) antes que o dinheiro acabe. Isso pode funcionar se feito corretamente.

💸 Subsídio-Market-Fit

Muitas startups “Uber for X” demonstraram PMF, mas lutaram para fazer a economia funcionar. Este pode ser o desajuste mais tortuoso porque a matemática parece * tão * parecida. Infelizmente, muitos nunca encontram o equilíbrio certo entre demanda e margens.

🏰 Comprador-Market-Fit

Em startups de B2B, geralmente há uma desconexão entre usuários e compradores. O produto foi testado e um pedido de compra está pronto… se a inicialização puder adicionar segurança, rastreamento de auditoria e alguns recursos “menores” “solicitados” pelo departamento de compras.

👏 VC-Market-Fit (é uma armadilha!)

Isso ocorre quando os VCs amam o negócio ou as credenciais do fundador (geralmente um empreendedor em série). Os fundadores geralmente sabem que não têm PMF real, mas os VCs presumem que você tenha. Os fundadores então gastam $$$. O desastre segue.

🛒 M&A-Market-Fit

Freqüentemente, os compradores em potencial de uma startup estão mais interessados ​​do que os usuários finais. Eles estão observando tendências de 5 a 10 anos, enquanto os usuários têm um foco de curto prazo. Se você puder no momento certo, poderá vender a empresa sem métricas massivas.

Conclusão: PMF não é um Santo Graal; é uma busca sem fim que assume novas formas em diferentes estágios do negócio.

Link para o post original, aqui.

Abraços!