5 lições aprendidas com o Pipe Masters 2015

Você sabia que é possível aprender com o esporte? E que tal entender lições importantes com o surf?

Ano após ano, a etapa final do WCT (World Championship Tour) é realizada no North Shore do Hawaii, em pico chamado Pipeline.

O Pipe Masters, portanto, reúne os melhores surfistas da atualidade que têm um objetivo em comum: dropar as melhores ondas.

Antes de tudo:

Quer entender a importância do Hawaii para o surf? Veja este vídeo.

Não sabe como funciona o WCT (World Championship Tour)? Veja este infográfico.

Acompanhe, a seguir, 5 grandes lições que o Pipe Masters de 2015 trouxe para a chegada de um novo ano:

1-Entender o poder da antecipação é estar à frente

O vencedor do mundial de surf em 2015, Adriano de Souza, o Mineirinho sabe bem as vantagens de se ter o poder de antecipação.

Enquanto outros surfistas se espalhavam pelo mundo, ele chegou ao Hawaii cedo. E mais: se hospedou na casa de um surfista local de Pipeline: Jamie O’Brian.

JOB, como é conhecido, é um surfista excêntrico. Patrocinado pela Red Bull, seus filmes viraram uma espécie de Jackass do surf.

O que muitos não lembram (nem eu! correção do amigo Guga Luft) é que há cerca de 6 anos atrás, Mineirinho resolveu fazer amizade e se hospedar na casa de JOB de forma antecipada. Isso se chama ambição.

Imaginem uma onda de 6 pés, descida por um bote com amigos? Ou um surf na lama? E o que dizer de descer uma onda surfando duas pranchas? Pois é, tarefa fácil para Jamie.

De qualquer forma, o ponto é que Pipeline virou o quintal de Mineirinho de forma antecipada. E isso permitiu que a familiaridade e sintonia com o pico o fizessem estar a frente.

Deu certo. Graças a um trabalho de anos, o Brasil levantou seu segundo caneco, após a vitória do paulista Gabriel Medina em 2014.

E você? Já planejou seu 2016 de forma antecipada?

Não, não me refiro a pular sete ondinhas no ano novo, ou prometer algo insustentável. Mas um planejamento completo relacionado aos negócios, a carreira, aos estudos, a vida…

Feche os olhos, e imagine você no final do ano que inicia, olhando pra trás. Quais são suas aspirações?

Quanto mais você se prepara, mais conseguirá enfrentar os desafios que virão.

2-O fim pode dar oportunidade a um novo início

Este ano não foi tão proveitoso? Ok. Lembre-se: ele está acabando!

O surfista australiano Mick Fanning sabe mais que nunca disso.

Após vencer a etapa de Bell’s Beach em seu país, ele foi surpreendido pelo ataque de um tubarão em Jeffrey’s Bay, na África do Sul.

Saiu ileso, porém com um grande susto. A etapa foi finalizada e Fanning dividiu o segundo lugar com o conterrâneo Julian Wilson.

O que ninguém lembra, é que no primeiro surf após o acontecimento, onze dias depois, uma barbatana foi avistada no mar, dessa vez na Austrália.

Tubarões a parte, o maior baque para o tricampeão mundial de surf foi a perda do irmão.

Durante a etapa de Pipeline, Mick recebeu a notícia de que seu irmão mais velho Peter havia morrido enquanto dormia, em sua terra natal. Seu outro irmão, Sean, já era falecido pois em 1998 sofreu um acidente de carro.

Continuando a surfar na etapa, e almejando o título, o sonho do tetra parou nos pés e na criatividade do atual campeão, Medina.

O ponto é: todos vivemos dores. Porém, essas dores não precisam ser estados definitivos.

O fim é destino inevitável pois faz parte do processo que nos torna humanos.

Lembro de uma anedota:

Certa vez, um velho sábio disse ao seu aluno que, ao

longo de sua vida, ele descobriu ter dentro de si dois cães

– um bravo e violento, e o outro manso, muito dócil.

Diante daquela pequena história o aluno resolveu

perguntar — E qual é o mais forte? O sábio respondeu — o

que eu alimentar.

Podemos alimentar as soluções que traremos a partir das dores vividas.

Os aprendizados que Mick Fanning teve através de suas dores com certeza o transformarão para o ano que virá.

3-Falta de vontade é apenas a ponta do iceberg

Em uma opinião pessoal, o mais talentoso surfista de minha geração é John John Florence, um havaiano de 23 anos.

Nunca ouviu falar? Veja este vídeo na clássica direita de Keramas, em Bali, que ilustra bem o que estou falando.

Existem surfistas que se destacam no free surf (prática do esporte que não envolve competição), mas não conseguem repetir a dose nas competições.

Para não dizer que esqueci, sim, ele venceu etapas épicas e uma Tríplice Coroa (premiação a parte para o melhor competidor em três etapas consequentes no Hawaii). Porém poderia muito mais.

Sonho (e não sou o único) em um John John com força de vontade a ponto de brigar pelo título e mostrar que estou errado, como estive com Medina.

Será que ele nunca estará no páreo como um competidor? Por enquanto não sabemos. O certo é que seu potencial é assustador.

O desânimo, por conta de algo que não saiu como deveria, como uma lesão, é perigoso.

Perder a vontade é perder a vitalidade.

Há algo que trava o seu potencial? Você poderia ter sido melhor no ano que passou? O que pode ter sido melhor?

Entender o que nos trava, o que nos atrapalha, e o que nos impede de ir para a frente já é o começo para a superação. 

Como não lembrar do surfista manézinho Neco Padaratz? Em 2002, na etapa de Teahupoo (no Taiti), ele quase morreu em uma bomba. Porém, três anos depois, teve a coragem de voltar para dar a volta por cima.

A força de vontade é tudo. E a falta dela pode ser muito prejudicial.

4-Gentileza gera gentileza

Já pensou quão importante seria uma parceria para seu negócio?

Como exemplo, lembro da parceria entre a empresa Resultados Digitais e a startup Rock Content. A primeira tem um software de inbound marketing. A segunda tem o marketing de conteúdo, que é a “gasolina” do inbound, como o seu carro chefe.

Imagine os benefícios de uma parceria: materiais educativos feitos em conjunto; indicações; crescimento em mútuo…

No mundo do surf, dois episódios marcaram o Pipe Masters de 2014 e 2015.

Em 2014, o surfista de Bombinhas/SC, Alejo Muniz derrotou Kelly Slater e Mick Fanning. E assim foi fundamental para a conquista de seu amigo Gabriel Medina.

Quem diria? No ano seguinte, Medina enfrentou nas semi-finais o cara que poderia impedir Mineirinho de vencer seu primeiro título: Mick Fanning (o mesmo do tubarão e da perda do irmão).

Em uma manobra incrível, que aparecerá no item 5 deste post, Medina, que fora auxiliado no ano anterior, auxiliou seu parceiro para conquistar o título.

Ouvi muito: “Medina queria almejar a Tríplice Coroa!”; “Ele simplesmente ganhou, a questão da amizade não influenciou nada”; ou até “Ele fez o que já faria”.

Porém, penso que a vontade de Medina dobrou quando entendeu que ele poderia ser uma alavanca muito grande para a conquista de Adriano de Souza.

Lembram nas aulas de biologia quando estudávamos o mutualismo? Para quem não recorda, é uma relação harmônica em que ambos se beneficiam.

Certa vez ouvi falar que somos a média das cinco pessoas que mais andamos. Se queremos andar para a frente, boas amizades podem nos auxiliar a querer mais.

Como líquens e fungos, Medinas e Mineiros, entendamos que as parcerias podem nos fazer voar mais alto!

5-A criatividade pode nos colocar no pódio dos vencedores

Nas 12 etapas do WCT temos ondas muito diferentes.

Algumas são mais tubulares (onde o surfista ganha a maior nota ao encarar um tubo) e outras mais manobráveis (onde rasgadas, aéreos e cut backs, dentre outras manobras são o principal foco dos juízes).

Sem dúvida alguma, Pipeline é uma onda completamente tubular. O problema é quando o vento muda, e os tubos vão rareando.

Na semi-final do Pipe Masters de 2015, encontramos um mar difícil de ser surfado. Medina contra Mick Fanning.

O australiano, logo no início, achou um tubo que lhe valeu 7,33. E a bateria foi rolando, mas sem tubos expressivos.

Faltando exatos 3min17seg para o fim, o brasileiro de 22 anos resolveu usar da criatividade pra voar.

Sim, a criatividade pode solucionar os maiores problemas! Medina deve ter pensado: “Os tubos não estão abrindo. Portanto, vou arriscar um aéreo”.

Um aéreo, no mundo do surf, é simplesmente um vôo sobre a onda.

Hoje em dia, com pranchas cada vez mais leves, se torna um diferencial em certos momentos.

E não é que deu certo? Ele atingiu um 6,50, e virou a bateria.

A grande lição é: até em ondas ditas tubulares podemos achar aéreos. Basta querer!

Em situações contraditórias, conseguimos dar a volta por cima utilizando de criatividade, que gera a inovação. Os juízes do WCT (por vezes) parecem gostar de inovação, assim como seu professor, seu chefe, seu diretor.

Que em 2016, consigamos:

1-Antecipar o que há por vir

2-Enxergar novos inícios na vida

3-Ter força de vontade

4-Achar boas parcerias que nos levem pra frente

5-Permitir a criatividade nas mais diversas situações

Um excelente ano!

RD Summit: O evento que não acabou

O que torna um evento inesquecível?

Suas palestras? A comida? O ambiente? Também, mas não exatamente.

Um evento inesquecível, é aquele que não acaba. Logo explico: momentos que não acabam em nossa história. Lições que lembraremos por muito tempo. Quebras de paradigma.

Digo seguramente que o RD Summit 2015, o maior evento de marketing digital do Brasil, não acabou para aqueles que lá estavam.

Tendo a grande honra de pertencer ao time da empresa Resultados Digitais, relato a seguir três grandes lições aprendidas nas percepções diante destes dias:

1.Todos tem a capacidade de tornar dos sonhos, realidades

Afinal, cada um carrega realmente o dom de ser capaz? Sim.

Se você não acredita no que faz, se ri dos próprios sonhos, ou deixa que o façam, imagine quem vai acreditar em você? Quem não acredita no mensageiro, consequentemente não acredita na mensagem.

O melhor profissional é aquele que ama e acredita na força que seu serviço tem. Na diferença que seu produto fará.

Ninguém melhor do que Henrique Carvalho, do “Viver de Blog”, para nos relembrar isso.

Em sua palestra, no RD Summit, Henrique lembrou que todos têm a capacidade de botar em prática os seus dons. Conhecimento, portanto, gera crescimento.

Para quem não conhece, ele largou tudo para literalmente viver de um blog, mesmo que tenha sido muito difícil no começo. Mas o Henrique é um daqueles caras que não tem só iniciativa, mas também “acabativa”:

“Não importa onde cada blog ou site esteja hoje. Um dia, todos eles começaram do zero.”

2.Atrás de vozes, empresas. Atrás de empresas, vidas

Isso é óbvio para o consultor “a moda antiga”. Aquele que visita seus clientes. Olha nos olhos, conhece, entende. Porém, mesmo sendo uma frase clichê, não é tão óbvio para o consultor online.

Ser um consultor online tem inúmeras vantagens: otimização de tempo, economia de gastos (gasolina, por exemplo!), maior número de clientes, etc. Apesar de tudo isso, na prática, ouvimos vozes atrás do skype.

Os encontros realizados no RD Summit foram incríveis por isso. As vozes ganharam forma.

Em época de crise, muitas empresas vêem o marketing digital como a luz no fim do túnel. E muitos deixaram a família em casa no feriado para vir a Florianópolis aprender mais sobre ações que podem dar novos rumos a seus negócios.

Wil Reynolds, um fera quando o assunto é marketing e relacionamento, nos reforçou isso em sua palestra:

“As vezes passamos muitas horas entendendo como algo funciona quando devemos pensar nas pessoas”.

3.Quem leva o “online” a sério, está (muito!) a frente dos concorrentes

O empreendedor, “aprendedor” e humorista Murilo Gun falou algumas vezes no palco principal:

“Imaginemos um funil. Quem está no Summit já está a frente. Já os que botam em prática o que é falado aqui, são mais preparados ainda. E, por último, quem realmente dá certo vem palestrar no outro ano.”

Por mais clichê que possa parecer, ainda tem empresas que não “gastam” tempo com marketing digital. É como admitir que os concorrentes devem estar na frente.

O case compartilhado por Miguel Cavalcanti surpreendeu muita gente, exatamente pois o mesmo aplica inbound para o agronegócio.

Isso mesmo! Achar que o marketing digital não se aplica ao seu negócio por conta do nicho é um grande erro. 

Já diria Zigmuth Bauman: “A vida é maior que a soma de seus momentos.”

Levemos para a vida e botemos em prática os momentos vividos no RD Summit 2015! Sucesso!

Marketing Político e o Carnaval Carioca

Política se faz em todo lugar, de todo jeito.

Imaginemos uma longa fila de carros às 18h. Horário de pico, muito trânsito e stress. Você vê duas opções: a) furar a fila para chegar mais cedo em casa; b) indagar o por que de tanto trânsito em uma via que poderia ser dupla.

Na opção a, escolhemos o individual, o que interessa somente a mim. Posso furar a fila diariamente durante anos. Já na opção b, vamos além. Podemos fazer uma reclamação, um abaixo assinado, ou algo que venha a mente para melhorar aquela situação de caos diário. Estamos pensando no coletivo.

Em ambos os casos estaríamos fazendo política.

Independente se estamos afiliados a algum partido ou não, fazemos política o tempo todo. Fazer política é construir um mundo novo, todos os dias.

Mas claro, dentro deste imenso guarda-chuva, lembramos que a política também leva em consideração o processo eleitoral que temos que passar, ou seja: popularidade, identificação e votos.

O marketing político no Brasil

No início do período republicano, o Brasil passou por um sistema conhecido como coronelismo. Ou seja, a política era inteiramente controlada por coronéis.

Fraudes eleitorais, votos de “cabresto” (votos comprados) e diversos acordos eram percebidos.

Em nosso País, portanto, começamos a pensar em marketing político como uma substituição dos antigos coronéis, após a Revolução de 1930.

Surgem as Escolas de Samba

Surgia na época o carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro, uma oportunidade ímpar de auto-promoção das elites.

Em 1934, por exemplo, o Carnaval chegou a ser antecipado para 20 de janeiro para que as escolas homenageassem o então prefeito carioca Pedro Ernesto, o benfeitor responsável por juntar a festa popular com o poder público. Neste ano, inculusive, a Mangueira ganharia seu primeiro título.

Ao longo dos anos, o Carnaval foi sendo consolidado e -direta ou indiretamente- a política sendo feita. Eis que surge a figura do são-borjense, Getúlio Dornelles Vargas.

O advogado soube como nunca perceber que o marketing político poderia caminhar com a cultura do brasileiro, que até então não era tão afirmada quanto hoje.

No ano de 1941, em uma política de boa-vizinhança com o governo americano de Roosevelt, Walt Disney se inspirou no saudoso Paulo da Portela para criar o personagem Zé Carioca, aquele papagaio malandro que representava muito bem o jeitinho brasileiro.

Durante a época da Segunda Guerra Mundial, portanto, conseguimos perceber diversos aspectos do samba como representação nacional, basta lermos os títulos dos campeonatos vencidos pela Portela de 1943 a 1947: “Brasil, Terra da Liberdade”; “Movimentos Patrióticos”; “Brasil Glorioso”; “Alvorada do Novo Mundo” e “Honra ao Mérito”.

Até hoje, ano após ano, a cultura popular das escolas de samba é sempre recriada e está sujeita ao momento político que passa. Recordo aqui de 5 sambas que souberam como nunca abordar política em meio ao Carnaval do Rio, seja através da crítica ou de apoio:

1.O Grande Presidente – Mangueira 1956

“Salve o estadista / Idealista / E realizador / Getúlio Vargas: O grande presidente de valor”

Letra: http://goo.gl/MWHDmL

Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=hIa87_OpKmM

O samba que garantiu o 3º lugar para a Mangueira foi eternizado na voz de Jamelão, dois anos após o suicídio de Getúlio. De caráter ufanista, exaltava o ex-presidente sem exitação.

Leonel Brizola, nas eleições para a presidência de 1989 (a qual teve vencedor o carioca Fernando Collor) promoveu um CD em que este samba estava presente gravado por Alcione como uma referência e homenagem a Vargas, que sempre foi sua referência maior.

2.Heróis da Liberdade – Império Serrano 1969

“Passava a noite, vinha dia / O sangue do negro corria / Dia a dia / De lamento em lamento / De agonia em agonia / Ele pedia / O fim da tirania”

Letra: http://goo.gl/lJPpp2

Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=26UyeewtxIc

Obra do compositor Silas de Oliveira, “Heróis da Liberdade” se enquadra em um dos maiores sambas de todos os tempos.

O Brasil, em plena ditadura, vivia o AI-5, Ato Instituicional nº 5, que suspendia garantias constitucionais e dava poderes supremos ao Presidente, na época Costa e Silva.

A frase “É a revolução em sua legítima razão” chamou a atenção dos militares, que sugeriram a modificação para “É a evolução…” como conhecemos e cantamos até hoje.

3.E por falar em Saudade – Caprichosos de Pilares 1985

“Diretamente, o povo escolhia o presidente / Se comia mais feijão / Vovó botava a poupança no colchão / Hoje está tudo mudado / Tem muita gente no lugar errado”

Letra: http://goo.gl/L2ZnPd

Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=cDYp_Xix2gI

O enredo político e irreverente é mais conhecido pelo refrão: “Tem bumbum de fora pra chuchu / Qualquer dia é todo mundo nu…”.

Na avenida se ecoavam saudades de um Brasil em fim de ditadura. Dois meses depois do carnaval daquele ano, faleceria Tancredo Neves devido a uma infecção generalizada.

Entraria em ação o vice Jose Sarney para estabelecer a Nova Constituição, repleta de planos econômicos e instabilidade financeira.

4.100 Anos de Liberdade: Realidade ou Ilusão? – Mangueira 1988

“Será que já raiou a liberdade / Ou se foi tudo ilusão / Será, que a lei Áurea tão sonhada / Há tanto tempo assinada / Não foi o fim da escravidão?”

Letra: http://goo.gl/z5Qq7W

Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=WySBEVaxP1M

Cem anos após a abolição da escravatura, a “Verde e Rosa” chegava para questionar quão real haviam sido os efeitos da liberdade para o negro, que ainda sofre com o preconceito e miséria.

Vale lembrar que a Mangueira apenas perdeu o título pois a Vila Isabel vinha com o arrebatador “Kizomba: A Festa da Raça”, que também tratava da questão do negro e da opressão.

5.Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia – Beija-Flor 1989

“Vibra meu povo / Embala o corpo / A loucura é geral / Larguem minha fantasia, que agonia / Deixem-me mostrar meu Carnaval”

Letra: http://goo.gl/JkSX4Q

Áudio: https://www.youtube.com/watch?v=lZHGNKeLo2o

Dessa vez, o desfile definitivamente é mais lembrado que o samba-enredo em si. O carnavalesco Joãosinho Trinta trouxe o Cristo Redentor coberto com os dizeres: “Mesmo proibido, olhai por nós!”.

Joãosinho, sempre inovador, queria vestir o Cristo como um mendigo, como uma representação da pobreza, mas foi proibido. Logo, tiveram que cobrir o carro, transformando a história em um desfile inesquecível que até hoje dá o que falar.

O certo é: a política claramente se utilizou e se utilizará da cultura popular para defender seu lado, e vice-versa.

Dizia o teólogo catarinense Leonardo Boff: “Um ponto de vista é a vista a partir de um ponto”. Aprender a olhar o mundo pelo olhar dos outros melhora nosso próprio olhar. Uma política tem que levar em conta a diversidade de pontos de vista para cumprir suas ações.

A questão da identidade (para você e sua marca)

Certa vez uma mulher estranha me perguntou no ponto de ônibus: “Você é o Fulano? Parece muito o filho de uma amiga minha”. E eu não era, apesar da convicção dela. Me limitei a dar uma resposta negativa, sem saber como discorrer o assunto.

E se fosse com você? Se algum estranho chegar para perguntar: “Afinal, quem é você”, o que você responderia? Tenho tal profissão, torço para algum time de futebol… Sou filho e descendente de tal, nasci em um lugar específico… Gosto de algum tipo de música, e tenho certo costume… Como você se auto-define?

Por vezes, somos tão diferentes de nós mesmos como dos outros (François La Rochefoucauld)

Três conceitos aqui discorridos podem ajudar a desmitificar essa questão:

     #1: A modernidade é (sim) influenciadora da identidade

O sociólogo britânico Antony Giddens traz a tona em “Modernidade e Identidade” a questão da sociedade como influenciadora. Um misto de experiência subjetiva e nossa organização social: experiências de vida, criação e até o próprio sistema político. O meio moderno, portanto, influencia e muito a questão da identidade.

Milton Nascimento lamentava: “Nada será como antes”. E ligo o sinal amarelo: cuidemos com o saudosismo! A adaptação é necessária. 

Tomemos como exemplo a educação. As aulas nos colégios são estruturadas em 50 minutos pois esse era o tempo necessário para que uma criança prestasse atenção de forma íntegra, segundo um estudo feito em 1910 pela Universidade de Chicago. Com a chegada dos smartphones, a geração Y simplesmente reduziu este tempo para oito minutos. Sim, apenas oito minutos de atenção total, e olhe lá.

Sendo assim tem-se duas opções: nadar contra a corrente da modernidade e nadar a favor. Recomendo a breve notícia “Estudantes vão poder treinar para o Enem pelo celular” , adaptação a partir da modernidade.

     #2: Tome consciência da ascese

Vinda do grego “esforço”, a palavra ascese nos ajuda a entender que o novo deve crescer. Isso, o novo!

Recordam da cantiga de Dorival Caymmi que embalava a antiga novela “Gabriela”? “Eu nasci assim, eu cresci assim / Eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim”. Muito cuidado! A identidade é construção e não conformação.

Por isso, não se espante em um encontro de vinte anos de formatura se o churrasqueiro da turma agora é vegetariano. Ele, em um trabalho ascético (biológico, psíquico e espiritual) deixou o seu novo “eu” crescer. Acontece.

     #3: Conhece-te a ti mesmo

A frase atribuída ao pensador grego Sócrates não poderia servir melhor. Temos que entender a importância do auto-conhecimento. Quantas vezes você parou para pensar a quantas anda a sua vida? Longe do ruído do dia a dia, digo.

Olhar para si e entender o que precisa ser mexido e alterado, e o que precisa ser preservado é um exercício de muito valor.

As marcas, da mesma forma que o ser humano, necessitam construir sua identidade. Me restrinjo aqui a tratar de 3 identidades que uma marca pode repensar, admitindo a infinidade e profundidade que esse assunto poderia nos trazer, quando tratado de forma completa.

     Identidade visual: personalidade própria

O grande objetivo da identidade visual é deixar as pessoas com a sua marca em mente, quando precisarem de algo no segmento. A identidade de uma marca precisa ter personalidade própria.

Acha desnecessário para o seu negócio? Pois então: o Brasil é o segundo país do mundo a mais lançar produtos no mercado. Mais de um milhão de empresas abriram só em 2014.

Mas não, não basta contratar um designer e esperar sentado. Se faz necessário um trabalho em cima do briefing do negócio: missão, produtos e serviços prestados, o diferencial diante dos concorrentes, o posicionamento da marca, as personas…

Apesar do trabalho a longo prazo, a identidade visual traz os estímulos necessários para que o cliente saia da zona de conforto e opte pela sua marca.

Como exemplo, confira aqui a evolução do símbolo da Rede Globo, de 1965 até 2014.

     Identidade na era digital: produção de conteúdo relevante

Pergunte a algum amigo ou conhecido a quantas anda o seu negócio ou empreendimento. A resposta pode surpreender. Resultará em um longo papo, ainda mais se você demonstrar real interesse.

Seja num almoço, num bar ou no meio da rua: se parássemos para gravar este papo juntaríamos um extenso conteúdo.

Advogados contariam de casos extraordinários, nutricionistas admitiriam que o fato novo é a comida sem-glúten. Já os comerciantes desabafariam sobre a crise que assola o País.

Agora, imagine juntar esse conteúdo para escrever sobre ele e criar um blog no website de seu negócio. Sim, um blog!

A máxima é: quem trabalha em algo que ama é, naturalmente, um entusiasta do assunto. Ou seja, todo aquele conteúdo brilhantemente narrado em uma conversa ao acaso poderia ser escrito e, se planejado, ajudar a melhor “rankear” de forma orgânica seu site.

Trace uma estratégia de conteúdo que lhe seja interessante.

Duvida? Este cara aqui quadruplicou o número de processos mensais, a partir de um planejamento de conteúdo para seu website.

     Identidade para fugir do oceano vermelho: quebra de paradigmas

O livro “Blue Ocean Strategy” de Mauborgne e Kim nos dá uma noção inteligente da construção de identidade.

Eles escrevem sobre a importância de armar uma estratégia para tornar a concorrência irrelevante. Em resumo, existem empresas que navegam em oceanos azuis (onde navegamos tranquilos) e outras em oceanos vermelhos (de tanto “sangue” derramado numa verdadeira guerra de concorrências).

E, acreditem, o que falta na maioria das vezes é coragem. Quebrar um paradigma que permita a busca pelo novo é mais difícil do que se contentar em um oceano vermelho, seguro, porém com perspectivas de lucro e crescimento menores.

Quer um exemplo? Recordemos o case da Gol Linhas Aéreas.

Em janeiro de 2001 ela nascia com um valor muito abaixo do setor: 20 milhões de reais. Apenas cinco anos depois, estava avaliada por 12 bilhões! Ou seja, teve um crescimento de 17 vezes.

Se a Gol fosse uma pessoa e lhe perguntassem: “Cá entre nós, quem é você?”, ela poderia muito bem responder: “Olha, entendi que tinha pontos fortes (preço baixo) e fracos (nenhuma experiência). Depois fisguei os clientes exclusivamente pela internet em tempos onde as pessoas não tem muito tempo. Para finalizar, resolvi botar muitos aviões, em promoção, para levantar vôo de madrugada, enquanto o resto do povo mantinha as naves no pátio”.

Quebrar paradigmas pode nos fazer voar longe. Parafraseando um ditado árabe: “Homens são como tapetes. Às vezes precisam ser sacudidos”. Negócios também!


Construa sua identidade. Seja único! E entenda que seu negócio pode traçar o mesmo caminho, basta não ter medo do sucesso.